Os
Tesouros do Vaticano
Sacerdotes
malcomportados
(…) Segundo um boletim de
ocorrência do Departamento de Polícia de Los Angeles, BC307.934, arquivado em
17 de Dezembro de 2003, de 1955 a 2002 pelo menos vinte e oito sacerdotes da
arquidiocese de Los Angeles acusados ou condenados por abuso sexual ocupavam as
mais altas posições. A queixa registada no boletim afirmava: sacerdotes
ocupando boas posições, como os bispos Juan Arzube e G. Patrick Ziemann, usaram
sua influência na administração da arquidiocese para encobrir outros sacerdotes.
Sacerdotes envolvidos em educação, como Leland Boyer e Geral Fessard, usaram
sua autoridade para ter acesso às vítimas e depois encaminhavam as crianças que
molestavam para os seminários e o sacerdócio. Esses vinte e oito sacerdotes e provavelmente
muitos outros ocupavam posições de bispos auxiliares, vigários paroquiais,
vigários-gerais, reitores e professores em seminários locais e como recrutadores
para seminários. A elevação de molestadores de crianças a essas posições ajuda
a explicar por que tantos molestadores se tornaram sacerdotes, e como tantos seminaristas
e sacerdotes se tornaram molestadores de crianças.
Jeffrey Anderson, advogado de
Minnesota especializado em acções civis por abuso sexual, sabia da existência
de mais de 300 queixas contra padres católicos em quarenta e três estados em
1991, tendo ele próprio tratado de oito casos. O repórter Jason Berry descobriu
pelo menos cem acordos civis feitos pela Igreja Católica entre 1984 e 1990, totalizando
entre 100 milhões e 300 milhões de dólares. O padre Thomas Doyle, advogado canónico
da Igreja Católica Romana, calculou haver cerca de 3 mil sacerdotes molestadores
de crianças (uma média de dezasseis padres pedófilos por diocese). A. W.
Richard Sipe, psicoterapeuta e ex-sacerdote em Baltimore, autor de A Secret World:
Sexuality and the Search for Celibacy, fez um amplo estudo sobre a conduta sexual
dos padres e afirmou: a probabilidade de um padre católico nos Estados Unidos ser
sexualmente activo é de um em dois. Sipe estudou mil padres e 500 das suas vítimas
ou amantes. Descobriu que 20% dos padres estavam envolvidos em relacionamentos
sexuais com mulheres; 8% a 10% na exploração heterossexual; 20% eram
homossexuais, sendo metade deles activos; 6% eram pedófilos, quase 4% deles visando
meninos.
O escritório da revista
Freethought Today em Madison, Wisconsin, informou que recebe de três a quatro
recortes de jornais por semana de leitores comunicando uma nova acusação
criminal ou civil contra um padre ou ministro protestante. A revista pesquisou
os casos notificados nos Estados Unidos em 1988 e 1989 e descobriu 250 casos
com acusações envolvendo padres, ministros ou funcionários ministeriais nos Estados
Unidos e Canadá. Dos clérigos acusados, setenta eram padres católicos (39,5%) e
onze eram ministros protestantes (58%). Embora os padres representem
aproximadamente 10% do clero norte-americano, compunham 40% dos acusados. Com
resultados desconhecidos em cerca de um quinto dos casos, o estudo descobriu
que “88% de todos os clérigos acusados foram condenados (81% dos padres foram
condenados). (…) E a maioria dos casos não foi a julgamento. (…) Três quartos
de todos os clérigos que alegaram inocência foram considerados culpados. Cerca
de metade dos padres católicos que alegaram inocência foram condenados.
O
estudo revelou que os padres católicos foram inocentados ou tiveram as acusações
de abuso sexual infantil rejeitadas em proporção mais elevada do que os ministros
protestantes. Da mesma forma, os padres católicos tiveram uma proporção mais
elevada de sentenças suspensas quando condenados, e quando sentenciados passaram
muito menos tempo na cadeia ou prisão. Angela Bonavoglia, autora do livro Good
Catholic Girls: How Women Are Leading the Fight to Change the Church, observou
que muitos padres católicos em todo o mundo, México, América Latina, África e
Estados Unidos, mantinham relações
consensuais com mulheres. Muitos outros padres estavam envolvidos em
relacionamentos consensuais com outros homens adultos. É evidente que a crise
da Igreja é muito maior do que a questão da pedofilia ou do abuso sexual de
menores, ela escreveu. Envolve crimes e criminosos, sexo e poder, sim. Mas
trata-se fundamentalmente de hipocrisia». In Paul Jeffers, Mistérios Sombrios do
Vaticano, 2012, tradução de Elvira Serapicos, Editora Jardim dos Livros, 2013,
ISBN 978-856-342-018(7)-3(6).
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