Cortesia
de wikipedia e jdact
Nota: Comunicação
apresentada às III Jornadas de História Medieval do Algarve e Andaluzia,
realizadas em Loulé, entre 25 e 27 de Novembro de 1987
«(…) O quinto capitulo e
sumariamente deferido pelo Rei. Faro pedia que para coudel não fosse nomeado
uma pessoa poderosa. Responde o monarca:
a nos praz della e assy o tern agora. Por último, alegando
dificuldades de abastecimento, pediam a autorização
régia para fazer contratos com os mercadores que entendessem. O Rei
delega a resolução deste problema no seu vedor da
Fazenda Lopo d’Almeida. O primeiro capítulo relativo às obras a empreender em
Faro visa obter do Rei os terrenos que este há algum tempo lhe tinha outorgado,
e que Rui Valente, provedor da Fazenda régia no Algarve, embargara.
Tratava-se de uns chaaos
( ) pera fazerem açouguajeens, o
que o Rei defere com a condição de que·a obra seja feita em três
anos. O segundo capítulo relativo a ordenamento do espaço urbano
em Faro, é de algum modo semelhante ao anterior. A vereação obtém
do Rei o terreno de uma das suas terrenas, para nele construir uma praça para
vendedeiras. Neste caso, a função comercial do espaço a organizar e ainda mais
evidente que no anterior. Para além de se falar na praça para as vendedeiras,
prevê-se expressamente a construção de um alpendre (que eles possam madeirar da
derradeira parede da parte de fora a outra acerqua pera fazerem alpender).
Explicita-se ainda que a praça irá atee aa barreira.
O tema do último capítulo
apresentado ao Rei em Elvas relaciona-se com a necessidade de se fazerem obras
na igreja de Santa Maria da vila algarvia, para as quais a vereação pede
a cedência da terça das rendas do concelho. O Rei
indefere, pois essa parte das rendas concelhias estava reservada para as obras
que, na época mais o preocupavam: a conservação
das
muralhas.
Na verdade, nessa altura as fortificações militares algarvias estavam a degradar-se. Várias
localidades tinham as suas muralhas derrubadas. Entre elas, encontravam-se,
para além de Faro, Alcoutim, Tavira e Castro Marim. E Afonso V respondia
habilmente: Quanto à obra da igreja de Santa Maria, a vereação podia
afectar-lhe por algum tempo a terça das rendas do
concelho logo que os trabalhos
nas muralhas estivessem concluídos. No entanto, tal nunca deve ter acontecido
porque ainda nas cortes de Évora de 1475 se referia que as muralhas de Faro
necessitavam de grandes corregimentos.
Conclusão
Ao
traçar de modo bastante geral a evolução dos
centros urbanos durante os dois últimos séculos medievais verificamos o
crescimento dos centros costeiros, provocado pelo surto comercial, que fez
emergir praticamente do nada localidades como Faro. Por outro lado. graças a sua
posição estratégica junto à raia
alentejana, localizada na fronteira de Portugal com Castela representando um
ponto de passagem de gados
e mercadorias entre os dais países.
Olivença manteve-se como um centro urbana de certa grandeza a nível nacional.
No aspecto demográfico e através
das poucas noticias que possuímos somos levados a concluir que as duas povoações
se mantiveram a um nível significativo, e, no caso de Faro, assistimos mesmo ao
começo de uma forte expansão.
Por último surpreendemos alterações
ao traçado urbano de ambas, em que a autorização real e uma condição sine qua non para a respectiva
efectivação. Se estas alterações não nos garantem um crescimento efectivo dos
respectivos centros, representam, pelo menos, o desejo de reorganização do espaço
urbano, o que denota, por parte dos portugueses do século XV, uma preocupação
real com a melhoria das condições de vida municipais.
Pelo que os pergaminhos da
chancelaria nos contaram, pela parte que dependeu d'O Africano, a casa de Pedro
albardeiro e de sua esposa Catarina Lopes, terá inaugurado uma nova e
prometedora artéria em Olivença; e os farenses terão conseguido novas açougagens,
uma praça mais airosa para as suas vendedeiras e uma renovada e luzidia igreja
de Santa Maria (se é que alguma vez terminaram as obras das muralhas)». In
Amândio Barros, Alterações urbanísticas em Faro e Olivença na 2.a
metade do seculo XV, mestrado de História Medieval, FLUP, Comunicação
apresentada às III Jornadas de História Medieval do Algarve e Andaluzia,
realizadas em Loulé, entre 25 e 27 de Novembro de 1987.
Cortesia de FLUP/JDACT