Lenda
de Nª. Srª. da Arrábida
[…]
«Mas
mal chegaram
onde
devia
poisar
Maria
arrecuaram
d’espanto.
A
doce imagem
Desapar’cera
mai-lo
seu manto
e
a marinhagem
que
a fé pusera
na
Virgem Mãe
- Supremo Bem -
jaz
muda e queda.
Mas
eis, lá fora,
o
Vento pára,
o
Mar se queda.
Bendita
hora!
- Milagre!, exclama
a
marujada
e
já a chama
da
Fé sagrada
mais
aumentava
nos
corações.
Rudes
bretões
olham
o Mar:
parece
um lago;
e
o Ventar
é
mais afago,
é
mais carícia;
e
a montanha
uma
delícia
que
o bom Sol banha.
Mas,
nisto, vê
o
capitão
‘ma
luz, que crê
ser
ilusão
da
sua vista,
por
sobre a Serra.
É
mais ‘ma estrela
caída
à Terra
a
luz tão bela
que
ele avista.
E,
num barquinho,
lá
vão, lá vão;
descem
na areia
que
é branco linho,
na
Serra são
num
instantinho.
E
a luz tão bela
que
eles cuidaram
ser
Lua Cheia
ser
uma estrela
eles
julgaram...
Pasmai!
Pasmai!
que
eles pasmaram
também.
Olhai!
Olhai!
A
luz que via
a
marinhagem,
a
linda luz,
era
a imagem
da
Virgem Mãe
do
bom Jesus,
Santa
Maria,
que
lhes fugira
do
batelão;
na
Serra a vira
o
capitão!
E
no lugar
onde
apar’cera
a
Virgem Bela
fez
Hildebrando
uma
capela.
E,
p’ra pagar
prova
tamanha
que
Deus lhe dera
do
seu poder,
passou
orando,
a
agradecer,
nesta
montanha,
o
que restava
da
sua vida,
que
ele cuidava
a
Deus devida».
Arrábida, dia 9 de Janeiro de 1942
In
Sebastião da Gama, Lenda de Nª. Srª. da Arrábida, Associação Cultural Sebastião
da Arrábida, nos 90 anos de Sebastião da Gama, 2014.
Cortesia
da ACSdaGama/JDACT