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de wikipedia e jdact
Os
cinco cavaleiros
«(…) Geoffroy fechou os olhos.
Payns apertou-lhe a testa com os dedos finos e disse: era assim que a minha irmã
mais velha fazia... Ela punha os dedos na minha testa quando eu sentia o estômago
pesado. Depois, descia os dedos ao longo do meu rosto, do pescoço, do peito até
ao meu abdómen. Enquanto falava, Payns repetia os gestos da irmã tão amada e
morta muito jovem. Clotilde... A embarcação gemia em toda a borda; era o único
barulho que enchia a sala dos oficiais. Payns apertou o estômago do amigo e
massajou-o lentamente, descrevendo pequenos círculos. Em seguida, começou a murmurar
algumas frases que ninguém entendeu, pois eram ditas em voz baixa. Eram frases
escandidas numa melopeia gutural e os cavaleiros pensaram que pertenciam a uma
língua que lhes era desconhecida. Abra os olhos, ordenou Payns a Geoffroy. Com
os diabos, o que fez? Estou nitidamente melhor... Pôs a minha barriga no lugar?
Você é um verdadeiro feiticeiro, Payns. Não sinto mais o horrível gosto de
bílis na goela, nem a cólica que me repuxava a pança! Payns forçou um sorriso.
O seu rosto sério crispou-se, mas de maneira tão intensa que parecia uma
miragem. Podemos começar, Hugues, disse ele. O conde tirou uma caixa de madeira
ferrada nos cantos, com uma fechadura grosseira, e pôs o objecto no altar
improvisado. Os cavaleiros formaram um semicírculo na cabine transformada em
larário, iluminada apenas pelas três velas e por uma lanterna colocada na parte
inferior da porta.
Vamos unir-nos, irmãos, enunciou
o conde Hugues com solenidade, pondo as mãos sobre a caixa. Já que está na hora e que temos a idade,
vamos abrir os nossos trabalhos... Os
outros quatro cavaleiros levaram a mão direita ao peito, a palma sobre o coração,
e inclinaram a cabeça enquanto Payns acrescentava: à glória do Primeiro. Pela
luz da sua Palavra. Que I.N.R.I. nos ilumine! Hugues preparou-se para abrir a
caixa, enfiando uma chave na fechadura. Os cavaleiros deixaram a mão direita
cair ao longo do corpo. Com a tampa da caixa aberta, Hugues pronunciou as
palavras: Igne Natura Renovatur
Integra. Imediatamente, Payns acrescentou: Pelo Triângulo, pelo
Hexagrama, pelo Ómega, pela Cruz e pelo Tau... Chegou a hora de prestar
juramento e fazer aliança com a Tradição, disse Hugues. Estão prontos, irmãos? Comprometem-se
a dar a vida pela Obra? Os cavaleiros responderam a uma só voz: Nós nos
comprometemos!
A caixa continha cinco anéis num
estojo de veludo, todos eles enfeitados com uma pedra vermelha.
Meticulosamente, com gestos cheios de seriedade, o conde de Champagne pôs, um a
um, os anéis em cima do lençol branco. As chamas das velas avivaram subitamente
o brilho das pedras. Uma vez que assim é, disse Hugues, vamos pôr os anéis nos
dedos e pronunciar o juramento... Ritualmente, em silêncio, ele distribuiu
quatro dos anéis para os amigos e colocou o quinto no próprio anular. Em
seguida, todos os homens elevaram o braço direito esticado na direcção dos três
candelabros. Eu, Hugues de Champagne... Eu, Hugues de Payns... Eu, Basile le
Harnais... Eu, Arcis de Brienne... Eu, Geoffroy de Saint-Omer... Um intervalo.
O conde olhou os amigos um por um com uma terna amizade e disse: Juro
solenemente preservar o Segredo do Filho da Luz e impedir que qualquer pessoa
se apodere dele para deturpá-lo em benefício de intenções funestas... Juro combater
os adversários da Tradição. E, se assim deve ser, renascer da morte para expulsar
eternamente os meus inimigos por todos os séculos. Eu juro! Quatro vozes em
conjunto repetiram: Eu juro!
O eco do juramento mal se havia dissipado
quando Payns se virou rapidamente. Vocês não ouviram? Há alguém atrás da porta!
Ele atravessou a cabine desembainhando a espada e abriu a porta na sombra da coxia,
na qual mergulhou como um animal selvagem. Atrás dele, Arcis, que havia pegado
a lanterna para iluminá-lo, surpreendeu-se: Tem certeza? Talvez fosse apenas um
rato, um dos tantos que fervilham nos porões! Mas Payns teve tempo de ver a
ponta de uma capa desaparecendo na escada que conduzia ao convés. Uma forma
vaga, parecida com uma asa negra. Um rato gordo, no caso!, escarneceu ele,
subindo os degraus de quatro em quatro. O convés. A noite se estendia, espessa.
Somente uma luz saía do castelo de proa. Ora, disse Arcis, sem fôlego, não há
ninguém. Viu-o na escada, não viu? Uma capa preta... Não, não vi nada. Estávamos
muito emocionados e, sem dúvida, a sua imaginação lhe pregou uma partida. Não
temos dormido bem, estamos pouco acostumados a viver num navio que dança demais
para o nosso gosto. No entanto, continuou Payns, estou convencido de haver
escutado. As botas nos degraus de madeira... De uma amurada à outra, nada se
mexia. Contrariado, Payns embainhou a espada. Arcis pegou no seu punho e tranquilizou-o:
chegaremos rapidamente a Ascalão e logo estaremos em Jerusalém para cumprir prontamente
a nossa missão». In Didier Convard, O Triângulo Secreto, Os Cinco Templários de Jesus, 2006,
Editora Bertrand Brasil, 2013, ISBN 978-852-861-663-7.
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