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Estilhaços
«(…)
São os brancos estilhaços
dos teus olhos
no avesso do feltro da
saliva
A língua branda
com que te fecho os olhos
ou te entreabro os lábios e
as gengivas
Gume do gosto
na faca
do palato
Palavras roucas
que tu lá aninhas
a devorares no sono dos estilhaços
o ouro dos olhos
dos pombos as anilhas
Sedutora
da semente
mais aberta
Poço
do corpo
ou fruta do seu vaso
onde penetras e bebes
minha água
Olhos de vento
no ventre dos estilhaços»
Roseiras
«São as plantas que nascem
no teu peito
e no meu vêm beber
com as suas línguas ávidas
São as ásperas raízes
que nos rasgam
dormentes e presas
no teu ventre
E do meu… seu alimento
viciadas»
Poemas
de Maria Tereza Horta, in As Palavras do Corpo
In
Maria Tereza Horta, As Palavras do Corpo, Publicações dom Quixote, Lisboa,
2014, ISBN 978-972-204-903-0.
Cortesia
de PdonQuixote/JDACT