quinta-feira, 3 de maio de 2012

História (quase) secreta do aquecimento global. Geraldo Luís Lino. Blog de Rui Moura. «Ao mesmo tempo, uma série de conquistas científico-tecnológicas contribuía para disseminar um intenso optimismo cultural: a “Revolução Verde” das variedades vegetais alimentícias de alto rendimento, os avanços da medicina e da saúde pública, as telecomunicações»


(1930?-2010)
Cortesia de ruimoura

Com a devida vénia a Rui Moura

«A presente histeria mundial em torno do aquecimento global e a mobilização política articulada para “controlar” os seus alegados efeitos têm motivações bastante diferentes daquelas estabelecidas pelo papel e as responsabilidades da ciência como mola propulsora do progresso da humanidade. O facto é que uma legítima indagação científica sobre as funções do dióxido de carbono para o clima e a contribuição humana para o aumento das suas concentrações na atmosfera, que remonta ao século XIX, se viu alçada à condição de obsessão mundial e convertida numa pauta política que ameaça afectar drasticamente a matriz energética e os níveis de vida de todas as nações do planeta.
Tal processo pouco tem a ver com a ciência em si, mas com a captura de fenómenos atmosféricos, como as mudanças de temperaturas e o “buraco” na camada de ozono, pela agenda ambientalista do Establishment” (classe dirigente) anglo-americano. As motivações para a colocação em marcha desse processo remontam à década de 1950, quando a humanidade, como um todo, experimentava o período de mais rápida expansão do seu desenvolvimento socioeconómico. Tal impulso foi proporcionado pela reconstrução económica do pós-guerra, o processo de descolonização na Ásia e na África e o arcabouço financeiro e monetário relativamente estável proporcionado pelo Sistema de Bretton Woods.

Ao mesmo tempo, uma série de conquistas científico-tecnológicas contribuía para disseminar um intenso optimismo cultural: a “Revolução Verde” das variedades vegetais alimentícias de alto rendimento, os avanços da medicina e da saúde pública, as telecomunicações, as perspectivas de uso pacífico da energia nuclear, a corrida espacial e outras. Naquele momento, a palavra de ordem era “industrialização”, principalmente entre os países subdesenvolvidos, muitos dos quais contemplavam ambiciosos planos de modernização económica baseados na indústria. Em 1957, o comércio mundial de produtos industrializados superou, pela primeira vez, o de produtos primários e alimentos. Entre 1953 e 1963, a participação dos países subdesenvolvidos na produção industrial mundial subiu de 6,5 % para 9 %, uma alta de quase 50 %, com tendência ascendente.
Foi nesse contexto que certos sectores do Establishment” anglo-americano, que desde o início do século XX promoviam iniciativas que visavam o controle social, como a ‘eugenia’ (“melhoramento racial”) e o controle demográfico, colocaram em marcha o movimento ambientalista, com a criação de grandes ONGs internacionais como a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF) e a Fundação Conservação (Conservation Foundation), as “sementes” da vasta rede de organizações que integram hoje o aparato “verde”. O sociólogo Donald Gibson, da Universidade de Pittsburgh, que esbarrou no ambientalismo durante as suas pesquisas sobre o contexto do assassinato do presidente dos USA John F. Kennedy (1961-63), descreve: 
  • No final da década de 1950 e início da de 1960, uma antiga inclinação existente entre alguns membros da classe superior estava prestes a se tornar um assunto nacional. 
Esta inclinação iria redefinir as conquistas da ciência e da tecnologia como acções malignas que ameaçavam a natureza ou como fúteis tentativas de reduzir o sofrimento humano, que, diziam, era o resultado da superpopulação». In Rui Moura, Blog Mitos Climáticos, Geraldo Luís Lino, Maio, 2010.

Continua
Cortesia do Blog de Rui Moura/Mitos Climáticos/JDACT