domingo, 6 de abril de 2014

A Revelação dos Templários. Lynn Picknet e Clive Prince. «A preocupação dele em usar o modelo certo para os vários discípulos pode ser detectada na sua irónica sugestão que o irritante prior do Monastério de Santa Maria pousasse para a personagem de Judas! Então, porque Leonardo se pinta olhando tão distintamente para longe de Jesus?»

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«(…) Se formos comissionados para pintar uma cena cristã padrão e apresenta ao público algo que se parece superficialmente com isso, eles nunca questionarão o seu simbolismo dúbio. Ainda que Leonardo deva ter esperado que talvez outros que partilhavam de sua não usual interpretação da mensagem do Novo Testamento reconheceriam a sua versão, ou que alguém, em algum lugar, algum observador objectivo, um dia tomaria a imagem desta misteriosa mulher ligada com a letra M e faria as perguntas óbvias. Quem era este M e porque ela era tão importante? Porque Leonardo arriscaria a sua reputação e até mesmo a sua vida nestes dias de piras flamejantes, para inclui-la nesta crucial cena cristã? Seja quem for ela, seu próprio destino parece menos do que seguro, porque uma mão corta através de seu gracioso pescoço inclinado no que parece ser um gesto ameaçador. O Redentor, também é ameaçado por um dedo indicador para cima positivamente lançado em sua face com veemência óbvia. Tanto Jesus e M parecem estar totalmente indiferentes a estas ameaças, cada um aparentemente perdido no mundo de seus próprios pensamentos, cada um a seu modo sereno e composto. Mas se símbolos secretos estão sendo utilizados, não somente adverte Jesus e a sua companheira de seus destinos separados, mas também para instruir [ou talvez lembrar] o observador de alguma informação que caso contrário teria sido perigosa tornar pública. Leonardo está a utilizar esta pintura para transportar alguma crença particular que teria sido muito insano partilhar com uma audiência mais ampla de um modo óbvio? E pode ser que esta crença possa ter uma mensagem para muito mais do que um círculo imediato, talvez mesmo para nós hoje?
Vamos olhar mais este surpreendente trabalho. À direita do observador do afresco um alto homem barbado se inclina quase em dois para falar com o último discípulo na mesa. Ao fazer isso, ele fica completamente de costas para o Redentor. Neste discípulo, São Tadeu ou São Judas, se reconhece como modelo o próprio Leonardo. Nada que os pintores da Renascença até mesmo apresentaram foi acidental ou incluindo meramente por ser belo, e este exemplar particular do tempo e da profissão foi conhecido ser uma insistência para a dupla ambiguidade visual. [A preocupação dele em usar o modelo certo para os vários discípulos pode ser detectada em sua irónica sugestão que o irritante prior do Monastério de Santa Maria pousasse para a personagem de Judas!]. Então porque Leonardo se pinta olhando tão distintamente para longe de Jesus? Há mais. Uma mão anómala aponta uma adaga para o estômago do discípulo, uma pessoa longe do M. Por nenhum excesso de imaginação a mão pode pertencer a alguém sentado à mesa porque é fisicamente impossível para aqueles próximos terem se retorcido tanto para ter a adaga naquela posição. Contudo, é verdadeiramente surpreendente, quanto a isso, não é que a mão sem um corpo exista, mas que em toda a nossa leitura sobre Leonardo temos chegado a apenas um par de referências a isso, e elas mostram uma curiosa relutância em achar algo não usual quanto a isso. Como o São João que realmente é uma mulher, nada pode ser mais óbvio, e mais bizarro, uma vez que seja ressaltado, ainda que completamente apagado do olho do observador e sua mente, simplesmente porque é tão extraordinário e ultrajante.
Temos frequentemente ouvido ser dito que Leonardo era um pio cristão cujas pinturas religiosas reflectiam a profundidade da sua fé. Até onde temos visto, ao menos uma delas contém um conjunto de imagens altamente duvidosa em termos da ortodoxia cristã, e nas nossa pesquisa posterior, nada pode estar mais distante da verdade do que a ideia de que Leonardo foi um verdadeiro crente, isto é, de qualquer forma aceita ou aceitável de cristianismo. Já as características curiosas e anómalas em apenas um de seus trabalhos parecem indicar que ele estava tentando nos contar uma outra camada de significado naquela familiar cena bíblica, ou um outro mundo de crença além do ressalte aceito da imagem congelada no mural do século XV perto de Milão. Sejas quais possam ser estas inclusões heterodoxas, elas foram, isto não pode ser ressaltado demais, totalmente em variância com a cristandade ortodoxa. Isto em si mesmo dificilmente é novo para os materialistas/racionalistas de hoje, porque para eles Leonardo foi o primeiro cientista real, um homem que não tinha tempo para superstições ou religiões de qualquer forma, que era a própria antítese do místico ou do ocultista. Ainda que eles, também, tenham falhado em ver que isso foi plenamente excluído diante de seus olhos. Pintar a Última Ceia sem importantes quantidades de vinho é como pintar o momento crítico de uma coroação sem a coroa; ou é perder completamente o ponto ou estabelecer bem um outro, na extensão em que isso marca o pintor como nada menos que herege, alguém que possui crenças religiosas mas que está em estranheza, talvez até mesmo em guerra, com aquelas da ortodoxia cristã». In Lynn Picknet e Clive Prince, A Revelação dos Templários, Narrativa, Editora Planeta, 2006, ISBN 857-6651-75-0.

Cortesia de Planeta/JDACT