Verdadeiras
emergências globais
«(…) O alarmismo
ambientalista em geral, e o aquecimentismo
em particular, têm contribuído para desviar as atenções das verdadeiras
emergências mundiais, que não existem apenas em modelos matemáticos
computadorizados e são ameaças reais e presentes, que estão a exigir acções
urgentes em um novo nível de cooperação e coordenação internacional, motivado
por um Princípio do Bem Comum, e não pelos habituais interesses
corporativos e hegemónicos das grandes potências. Os problemas ambientais mais
sérios do mundo, particularmente nos países em desenvolvimento, são os
relacionados à escassez de infra-estrutura de água e saneamento básico, como a
poluição hídrica e as doenças transmitidas pela água (que, segundo o UNICEF,
matam uma criança a cada 15 segundos em algum lugar do mundo). No Brasil, menos
da metade da população tem acesso à rede de esgotos: a contaminação da água e a
falta de saneamento são responsáveis por 63% dos internamentos pediátricos e
30% das mortes de crianças com menos de um ano de vida. Uma pesquisa efectuada
em 2007 pelo British Medical Journal
entre médicos de todo o mundo apontou por larga margem o saneamento como a principal
conquista da medicina nos últimos 150 anos, um privilégio ainda fora do alcance
de mais de 40% da população mundial.
A falta de acesso a
fontes energéticas modernas por grande parte da população mundial. Na África,
90% da população têm as suas necessidades diárias atendidas pela queima de
esterco e lenha, os combustíveis mais primitivos conhecidos pelo homem. Embora
com números menores, o mesmo ocorre em grande parte da Ásia, América Latina e
Caribe. Como 80% do consumo mundial de energia primária é atendido pelos
combustíveis fósseis, não é difícil antecipar as consequências potenciais das
restrições aos seus usos. Ademais, tais combustíveis são usados para gerar
cerca de dois terços da electricidade do planeta, sendo o resto proporcionado quase
totalmente por centrais hidro-eléctricas e nucleares (ambas, também crescentemente
na mira dos ambientalistas). Até à segunda metade do século, dificilmente, os
combustíveis fósseis perderão a sua importância. A fome e suas consequências
matam uma criança a cada seis segundos, segundo a FAO. Cerca um bilhão de pessoas
em todo o mundo padecem de fome crónica, quadro que certamente se agravará com
a presente crise económico-financeira mundial. Além do imoral desperdício de
vidas produtivas, o custo económico anual de semelhante tragédia, em perdas de
produtividade, rendas, investimentos e consumo, é estimado entre 500 bilhões e
um trilhão de dólares. E quando foi a última vez que alguém viu grandes ONGs
ambientalistas (WWF, WRI, UICN, Greenpeace, International Rivers Network etc.)
e/ou a comunicação social fazendo campanhas ruidosas em prol do saneamento
básico ou da electrificação em massa da África, Ásia e América Latina?
Conclusão.
É preciso despolitizar a Climatologia
Antes que o aquecimentismo transformasse a
Climatologia em uma ciência politizada,
os períodos mais quentes que o actual costumavam ser chamados óptimos climáticos, pela constatação de
que não só a biosfera, mas a própria Humanidade, têm se adaptado mais
confortavelmente aos períodos mais quentes do que aos mais frios. De facto, o
frio é muito mais problemático para as actividades humanas que o calor, como se
constata facilmente na agricultura, saúde pública e outras áreas. Aliás, é
possível que os problemas causados pelo clima nas próximas décadas sejam,
precisamente, na direcção oposta à alardeada pelos aquecimentistas. De facto, as evidências mostram que o aquecimento
atmosférico verificado a partir de meados da década de 1970 finalizou em 1998
e, desde então, a tendência tem sido de uma ligeira queda das temperaturas
globais, a qual poderá se acentuar devido a uma combinação de actividade solar
fraca e uma fase de arrefecimento do oceano Pacífico (que cobre 35% da
superfície terrestre). Se tal tendência se confirmar, as temperaturas mais
baixas poderão acarretar sérios problemas para a agricultura mundial, num mundo
em que os excedentes de produção de alimentos passaram a se concentrar em
alguns países e no qual as antigas políticas nacionais de segurança alimentícia
passaram a ser consideradas distorções de
mercado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Assim sendo, pode ser
que em poucos anos estejamos realmente sentindo saudades do aquecimento global».
In
Geraldo Luís Lino, Comunicação, 2009, Alguns factos básicos sobre mudanças
climáticas, autor do livro A fraude do
aquecimento global: como um fenómeno natural foi convertido numa falsa
emergência mundial, Capaz Dei, 2009, Oikos, Volume 9, Rio de Janeiro, 2010,
ISSN 1808-0235.
Cortesia de
Oikos/JDACT