quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Grandes Sociedades Secretas. David V. Barrett. «As ideias de Pitágoras influenciaram profundamente Platão (429-347 a. C.), um dos mais influentes filósofos gregos. Pode dizer As -se que sem Pitágoras não haveria Platão»

jdact

Entre o Tigre e o Eufrates.
Pitágoras
«(…) Embora, hoje em dia, Pitágoras (581-497 a. C.) seja conhecido, sobretudo, pelo seu trabalho matemático, ele foi um dos mais destacados filósofos religiosos dos séculos anteriores a Cristo, detendo a sua influência sobre a religião esotérica e as sociedades secretas uma importância de monta. A Encyclopaedia of Dates and Events diz sobre ele, de forma lapidar, que foi um grande filósofo e matemático, mas a abordagem científica foi prejudicada pelo misticismo. Isto é o mesmo que dizer que William Blake foi um grande poeta e artista, cujo trabalho foi estragado pelo seu misticismo. Diz-se que Pitágoras terá vagueado durante muitos anos pelo Egipto e pela Mesopotâmia, chegando talvez à Índia, e terá estudado religião, filosofia e ciência numa tentativa de encontrar uma teoria do campo unificado que abrangesse todo o conhecimento. (Vários fundadores de movimentos esotéricos recentes, entre eles H. Blavatsky e Georgei Gurdjieff, seguiram o seu exemplo, quer na realidade, quer com um mito da sua própria criação.) Por volta de 530 a. C., Pitágoras instalou-se na comunidade grega de Crotona, no Sul de Itália, e fundou uma academia com critérios de acesso muito rígidos.
A matemática, a música e a astronomia faziam parte dos ensinamentos, não enquanto disciplinas individuais, mas sim como parte do sistema pitagórico de crenças, ao qual a famosa citação de E. Forster Apenas ligar!, se adequaria na perfeição. A matemática e a geometria, as propriedades ocultas dos números e a relação entre eles, estavam por trás do mundo e dos céus lá em cima. Julga-se que Pitágoras terá formulado a ideia da oitava musical e explicado a base matemática dos intervalos e das harmonias musicais. Todo o Universo está em vibração, a cantar a produzir a música das esferas. Diz-se que terá calculado a Proporção Áurea, o rácio matemático por trás de grande parte do significado esotérico da arquitectura (ligando-se assim ao simbolismo da Maçonaria).
Ensinou sobre a reencarnação, crença base da Tradição do Mistério Ocidental. Ensinou sobre a relação entre o homem e o cosmo, o microcosmo e o macrocosmo; isto está naturalmente ligado à astrologia, que na altura, e durante vários séculos depois disso, era o mesmo que astronomia. Os seus ensinamentos sobre o significado esotérico dos números continuam a estar por trás da numerologia moderna. À semelhança de muitos fundadores de sociedades ocultas, Pitágoras assumia características semidivinas para os seguidores: era referido como a deidade harmónica, a meio caminho entre os Deuses e os homens. Insistia num modo de vida asceta, com muitas proibições para os seguidores: tinham de seguir uma dieta vegetariana, por exemplo, mas não podiam comer feijões. A pureza de corpo e de comportamento, a par da completa dedicação mental, eram essenciais. Eram precisos três anos para passar a primeira fase de iniciação e cinco para a segunda; um seguidor pitagórico necessitava de grande empenho.
As ideias de Pitágoras influenciaram profundamente Platão (429-347 a. C.), um dos mais influentes filósofos gregos. Pode dizer-se que sem Pitágoras não haveria Platão, e sem este não haveria Neoplatonismo (onde se incluía o Neopitagorismo), de suma importância para o pensamento esotérico do início da era cristã e durante o Renascimento. Já foi sugerido que Pitágoras terá, a dada altura, sido ensinado pelos druidas do Noroeste da Europa, ou que ele e os seus seguidores os ensinaram.

Neoplatonismo
Neoplatonismo é um termo moderno para a última encarnação dos filósofos gregos nos primeiros cinco ou seis séculos da era cristã; encerrava em si ensinamentos de várias fontes e influenciou bastante o Cristianismo exotérico e esotérico. Muitos dos Pais da Igreja conheciam o pensamento neoplatónico, era impossível que homens formados, como S. Paulo, não conhecessem a filosofia grega nesses primeiros séculos, e algumas das batalhas teológicas que terminaram na criação do dogma cristão basearam-se nos desacordos entre os defensores e os críticos das ideias neoplatónicas». In David V. Barrett, As Grandes Sociedades Secretas, 1997, 2007, Clube do Autor, 2016, ISBN 978-989-724-333-2.
                                          
Cortesia de CdoAutor/JDACT