segunda-feira, 25 de março de 2013

A Vida Quotidiana no Egipto no Tempo das Pirâmides. Guillemette Andreu. «Já nestes tempos os reis se sucedem de pai para filho, celebram o jubileu, a festa Sed, e ostentam alternadamente os símbolos do Alto e do Baixo Egipto. No final da II dinastia, a monarquia faraónica controla o Norte e o Sul do país»

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Os tempos pré-dinásticos
«Cerca de 3200 a.C., está já tudo a postos para que o Egipto faça a sua entrada na História e a ordem faraónica impere nas margens do Nilo. É nessa data que se situa o advento dos primeiros faraós, cujos reinados formam a primeira dinastia. Tal começo é, na realidade, o culminar de uma lenta evolução, iniciada perto de 300 000 anos antes da nossa era com o Paleolítico Inferior. Deste longo período dão testemunho os primeiros vestígios de uma aglomeração demográfica e de uma indústria lítica abundante. As culturas que se sucedem no vale do Nilo até ao IV milénio, ou culturas pré-dinásticas, revelam uma aprendizagem progressivamente mais sólida das técnicas de caça e pesca, recolecção e domesticação de animais selvagens. A cerâmica e a indústria lítica (vasos e paletas de pedra dura) denotam uma habilidade e um sentido artístico deslumbrantes. Entre 3500 e 3200 a.C., o Alto e o Baixo Egipto mantêm contactos tão estreitos que as suas diferenças culturais se esbatem a um ritmo acelerado, prenúncio da unidade política que se está a delinear. Surgem alguns hieróglifos, em estelas funerárias, ao mesmo tempo que despontam fragmentos de um pensamento religioso. Nas estações arqueológicas pré-dinásticas, essencialmente necrópoles, foram encontrados túmulos providos de um rico mobiliário fúnebre, revelador de práticas destinadas por certo a combater as forças do Além. A par destes túmulos, e partilhando com eles grandes semelhanças, surgem sepulturas de animais, por vezes acompanhadas de oferendas em prol da vida do animal após a sua morte. Nestas práticas, há que ver, com toda a certeza, as primícias de um dos traços distintivos da religião egípcia: o culto dos animais.

As dinastias
É a Maneton, sacerdote e sábio egípcio dos reinados de Ptolemeu I e Ptolemeu II (século III a.C.) que devemos a primeira tentativa de redacção de uma história do Egipto e a sua divisão em 31 dinastias. Esta classificação foi mantida pelos historiadores modernos, que, seguindo o seu remoto precursor, qualificam as duas primeiras dinastias como tinitas, segundo o nome da cidade de Tinis, no Alto Egipto, perto de Abido. Foi, com efeito, na necrópole de Abido que foram encontrados os túmulos dos reis destas duas dinastias, compreendidas entre 3150 e 2700 a.C. Deste período data a fundação da cidade de Mênfis, actual Sakara. Os documentos coevos dão a conhecer os cultos dos principais deuses do panteão egípcio:
  • Ré, Hórus, Set, Osíris, Anúbis, Sokar e o crocodilo Sobek. No exterior, combatem-se os vizinhos do Sul e do Oeste e organizam-se expedições ao Sinai para obter turquesa e submeter os Beduínos.
Já nestes tempos os reis se sucedem de pai para filho, celebram o jubileu, a festa Sed, e ostentam alternadamente os símbolos do Alto e do Baixo Egipto. No final da II dinastia, a monarquia faraónica controla o Norte e o Sul do país, e Mênfis afirma-se como capital política em detrimento de Abido». In Guillemette Andreu, L’Egypte au Temps des Pyramides, Hachette Littérature, 1999, A Vida Quotidiana no Egipto no Tempo das Pirâmides, Edições 70, Lisboa, colecção de História Narrativa, 2005, ISBN 972-44-1237-7.

Cortesia de Edições 70/JDACT