«Dizemos, em primeiro lugar, que o modo de abordagem deve ser sistémico.
A realidade é sistémica, os problemas são sistémicos; consequentemente, o modo
de abordagem deve ser sistémico. Cada facto, fenómeno ou processo que se
analisa e cada acção ou intervenção que se propõe, deve ser considerada como um
aspecto do todo social da qual faz parte. Só dentro do sistema que o inclui é
que se entende a significação última de algum aspecto da realidade.
Afirmamos uma segunda dimensão deste modo de abordagem, dizendo que é
ecológica, porque uma abordagem que considere os problemas sociais tem que ter
em conta que nada acontece de modo isolado. Nada nem ninguém age em completa
independência. Na realidade social existe uma complicada rede de intercâmbios e
de retroacções, à qual se pode aplicar uma das leis da ecologia que diz: tudo
está relacionado com tudo ou tudo está relacionado com os outros.
Esta abordagem ou perspectiva é válida para os modelos de intervenção
social. O tratamento dos problemas (individuais, grupais ou colectivos) que não
tenha em conta os efeitos, interacções e retroalimentações que existem entre os
vários sub-sistemas, é um modo de abordagem da realidade que se considera inadequado
para a interpretação e compreensão dos fenómenos e processos sociais, e para
agir sobre eles. Tudo isto pode ser formulado de uma forma muito mais precisa,
tendo em conta a distinção dos vários níveis ecológicos proposta por Urie Bronfenbrenner.
Segundo este autor podem distinguir-se quatro níveis:
- O macrosistema que, às vezes, se chama a escala macro-social. Constitui o quadro geral mais abrangente;
- O exosistema. Trata-se de um enquadramento mais imediato, onde o indivíduo ou o grupo desenvolve a sua vida, mas em que não interage cara a cara. No entanto, nesse quadro dá-se uma multiplicidade de planos e de níveis de trocas, interacções e retroacções em que estão submersos aqueles que são os destinatários dos programas, actividades ou serviços sociais;
- O mesosistema, constituído pelo conjunto de micro-sistemas que configuram redes de interacções e que supõe que o indivíduo ou o grupo age numa multiplicidade de enquadramentos;
- O microsistema, onde os indivíduos e grupos agem cara a cara. É um âmbito de proximidade vital, como é a tarefa na aula dentro de uma escola, as relações no seio de uma família, etc.
In Maria Aguilar Idáñez e Ezequiel Ander-Egg, Diagnóstico Social,
conceptos y metodología, Diagnóstico Social, Conceitos e metodologias, Rede
Europeia Anti-Pobreza, Portugal, cadernos REAPN, Porto, 2007, ISBN
978-989-95487-8-7.
Cortesia de REAPN/JDACT