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de wikipedia e jdact
Com
a devida vénia ao Mestre Hugo Calado
O
castelo de noudar e a defesa do património nacional
A
Fixação de uma Comunidade Humana. Outros factores
«(…) Nesta situação, o castelo de
Noudar serviria como um centro ordenador e controlador de rebanhos, pois a
passagem dos mesmos não deveria ser descuidada, havendo mesmo queixas aos
monarcas portugueses por parte dos criadores em Portugal (o rei João II recebeu
queixas nas cortes de Évora de 1481-82 do excesso de rebanhos castelhanos nos
campos do Alentejo, que acabavam com os pastos), podendo haver então um limite
à entrada de gados castelhanos em Portugal. O controlo da entrada e saída dos
rebanhos de Portugal era muito importante, caso se verificasse algum furto ou
que em algum rebanho castelhano fossem animais comprados em Portugal, sem as
condições especiais em que um estrangeiro teria a mesma oportunidade de um
natural, situação que os Alcaides das Sacas e Contadores de rebanhos precaviam,
controlando a entrada e saída de rebanhos do reino.
A transumância fazia da raia um
local de importância fulcral para a economia do reino, devido à importância que
a actividade ganadeira tinha, não só a nível local, como também a nível
nacional, sendo protegida pelos monarcas. A questão das entradas de rebanhos no
reino deveria ser controlada, para evitar roubos e negócios duvidosos de venda
de gado, e aqui Noudar desenvolveria um papel importante neste controlo. Podemos
considerar que a pastorícia é uma actividade importante nos terrenos pouco
férteis, e na economia dos reinos em geral, pois é uma alternativa aos terrenos
pouco férteis, e é uma actividade que pode ter interferência do poder central
ou não. Devido à relativa proximidade geográfica da região raiana portuguesa com
a zona mediterrânea, podemos eventualmente dizer que as influências mediterrânicas
se fazem sentir nesta zona nos seus mais diversos aspectos, tais como o clima,
culturas, manto vegetal, pastoreio, modo de vida, etc. Aqui a produtividade é
tudo (ou quase tudo) de acordo com o que a natureza oferece, estando o espaço
em estudo incluído numa grande área territorial com o mesmo conjunto de
paisagens, com características mediterrâneas.
Não estamos perante uma zona de
grande densidade populacional, com uma economia baseada na agricultura mas
antes numa região periférica longe do poder central, embora a presença de gados
transumantes na zona de Noudar possa indicar a integração do local na dinâmica
directa entre poder central e estruturas periféricas, no sentido em que o
centro, como entidade essencialmente activa é promotor de uma actividade
económica, esta de importância crucial na economia local, pois estamos perante
um espaço que está longe do mar e a uma distância considerável de grandes
centros urbanos. Noudar está, de facto, durante época islâmica, e
posteriormente em época cristã, longe de grandes centros polarizadores do
Andaluz, como Beja, Sevilha, Silves ou Niebla, devido ao seu carácter rural. É
portanto, uma região pobre em actividades produtivas, no entanto não deixa de
ser um espaço de entrada sazonal, onde, nos séculos XV e XVI, havendo três
grandes zonas de entrada de gados castelhanos em Portugal, e uma delas era o Alentejo,
o campo de Noudar era uma das passagens alentejanas para o reino português, e
daí os rebanhos dirigiam-se a Moura, tendo Noudar aqui bastante importância, em
termos de fiscalização, e também eventualmente em entrada de produtos em
Portugal, vindos com a deslocação de rebanhos, pelo que teria também uma função
de fiscalização comercial.
A agricultura é a base da
economia mediterrânea e portuguesa, sendo que as boas terras das planícies
mediterrânicas cedo atingiram alto valor cultural e forte densidade
populacional, o que não é o caso nas planícies que envolvem o castelo de
Noudar. No entanto, mais a oriente, o território de Beja, na Idade Média, possuía
uma grande extensão de terras argilosas, os chamados barros de Beja, terras que
tinham boas condições para a plantação cerealífera. Produziam-se em Beja
grandes quantidades de trigo, que poderia ser utilizado para panificação, uma
actividade que era dominante nesta zona. Tudo isto contrasta com as terras
xistosas e pouco férteis da raia luso-castelhana, onde a agricultura não
possuía bons campos para se implantar como actividade produtiva dominante, durante
a Idade Média». In Hugo Miguel Pinto Calado, A Raia Alentejana Medieval e os Pólos de
Defesa Militar, O Castelo de Noudar e a Defesa do Património Nacional, Tese de
Mestrado em História Regional e Local, Universidade de Lisboa, Faculdade de
Letras, Departamento de História, 2007.
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