A Garrafa
Que importa o
caminho
da garrafa que
atirei ao mar?
Que importa o
gesto que a colheu?
Que importa a
mão que a tocou
se foi a criança
ou o ladrão
ou filósofo
quem libertou a
sua mensagem
e a leu para si
ou para os outros.
Que se destrua
contra os recifes
eu role no areal
infindável
ou volte às
minhas mãos
na mesma praia
erma donde a lancei
ou jamais seja
vista por olhos humanos
que importa?
... se só de
atirá-la às ondas vagabundas
libertei meu
destino
da sua
prisão?...
Poema de Manuel Lopes, (1907-2005)