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«(…)
Mar Sonoro
«Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem
fim,
A tua beleza aumenta quando estamos
sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu
sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres
um milagre criado só para mim».
O Jardim
«O jardim está brilhante e florido.
Sobre as ervas, entre as folhagens,
O vento passa, sonhador e distraído,
Peregrino de mil romagens.
E Maio ácido e multicolor,
Devorado pelo próprio ardor,
Que nesta clara tarde de cristal
Avança pelos caminhos
Até os fantásticos desalinhos
Do meu bem e do meu mal.
E no seu bailado levada
Pelo jardim deliro e divago,
Ora espreitando debruçada
Os jardins do fundo do lago,
Ora perdendo o meu olhar
Na indizível verdura
Das folhas novas e tenras
Onde eu queria saciar
A minha
longa sede de frescura».
In
Sophia de Mello B. Andresen, Dia do Mar, Obra Poética, Editorial Caminho, 2009,
ISBN 978-972-211-586-5.
Cortesia
de ECaminho/JDACT