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de wikipedia e jdact
As
Crónicas sobre as Ordens Militares Portuguesas (Luís A. Fonseca e Maria C.
Pimenta)
«Jerónimo
Román, cronista espanhol da Ordem de Santo Agostinho, nasce possivelmente em 1536 e morre em 1597. Ordenado sacerdote em 1560, está assinalada a sua presença em
Portugal já em 1568. Quando regressa à pátria, aí escreve várias obras sobre a
história da congregação a que pertence e, sobretudo, as Republicas del Mundo,
impressa em Medina del Campo, em 1575.
No dizer de Augusto Cardoso Pinto, esta última é obra interessantíssima
sobre a vida, história, religião e costumes dos povos do universo. Tem,
aliás, sido sublinhado quanto esta obra encerra uma particular visão da
história universal, permitindo sugestivas conexões com nomes tão importantes
como o de Inca Garcilaso (que Román teria influenciado) ou o do próprio Las
Casas, cuja obra mostra conhecer. Anos mais tarde, em 1581, está de novo em
Portugal, nas Cortes de Tomar desse ano, onde Filipe II é aclamado rei. De
acordo com o que ele próprio declara no prólogo de uma outra obra sua, a Historia
de la vida del muy religioso varón fr. Luis Montoya de la Orden de Sant Augustin,
Vicario General en la Provincia de Portugal de la mesma Orden , entretanto,
desgostoso com a sua província, fixa-se em Portugal, em 1586 ou 1587 (Román
reside em Lisboa, no convento de Nossa Senhora da Graça, sede lusitana dos
Agostinhos;frei Jerónimo Roman visitou Tomar e Alcobaça em 1588 e 1589, tendo
passado por essa altura por Coimbra, parece que pela segunda vez; a visita a
Santa Cruz de Coimbra teria seguramente sido feita em data anterior a 1590).
Terá sido no decorrer desta última estada que recolhe múltipla informação que
lhe permitirá escrever um importante conjunto de obras sobre diversos aspectos
da história portuguesa.
Deixando
de parte a consideração do conjunto da obra historiográfica deste autor,
limitamo-nos a analisar os seus textos dedicados às Ordens Militares
portuguesas que são objecto de publicação neste volume (Cristo, Santiago e
Avis). Não são os únicos textos do frade agostinho dedicados às Ordens
Militares. Com efeito, no final da sua monumental obra, e mais conhecida, Republicas
del Mundo, depois de ter tratado das Ordens monásticas, inclui uma síntese
das principais milícias: origem e princípio das Ordens Militares em geral,
Santiago, Templo, Hospital, Calatrava, Pereiro, Alcântara, Montesa, Teutónica,
Cristo, Jarreteira, Tosão de Ouro; Avis, Montegaudio, Trujillo, Banda, S.
Miguel e outras; Santo Estêvão e S. Lázaro. É, aliás, um autor que conhece
bastante bem o tema, tanto do ponto de vista dos objectivos que presidiram à
fundação destas instituições, quanto da respectiva organização e estrutura
interna. Basta ler o capítulo inicial, onde Román apresenta uma visão geral das
Ordens, para o perceber. Nesta sequência, as ordens portuguesas são
apresentadas de forma não autónoma, integradas nos grandes conjuntos de que
fazem parte: assim, não é feita alusão a Santiago em Portugal, nem a Ordem de
Cristo é referida como um dos ramos sucessórios do Templo; e o mesmo acontece com
Avis, que é descrita juntamente com outras milícias de menor dimensão. Assim,
será nas três crónicas autónomas já referidas (as milícias portuguesas de Avis,
Santiago e Cristo) que Román vai incidir a sua atenção mais particular. Tratando-se
do mais antigo relato sobre a história destas Ordens Militares lusitanas, tem
sido objecto de referência frequente por parte dos estudiosos desta temática,
considerando que, em muitos casos, a informação deste cronista, é, tanto quanto
se sabe até a este momento, a única disponível. Neste sentido, não existindo
nenhuma edição dos mesmos textos, entendeu-se ser útil a sua publicação, divulgando-os
assim junto do público interessado. Resultado de um projecto de investigação
aprovado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia em 2004, e dirigido por Paula
Pinto Costa, este volume integra-se no conjunto de actividades desenvolvido
desde há anos pelo Seminário Internacional de Ordens Militares,
primeiro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e, desde 2007, no âmbito
do CEPESE (Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade).
São
textos com uma estrutura similar, mas a História da Ordem de Cristo apresenta
um desenvolvimento muito superior. Todos começam por considerar os problemas da
fundação, embora com diferentes matizes no tratamento do tema, de acordo com as
características de cada uma das milícias. No caso da Ordem de Avis, depois de
quatro longos capítulos dedicados às origens, passa-se imediatamente para a
exposição sobre o hábito e as insígnias. No caso da Ordem de Santiago, dada a
inicial história comum com Castela, o autor opta por destacar as relações com a
monarquia lusitana e os problemas da isenção do ramo português, para só depois
entrar na história do convento. Finalmente, no caso da Ordem de Cristo, os
problemas da extinção do Templo ocupam um considerável número de páginas
(constituindo, por assim dizer, uma continuação da introdução)». In Luís
Fonseca e Maria Pimenta, Militarium Ordinum Analecta, Fontes para o estudo das
Ordens Religioso-militares, nº 10, 2008, Fundação António de Almeida,
coordenação de Paula Costa, Projecto POCI/HAR/59789/2004, da Fundação para a Ciência
e a Tecnologia, 2008, ISBN 978-972-838-676-4.
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