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Importância de Ceuta para Portugal
«Num trabalho destes importará saber os motivos que levaram os Portugueses a empenhar-se na conquista de Ceuta. Jaime Cortesão explica esses motivos desta forma:
- a conquista de Ceuta, testa de uma estrada comercial para a região do ouro, chave do estreito, comporta o Levante com o Ocidente, sentinela e guarda-avançada contra as incursões dos corsários muçulmanos às costas portuguesas, foi uma espécie de prólogo ao vasto plano de expansão.
Sabe-se que João I fizera um voto: se chegasse a concluir, com êxito, a guerra contra Castela, realizaria uma festa como até ali nunca se vira. Numa fase posterior transformou o rei esse seu desejo numa expedição cavaleiresca que tinha a vantagem, segundo Hermano Saraiva, de proporcionar o proveito do saque, além de que se fosse essa expedição feita com sucesso viria contribuir com o prestígio para o próprio rei de Portugal, um rei bastardo, revolucionário e cujo direito era posto em dúvida por muita gente.
Ceuta vem dos tempos da mitologia, sob o nome de “Abila” e os gregos chamavam-lhe “Eptadelfos” para caracterizar as sete elevações que tem. Os romanos traduziram aquele nominativo para ‘Septem Fretres’, de onde provêm os nomes de “Septa” e “Ceuta”.
Chegou a ser capital da Mauritânia Tingitana. Foi, mais tarde, conquistada por Justiniano. E, já mais próximo do século XIV, esteve sob os domínios dos andaluzes e dos marroquinos.
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Quando, em 1415, os portugueses tomaram Ceuta, eram os marroquinos que aí dominavam, Foram facilmente subjugados pelos Portugueses. Ficou a dever-se a João Afonso de Azambuja a proposta da conquista dessa praça no norte de África. João I aceitou o desafio, confiou os estudos geográficos a Álvaro Gonçalves Camelo, prior dos Hospitalários e a Afonso Furtado, capitão-mor do mar. Ambos empreenderam uma viagem a Ceuta, alegando que iam à Sicília.
O conde Henrique foi incumbido pelo pai de recrutar tropas na zona das Beiras e o conde de Barcelos (exactamente Afonso) teve a tarefa de recrutar as tropas que iria comandar na região de Entre-Douro-e-Minho. O infante Pedro teve idêntica tarefa mas em relação aos militares das regiões da Estremadura, Alentejo e Algarve. Da Inglaterra vieram ajudar-nos 750 lanças e alguns homens de armas. Fretaram-se embarcações nos Portos de Biscaia e Galiza. Segundo Mateus Pisano, a frota constava de: 63 naus, 27 galés trirremes, 32 birremes e 120 embarcações menores, ou seja: um total de 242 barcos. Um agente do rei de Aragão calculou o pessoal embarcado em 19.000 homens de armas e mais 1.700 de manobra. A frota terá saído do Tejo no dia 25 de Julho; parou em Lagos para verificação e, pouco depois, por causa do mau tempo que durou 3 dias, recolheu-se em Faro. Sete dias depois saiu, rumo a Algeciras e Tarifa. Dali partiu-se para Ceuta, durando o assalto apenas um dia. A praça esteve na posse dos portugueses entre 1415 e 1580. Ceuta serviu, principalmente, como ponta avançada para as grandes missões que, dali em diante, não mais pararam.
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Primeiro Governador de Ceuta
Conquistada a praça de Ceuta era preciso designar um Governador para a administrar e defender. Nuno Álvares Pereira, nessa altura com 55 anos, terá manifestado vontade de ser ele a bater-se, aí, pela pátria, visto que não era missão fácil, como viria a confirmar-se, por diversas vezes. Mas João I quis poupar o seu grande, nobre e leal amigo a mais essa árdua tarefa. E por isso nomeou Pedro de Menezes, 2º conde de Viana do Castelo e Conde de Aguiar e Aillon (em Castela). Desempenhou o cargo de governador em dois períodos: o primeiro entre 1415 e 1430. O segundo entre 1434 e 1437. Pedro de Menezes nasceu em 1367. Era filho do primeiro conde de Viana, João Afonso Telo de Menezes e de sua mulher D. Maria Vilas Boas Lobos Porto Carneiro.
O pai de Pedro de Menezes foi assassinado, em Penela, por se ter manifestado contra o mestre de Avis que viria a ser o rei João I. Em consequência desse assassinato, Pedro de Menezes fugiu para Castela, em 1384, acompanhando a mãe. Logo que os portugueses saíram vencedores na Batalha de Aljubarrota e as pazes foram feitas com Castela, João I restituiu a liberdade a Pedro de Menezes e a sua Mãe, assim como lhes restituiu os haveres e privilégios. Prova de que não ficou rancor, foi o facto de Pedro de Menezes acompanhar o rei na tomada de Ceuta, tendo o próprio Menezes constituído, à sua custa, seis galeras equipadas e armadas. Após a tomada de Ceuta, o rei Duarte armou-o cavaleiro. E, como não houvesse quem aceitasse o cargo de Governador para aquela importante Praça, Pedro de Menezes ofereceu-se para ficar. O rei aceitou». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.
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