Cortesia
de wikipedia e jdact
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Lendas
e Especulações
O volume
traz textos sobre nomes históricos que estão presentes no acervo, com um ou
outro documento, como o do pintor e escultor Michelangelo, o do escritor
Voltaire, da Rainha Elizabeth I, do Dalai Lama e até o presidente
norte-americano Abraham Lincoln. Também traz detalhes sobre figuras polémicas,
como os Cavaleiros Templários e o físico e astrónomo Galileu Galilei.
Aborda
ainda a tentativa de Henrique VIII de se divorciar de Catarina de Aragão para
casar com Ana Bolena e uma carta revoltada do papa Pio XI para Hitler, datada
de 1934. Somente por esses exemplos podemos ver o quanto a instituição e seu
acervo são polémicos.
Não é
para menos que suscitam tantas lendas e teorias de conspiração. E o facto de que, para visitar os quase 85 quilómetros
de prateleiras, é necessário passar por um longo processo de aplicação, a fim
de ser um dos 1500 estudiosos seleccionados para ter acesso ao local, não ajuda
muito a acabar com os boatos. De facto, a melhor chance que uma pessoa comum
tem de conhecer o interior dos arquivos e de ler alguns documentos é mesmo pelo livro, uma vez que nem o sítio oficial traz
informações tão precisas sobre os documentos lá contidos. Os interessados
brasileiros, para terem acesso a alguns destaques de lá, devem procurar o sítio
da net em inglês, já que a página em português não possui tantas informações
assim. Quanto ao livro belga, quem quiser obter uma cópia precisa de se
apressar e correr até à livraria mais próxima que trabalhe com importações e
reservar o seu, pois cada edição é limitada a 50 cópias apenas.
A
Santa Inquisição
(maldita)
Passamos
agora a tratar da conturbada história daquela que seria uma das principais
fontes de documentos dos Arquivos Secretos do Vaticano: a Santa Inquisição (maldita),
o terror que condenou milhares de pessoas à morte em nome da preservação do
catolicismo. A imagem que ficou popularizada é a dos inquisidores com longas
vestes escuras que apontavam o dedo para o acusado de algum delito, em geral
bruxaria ou heresia, considerada mais grave, e que agia muitas vezes ao mesmo
tempo como juiz, júri e executor. A primeira coisa que vem à mente das pessoas
é saber como uma instituição de carácter religioso acumulou tanto poder a ponto
de desafiar até mesmo os reis, numa época em que aqueles governantes se achavam
com direito divino e absoluto de governar. Para tanto, é necessário entender o
papel da Inquisição (maldita) desde a sua concepção. Segundo o historiador Gilberto
Coltrim, a Santa Inquisição (maldita) foi criada para combater o sincretismo, definido como fusão
de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus
elementos, entre certos grupos religiosos que se valiam da adoração de plantas
e animais e praticavam mancias,
adivinhações por meio de algo designado pelo precedente. Essa era sua função
original, já que a Inquisição (maldita), como a conhecemos, é derivada da versão medieval, mas, na
verdade, existiram instituições anteriores dedicadas a tais combates.
Um factor importante é entender
que, embora o termo heresia seja utilizado até hoje, ele ficou ligado à Idade
Média e às acções da actual Congregação para a doutrina da fé, o novo
nome sob o qual a Santa Inquisição (maldita) sobrevive até hoje. A
cada dia que passa, os doutores da igreja reveem os actos dos seus antepassados
e admitem que a prática inquisitorial estava errada ao punir com violência e
morte de indivíduos hereges, como foi declarado pelo papa João Paulo II no
artigo Perdoai as nossas ofensas, na revista Veja Especial, de 6 de Abril de
2005. O que não se pode deixar de admitir é o facto de que a Inquisição (maldita)
foi e é considerada ainda como uma das instituições humanas que mais feriu os direitos humanos,
principalmente o da livre escolha religiosa.
As heresias
A palavra heresia vem do latim haerĕsis,
que, por sua vez, deriva de um termo grego que significa basicamente escolha ou
opção. Trata-se, portanto, de uma linha de pensamento diferente ou contrária a
um credo já estabelecido por meios ortodoxos». In Sérgio P. Couto,
Os Arquivos Secretos do Vaticano, Da Inquisição à renúncia de Bento XVI,
Editora Gutenberg, 2013, ISBN 978-856-538-385-1.
Cortesia
de EGutenberg/JDACT