domingo, 1 de setembro de 2013

O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. Michael Baigent. Eichard Leigh. Henry Lincoln. «Em 22 de Janeiro de 1917 Saunière morreu sem o perdão da confissão. Na manhã seguinte o seu corpo foi colocado verticalmente numa poltrona no terraço da Torre Magdala, envolto numa indumentária enfeitadas de pingentes com franjas escarlate»

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O Mistério. Cidade de Mistério
«(…) No dia 17 de Janeiro de 1917, Saunière, então com 65 anos, sofreu um derrame cerebral. A data de 17 de Janeiro talvez seja suspeita, pois também aparecia na tumba da marquesa de Hautpoul de Blanchefort, a tumba que Saunière havia erradicado. E 17 de Janeiro é também a festa de Saint Sulpice, que reapareceria através de toda a nossa história. Foi no seminário de Saint Sulpice que ele confiou seus pergaminhos ao abade Bieil e a Emile Hoffet. O que torna o derrame de Saunière em 17 de Janeiro mais suspeito é o facto de, cinco dias antes, em 12 de Janeiro, seus paroquianos terem declarado que ele parecia estar gozando de uma saúde invejável para um homem de sua idade. Entretanto, em 12 de Janeiro, segundo um recibo que está connosco, Marie Denarnaud encomendou um caixão para seu mestre.
Quando Saunière estava em seu leito de morte, o padre de uma paróquia vizinha foi chamado para ouvir sua última confissão e administrar a extrema-unção. O padre chegou e confinou-se no quarto do doente. De acordo com testemunhas oculares, ele saiu logo depois, visivelmente chocado. Nas palavras de algumas testemunhas, nunca mais sorriu. Nas palavras de outras, caiu em uma depressão profunda que durou vários meses. Se são afirmações exageradas não sabemos, mas o padre, presumivelmente com base na confissão de Saunière, recusou-se a administrar-lhe o último sacramento.
Em 22 de Janeiro Saunière morreu sem o perdão da confissão. Na manhã seguinte seu corpo foi colocado verticalmente numa poltrona no terraço da Torre Magdala, envolto em uma indumentária enfeitadas de pingentes com franjas escarlate. Certas pessoas compadecidas e não identificadas desfilaram, uma a uma, muitas delas arrancando franjas dos pingentes como lembrança do morto. Nunca houve qualquer explicação para tal cerimónia. Confrontados com ela, residentes actuais de Rennes-Ie-Château ficam tão aturdidos como qualquer outra pessoa.
A leitura do testamento de Saunière foi esperada com grande ansiedade. Para surpresa geral, contudo, ela revelou que não tinha nenhum tostão. Algum tempo antes de sua morte, aparentemente, transferira sua fortuna para Marie Denarnaud, que compartilhara de sua vida e de seus segredos por 32 anos. Ou talvez a maior parte daquela fortuna tenha estado em seu nome desde o início. Depois da morte de seu mestre, Marie continuou a viver confortavelmente em Villa Bethania até 1946. Depois da II Guerra Mundial, entretanto, o governo francês recém-instalado estabeleceu uma nova moeda. Como meio de apreender sonegadores de impostos, colaboradores e especuladores do tempo da guerra, os cidadãos franceses eram obrigados a declarar seus rendimentos quando trocavam francos velhos por novos. Confrontada com a perspectiva de ser obrigada a dar explicações, Marie escolheu a pobreza. Foi vista no jardim da mansão, queimando maços de notas de francos velhos.
Durante os sete anos seguintes, Marie viveu de forma austera, mantendo-se com o dinheiro obtido da venda de Villa Bethania. Prometeu confiar ao comprador, Noel Corbu, antes de morrer, um segredo que o faria não só rico mas também poderoso. Em 29 de Janeiro de 1953, entretanto, Marie, como seu mestre antes dela, sofreu um súbito e inesperado derrame cerebral que a deixou prostrada em seu leito, incapaz de falar. Para grande frustração do senhor Corbu, ela morreu logo depois, carregando consigo o segredo.

Os Possíveis Tesouros
Em linhas gerais, esta é a história na forma em que foi publicada na França nos anos 60. Foi a forma sob a qual a descobrimos. E foi para as perguntas levantadas por ela que dirigimos nossa pesquisa, do mesmo modo que outros pesquisadores o fizeram. A primeira pergunta é bastante óbvia. Qual era a fonte do dinheiro de Saunière? De onde poderia vir tão súbita e enorme fortuna? Haveria uma explicação banal? Ou envolveria alguma coisa mais excitante? Esta segunda possibilidade deixava entrever um aspecto fascinante do mistério, e nós não podíamos resistir ao impulso de brincar de detectives.
Começamos por considerar as explicações fornecidas por outros pesquisadores. Segundo vários deles, Saunière tinha encontrado, na realidade, alguma espécie de tesouro. Uma conclusão plausível, pois a história da cidade e de seus arredores incluía muitas possíveis fontes de ouro e de jóias escondidos. Nos tempos pré-históricos, por exemplo, a área em redor de Rennes-le-Château era considerada sítio sagrado pelas tribos celtas que viviam por perto. A cidade em si, antes chamada Rhédae, deriva seu nome de uma dessas tribos. Nos tempos modernos, uma comunidade grande e promissora ocupara a área, importante por suas minas e fontes termais terapêuticas. Os romanos também consideravam sagrado o local. Mais tarde, pesquisadores ali encontraram traços de templos pagãos. Durante o século VI, o pequeno vilarejo pendurado no topo da montanha possuía presumivelmente 30 mil habitantes. Ele parece ter sido, em determinada época, a capital nortista do império dos visigodos, o povo teutónico que varreu a Europa de centro a oeste, saqueou Roma, derrubou o Império Romano e estabeleceu seu próprio domínio cavalgando sobre os Pirinéus». In Michael Baigent, Eichard Leigh, Henry Lincoln, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, 1982, tradução de Nadir Ferrari, Editora Nova Fronteira, 1993, ISBN: 852-0904-74-2, O Sangue de Cristo e o Santo Graal, Editora Livros do Brasil, Colecção o Despertar dos Mágicos, Lisboa, tradução de Elsa Vieira, 2004, ISBN 972-38-2651-8.

Cortesia Nova Fronteira/Livros do Brasil/JDACT