Cortesia de domquixote
«A parte do nosso cérebro que atinge conclusões dessas é chamada “inconsciente adaptável”, e o estudo deste tipo de decisões é um dos novos domínios da psicologia considerados mais importantes. O inconsciente adaptável não deve ser confundido com o inconsciente descrito por Sigmund Freud, que ela um sítio esconso e obscuro, repleto de desejos, recordações e fantasias demasiado perturbadoras para que pensássemos nelas conscientemente. Em vez disso, considera-se esta nova noção de inconsciente adaptável como sendo uma espécie de grande computador que discreta e silenciosamente processa uma grande quantidade dos dados de que precisamos para funcionar como seres humanos. Quando uma pessoa atravessa a rua e de repente vê que vem um camião na sua direcção, será que tem tempo de pensar em todas as suas opções? Claro que não. A única maneira de o ser humano ter sobrevivido como espécie durante tanto tempo foi ter desenvolvido um outro sistema de decisão, capaz de fazer avaliações rápidas baseadas em poucas informações. Tal como escreve o psicólogo Timothy Wilson no seu livro ‘Strangers to Ourselves [Desconhecemo-nos a nós próprios]:
- "A mente funciona com mais eficiência se relegar para o inconsciente uma boa quantidade de pensamentos sofisticados de alto nível, tais como o facto de um jacto poder voar com o piloto automático e pouca ou nenhuma informação do piloto humano ‘consciente’. O inconsciente adaptável é excelente a avaliar o mundo, a avisar as pessoas do perigo, a determinar objectivos e a iniciar acções, de um modo complexo e eficiente”.
Cortesia de expressodoinconsciente
Wilson afirma que alternamos o pensamento entre o estado consciente e o estado inconsciente, dependendo da situação. A decisão de convidar um colega para jantar é consciente. Pensa-se nela. Acha-se que poderá ser divertido. E convida-se a pessoa. A decisão espontânea de conviver com esse camarada de trabalho faz-se inconscientemente, através de uma outra parte do cérebro e motivada por uma outra parte da personalidade.
Sempre que conhecemos uma pessoa, quando entrevistamos alguém para um emprego, sempre que reagimos a uma ideia nova ou sempre que temos de tomar uma decisão rápida e sob pressão, usamos essa segunda parte do cérebro. Por exemplo, de quanto tempo é que precisou, quando estava na universidade, para saber se o seu professor era bom a ensinar? Uma aula? Duas aulas? Um semestre? Uma vez, o psicólogo Nalini Ambady mostrou três vídeos de dez segundos, com o som desligado, de três professores a um grupo de estudantes, e descobriu que eles não tinham nenhuma dificuldade em fazer uma avaliação da eficácia dos professores. Depois, Ambady fez uma montagem com cinco segundos, e as avaliações mantiveram-se iguais.
E mantiveram a mesma consistência de uma maneira impressionante quando mostrou aos alunos apenas ‘dois segundos’ de vídeo. A seguir, Ambady comparou essas opiniões instantâneas acerca da eficiência dos professores com as avaliações dos mesmos professores feitas pelos seus alunos, ao fim de um semestre inteiro de aulas, e verificou que elas continuavam a ser essencialmente as mesmas. Uma pessoa que observa um vídeo mudo de dois segundos de um professor que nunca viu chegará a conclusões sobre a qualidade do professor muito parecidas com as do estudante que frequentou as suas aulas durante um semestre inteiro. É esse' o poder do nosso inconsciente adaptável». In Malcolm Gladwell, Blink, Publicações Dom Quixote, 2006, ISBN 978-972-20-4079-2.
Cortesia D. Quixote/JDACT