Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(e se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
com a morte a por humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(e se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
com a morte a por humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
[…]
Parte do poema de Álvaro de Campos,
in’A Tabacaria’, 1928
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