«Acaba
mal o teu verso,
mas
fá-lo com um desígnio:
é um
mal que não é mal,
é
lutar contra o bonito.
Vai-me
a essas rimas que
tão
bem desfecham e que
são
o pão de ló dos tolos
e
torce-lhes o pescoço,
tal
como o outro pedia
se
fizesse à eloquência,
e
se houver um vossa excelência
que
grite: - não é poesia!,
diz-lhe
que não, que não é,
que
é topada, lixa três,
serração,
vidro moído,
papel
que se rasga ou pe-
dra
que rola na pedra…
Mas
também da rima em cheio
poderás
tirar partido,
que
a regra é não haver regra,
a
não ser a de cada um,
com
sua rima, seu ritmo,
não
fazer bom e bonito,
mas
fazer bom e expressivo…»
Poema de Alexandre O’Neill, in ‘Poesia Completa’
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