segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Páginas Desconhecidas: O Golpe Militar de 19 de Maio de 1870. «A República. Fora da República, o mundo político oferece ao povo; hoje a incapacidade, amanhã a bancarrota, depois a anarquia, depois, depois… Quem sabe dizer o que virá depois?»


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(continuação)

«Para ele serão as mesmas exigências duma política de contradição, a que se votará à nascença. Encontrará os mesmos prejuízos, que a sua origem o obrigará a respeitar. Será tão incapaz, tão ininteligente e tão corrupto como os seus antecessores. Que resta, pois? Fora dos governos legais e das ditaduras constitucionais, o que resta? Sair do Constitucionalismo.
Sair francamente, radicalmente, sem transigências, sem contemplações do funesto ‘regimen’, que não sabe senão comprometer, desacreditar, anular as melhores vontades, que uma fatal ilusão leva a abraçar-se com ele.
Sair do equivoco, dos meios termos, dos sofismas oficiais, para a grande luz do céu democrático, para o ar livre da vida popular.
Sair, - para a República.
A situação é claríssima. Temos a inapreciável felicidade de encontrar nos factos, nos factos palpáveis do dia, os melhores argumentos da nossa causa. A impotência dos governos legais, de um lado, do outro a impotência da ditadura, são as premissas oficiais de que o espírito público tira sem esforço, naturalmente, como que instintivamente, esta conclusão:
  • A República. Fora da República, o mundo político oferece ao povo; hoje a incapacidade, amanhã a bancarrota, depois a anarquia, depois, depois… Quem sabe dizer o que virá depois?
Conclusão do artigo de “A República”, 1870, nº 7.

Da Moral religiosa entre os Gregos
Mitologia
O nome de gregos, dizia Isócrates, designa menos um certo povo do que uma sociedade de homens educados e polidos; e melhor todos os que participam da nossa civilização, do que os que partilham a mesma origem.
Até que ponto é exacta esta afirmação? Apresenta de facto a Grécia antiga uma unidade de raça selada com um mesmo cunho de criações instintivas, por toda a parte irmãs? Ou foi, como diz Isócrates, um império e não uma nacionalidade? Nas agremiações políticas dos povos podem, com efeito, distinguir-se estas duas classes: As Nações e os Impérios. O tipo de Império, tal como no-lo deram na história antiga os romanos, e na moderna os alemães ou os ingleses, agregações etnológicas inorgânicas, determinadas por um princípio de moral ou religiosa ou política, difere profundamente do outro tipo, de Nação, que é a unificação de todos os representantes de uma mesma individualidade etnológica num corpo político, com são hoje a Itália, a Espanha, a França e a Alemanha.
Contestar a irmandade de origem de todas as populações que no período das migrações assentaram na Grécia, é coisa que o estado da erudição histórica não autoriza; mas essa mesma erudição nos permite observar as profundas diferenças que entre si distinguiam as regiões gregas. Quem olhar para a Grécia, especialmente nos períodos que antecedem as guerras médicas, há-de por força reconhecer uma situação análoga ao que ofereciam na Idade Média as nações chegadas hoje a um estado de unidade proximamente completa. Entretanto a Espanha, por exemplo, unificada por meio de revoluções sucessivas, foi por muitos séculos um verdadeiro feixe de nacionalidades, cujos traços característicos, mal apagados ainda, não é difícil descobrir (245)». In J. Oliveira Martins, Páginas Desconhecidas, O Golpe Militar de 19 de Maio de 1870 e a Ditadura de Saldanha, Seara Nova 1948, Lisboa.

continua
Cortesia de Seara Nova/JDACT