Cortesia
de wikipedia e jdact
Com
a devida vénia ao Mestre Hugo Calado
O
castelo de noudar e a defesa do património nacional
O espaço de Noudar. Enquadramento geográfico
e geológico
«(…) A antiga povoação de Noudar
e o seu castelo situam-se no local da Herdade da Coitadinha, no Baixo Alentejo,
distrito de Beja, concelho de Barrancos, localidade da qual dista cerca de doze
quilómetros em direcção a noroeste. O local é apontado como denominação antiga
do concelho de Barrancos. O sítio da antiga vila é definido por um recinto de
muralha de cerca de 12 800 m2 de área, situado numa elevação de cerca de 265
metros acima do nível do mar, entre o Rio Ardila e a Ribeira da Murtega.
A hidrologia, num sítio onde a terra não é propícia à agricultura, como veremos
mais adiante, tem aqui um papel importante, pois toda a região é muito seca.
O Ardila (ou Ardilla), nasce em
Espanha, percorrendo cerca de sessenta quilómetros de percurso em Portugal,
servindo de fronteira durante aproximadamente quinze. É na sua passagem por
Noudar que recebe, na sua margem esquerda, a ribeira da Murtega, passando cerca
de quatro quilómetros ao norte de Moura, indo desaguar no Guadiana. A ribeira
da Murtega nasce junto à fronteira espanhola e atravessa o concelho de
Barrancos. Há referências antigas à existência de peixe nestes dois cursos de
água, o que poderia ser um bom auxílio para a economia local.
No que concerne ao seu substrato
geológico, não existindo carta geológica publicada para a zona de Noudar e seus
arredores, temos que trabalhar por aproximação a partir das cartas geológicas
de Portugal 1/200.000 (Barrancos) e 1/50.000-44B (Barrancos). Em toda a área de
Barrancos, existe uma grande concentração de xistos de várias cores (cinzentos,
esverdeados e violetas), a chamada Formação de Barrancos, uma formação
geológica que cobre uma grande parte do solo envolvente desta localidade. O
espaço de Noudar é, pois, um local de ambiente geológico xistoso. O sítio é
referido como estando localizado numa zona onde existe um complexo
xisto-grauváquico.
O
castelo de noudar e a defesa do património nacional
Os
solos e sua capacidade de utilização
Os solos de Noudar e suas
imediações são caracterizados como Litossolos (ou esqueléticos) de xistos ou
grauvaques, os tipos de solos predominantes entre a Ribeira da Murtega e o Rio
Ardila. A Nordeste, até ao Rio Ardila e à fronteira definida por este curso de
água, existem duas pequenas faixas de solos mediterrâneos vermelhos ou
amarelos, estes já diferentes e com mais capacidades, as quais serão referidas
mais à frente. O território entre a confluência da Ribeira da Murtega e o Rio
Ardila, até mais a oriente, à fronteira com Espanha, possui um solo
maioritariamente de características xistosas.
Mais a Noroeste, junto à
fronteira luso-espanhola, predominam ainda os solos de xisto, pelo que podemos
constatar que a região da raia alentejana é uma zona onde a formação geológica
dos xistos tem predominância. Os xistos são rochas escuras, bastante compactas,
e de pouca permeabilidade, sendo o espaço de Noudar bastante seco. Estes solos xistosos,
da perspectiva do seu uso e capacidade produtiva, são considerados como solos
de classe E, não sendo susceptíveis de utilização agrícola, tendo limitações
severas para pastagem e exploração florestal, podendo servir apenas para
vegetação natural. A espessura reduzida e a elevada salinidade ou alcalinidade
podem ser causas para condicionamentos no uso dos terrenos, onde só a vegetação
natural consegue manter-se. A vegetação como a esteva, ligada às terras pobres,
onde as formações xistosas estão em maioria, é uma dessas presenças vegetais
nas planícies do sul de Portugal.
Na
zona de Mourão, são igualmente os solos de classe E que predominam. Junto ao
rio Ardila, existem já terras passíveis de cultivo, sendo considerados como
solos de classe B, com capacidade de uso agrícola elevado, riscos de erosão
moderados e com possibilidades de utilização agrícola intensiva, entre outras
utilizações, como a pastagem permanente, que é pouco comum no Sul do país, mas
estas duas faixas de terreno junto ao Ardila são férteis. Existindo este tipo
de terras tão junto de dois cursos de água, podem sofrer inundações em períodos
de maior pluviosidade, o que afecta beneficamente as culturas, embora também
exista a possibilidade de serem afectados por deficiência de água em períodos mais
secos». In Hugo Miguel Pinto Calado, A Raia Alentejana Medieval e os Pólos de Defesa
Militar, O Castelo de Noudar e a Defesa do Património Nacional, Tese de Mestrado
em História Regional e Local, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras,
Departamento de História, 2007.
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