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A
verdade sobre os Templários
«(…)
Eles cresceram tanto, que há nessa ordem actualmente, escreveu Guilherme de
Tiro em algum momento entre 1170 e 1174, cerca de 300 cavaleiros que usam
mantos brancos, além dos irmãos, muito numerosos. Dizem que eles têm imensas
posses tanto aqui como no exterior, de forma que não há hoje uma única
província no mundo cristão que não tenha concedido aos tais irmãos uma parcela
de seus bens. Dizem que sua riqueza é tão grande quanto os tesouros dos reis. Os
templários tornaram-se tão ricos e poderosos, observou Guilherme, que se
tornaram extremamente problemáticos. Seu líder nessa época era Jacques de
Molay. Nascido em 1244 em Vitrey, França, entrou para os Cavaleiros Templários
em 1265, com a idade de vinte e um anos. Depois de subir rapidamente na
hierarquia, passou muito tempo na Grã-Bretanha. Por fim, apontado como visitante
geral e grande preceptor de toda a Inglaterra, tornou-se chefe da ordem após a
morte de seu vigésimo segundo grão-mestre. Então se mudou da Inglaterra para
Chipre. Foi aí, no Outono de 1307, que se viu chamado de volta à França por
ordem do rei Filipe IV, conhecido como o Belo, e do papa Clemente V.
Acredita-se que a convocação foi resultado do medo real e papal e inveja do
poder e riqueza dos templários. Outra explicação é que Filipe, o Belo estava
tão profundamente endividado com os templários que decidiu que a única maneira
de resolver o problema era eliminando a ordem.
Na sexta-feira, 13 de Outubro de 1307, funcionários da
Corte de Justiça do rei entraram no quartel-general dos templários em Paris e
prenderam os cavaleiros. Presos e torturados, foram obrigados a confessar
heresias, entre elas a adoração do demónio e perversões sexuais. Foi-lhes
oferecida a escolha entre a renúncia ou a morte. Apesar de ter confessado sob
tortura, De Molay rapidamente renegou a renúncia. Condenado com outro
templário, foi levado para uma ilha do rio Sena, à sombra da Catedral de
Notre-Dame, e queimado em 1312. Existe uma lenda segundo a qual, enquanto as
chamas cresciam ao seu redor, ele profetizou que o rei e o papa morreriam em um
ano. A profecia se realizou. Mas antes de morrer, o papa dissolveu a ordem e
avisou a todos os que ousassem pensar em se juntar aos templários que seriam
excomungados e condenados como hereges. Apesar da decisão do rei Filipe e do
papa Clemente de erradicar os templários, alguns conseguiram escapar e,
acredita-se, estabeleceram a ordem na Escócia. Hoje a Ordem dos Cavaleiros
Templários sobrevive como filiada da Maçonaria.
Embora
os arquivos do Vaticano e os volumes de história europeia contenham inúmeros relatos
em que se cruzam os objectivos de reis e papas, e até casos de conspiração,
nada se compara ao acordo feito entre o papa Clemente V e Filipe, o Belo para
encobrir a avareza com o manto da religião. O facto de Clemente reconhecer a
ilegalidade das acusações de heresia contra os cavaleiros templários foi registado
em um documento colocado nos arquivos secretos do Vaticano, e lá permaneceu por
sete séculos. Para espanto dos historiadores, em 2007 o Vaticano anunciou que
publicaria 799 cópias com detalhes dos julgamentos dos templários, Processus Contra Templarius, que
pretendia vender por cerca de 8 mil dólares norte-americanos. A compilação
gigantesca viria em encadernação luxuosa de couro, com reproduções detalhadas
dos documentos originais em latim sobre os julgamentos. A colecção de documentos
incluía o Pergaminho de Chinon, cidade francesa onde foram realizados os
julgamentos, que registava por que o papa Clemente V havia dissolvido a Ordem
dos Cavaleiros Templários e emitido mandados de prisão para todos os membros. O
pergaminho havia sido descoberto nos arquivos secretos do Vaticano em 2001 pela
professora Barbara Frale. Eu não conseguia acreditar quando o encontrei, ela
disse. O papel foi colocado em um arquivo errado no século XVII. O documento
(…) revela que os templários tinham uma cerimónia de iniciação que envolvia cuspir
na cruz, negar Jesus e beijar a lombar, o umbigo e a boca do homem que propusesse
sua filiação. Os templários explicaram ao papa Clemente que a iniciação imitava
a humilhação que os cavaleiros poderiam sofrer se caíssem nas mãos dos
sarracenos, e a cerimónia do beijo era um sinal de completa obediência. O papa
concluiu que o ritual não era realmente blasfemo, como alegava o rei Filipe ao
prender os cavaleiros. No entanto, foi forçado a dissolver a ordem para manter
a paz com a França e evitar um cisma na Igreja. Isso prova que os templários
não eram hereges, disse a professora Frale.
O
documento contém a absolvição dada pelo papa Clemente V ao grão-mestre do Templo,
Jacques de Molay, e aos outros chefes da ordem, depois que eles se mostraram
arrependidos e pediram para ser perdoados pela Igreja. Após a abjuração formal,
obrigatória para todos aqueles que fossem simplesmente suspeitos de crimes
ateístas, os principais líderes da Ordem dos Templários são restabelecidos na
comunhão católica e readmitidos para receber os sacramentos. O documento trata
da primeira fase do julgamento dos templários, quando o papa Clemente V ainda
estava convencido de que talvez conseguisse garantir a sobrevivência da ordem
militar-religiosa e atender à necessidade apostólica de remover a vergonha da
excomunhão dos membros religiosos e guerreiros, causada por sua negação de Jesus
Cristo quando torturados pelo inquisidor francês. Como confirmam várias fontes
contemporâneas, o papa havia apurado que os templários estavam envolvidos em
algumas formas graves de imoralidade, e então planeava uma reforma radical da
ordem para depois fundi-la com outra ordem militar-religiosa. (…) O Acto de Chinon,
requisito para a realização da reforma, permaneceu, entretanto, letra morta. A monarquia
francesa reagiu iniciando um mecanismo de chantagem, que teria obrigado Clemente
V a tomar uma decisão final durante o Concílio de Viena (1312). Incapaz de se
opôr à vontade do rei Filipe, o Belo, que ordenara a eliminação dos templários,
o papa ouviu a opinião dos padres conciliares e decidiu abolir a ordem. (…)
Clemente afirmou que essa decisão sofrida não equivalia a um acto de condenação
da heresia, que não poderia ser alcançada com base nos vários inquéritos
realizados nos anos anteriores ao concílio. De acordo com o pontífice, o
escândalo criado com as vergonhosas acusações contra os cavaleiros templários
(heresia, idolatria, homossexualidade e comportamento obsceno) teria dissuadido
qualquer um de usar o hábito templário, e por outro lado, o atraso em uma decisão
sobre essas questões produziria o desperdício da grande riqueza que os cristãos
da Terra Sagrada haviam oferecido aos templários, encarregados de ajudar a
combater os inimigos da fé da Terra Sagrada. A consideração atenta desses
perigos, junto com a pressão dos franceses, convenceu o papa a abolir a Ordem
dos Cavaleiros do Templo. A absolvição do papa Clemente não teve valor terreno para
De Molay. Pelos pecados e crimes cometidos contra Deus e a Igreja, que ele
confessou sob tortura, foi condenado à fogueira. Outros templários também foram
executados, e seus tesouros foram confiscados pelo rei Filipe. Após a
publicação do documento de Chinon, o London Daily Telegraph noticiou que a Associação
Ordem Soberana do Templo de Cristo havia entrado com um processo na Espanha
exigindo que o papa Bento reconhecesse o confisco dos bens dos templários no
valor de 100 bilhões de euros. O grupo dos templários com sede na Espanha
declarou: não estamos tentando provocar o colapso económico da Igreja Católica
Romana, mas demonstrar para a Corte a magnitude do complô contra a Ordem». In
Paul Jeffers, Mistérios Sombrios do Vaticano, 2012, tradução de Elvira
Serapicos, Editora Jardim dos Livros, 2013, ISBN 978-856-342-018(7)-3(6).
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