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de wikipedia
«Maria
de Magdala, ou Maria Madalena, é a figura feminina mais citada no Novo
Testamento, ainda mais que a Virgem. Além disso, é personagem importante na
cena da ressurreição de Cristo. No Evangelho segundo Mateus ela é mencionada
directamente duas vezes. Em Mt. 27,56, na cena da crucificação, é a primeira a ser
nomeada entre as mulheres que acompanhavam Jesus desde a Galileia, e em Mt.
28,1, no relato da ressurreição, ocasião em que Jesus aparece às mulheres e ordena
que dêem a notícia aos apóstolos e que estes sigam até a Galileia, é novamente
lembrada em primeiro lugar: Maria Madalena e a outra Maria foram ver o
sepulcro. Marcos refere-se a ela quatro vezes. Na cena da crucificação, em
Mc. 15,40-41, ela é mais uma vez identificada como parte do grupo de mulheres
que seguiam a Jesus desde a Galileia e é citada, também, em primeiro lugar: estavam
também ali algumas mulheres, observando de longe; entre elas Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé. Um pouco mais à frente,
em Mc. 15,47, ela é apontada como testemunha do enterro: ora, Maria
Madalena, e Maria, mãe de José, observaram onde ele foi posto. O relato da
ressurreição segundo o Evangelho de Marcos é o que dá mais importância a
Madalena. Ela é destacada duas vezes: em Mc. 16,1, ela aparece indo comprar
aromas com outras mulheres para embalsamar Jesus; e em Mc. 16,9 afirma-se: havendo
ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a
Maria Madalena, da qual expelira sete demónios. O Evangelho segundo Lucas faz
alusões directas e indirectas a Maria Madalena. Em Lc. 8,2-3 ela é mencionada
como uma das mulheres que seguiam Jesus; dela saíram sete demónios; e, junto a
outras mulheres, prestava assistência a Cristo com os seus bens. Em Lc. 23, nos
relatos da morte e enterro de Jesus, ela figura como uma das discípulas que o
acompanhavam desde a Galileia, primeiro assistindo à crucificação e, depois,
preparando aromas e bálsamos para ungir o corpo do mestre. Por fim, em Lc. 24,10,
Madalena é a primeira a ser enumerada entre as mulheres que vão levar as boas
novas da ressurreição: eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; também
as demais que estavam com elas confirmaram estas coisas aos apóstolos. É só no
Evangelho segundo João que Madalena não é nomeada em primeiro lugar dentre
aquelas que assistem à crucificação de Jesus: e junto à cruz estavam a mãe de
Jesus, e a irmã dela, Maria, mulher de Cleopas, e Maria Madalena. Na segunda
vez em que é citada, em Jo. 20,1, Madalena vai ao sepulcro de madrugada e
encontra a pedra que o fechava revolvida, indo avisar o acontecido a dois
discípulos. Ou seja, ela é a protagonista do relato presente em Jo. 20,11-18,
quando, sozinha, chorando ao pé do túmulo, primeiro vê dois anjos e depois o
próprio Jesus, que conversa com ela. São estas as informações sobre Maria
Madalena contidas no Novo Testamento. A partir desses dados bíblicos, podemos
reconstruir alguns aspectos da sua biografia: Maria Madalena era uma mulher de
posses que vivia na cidade de Magdala; após uma experiência religiosa,
tornou-se discípula de Jesus, acompanhando-o nas suas viagens, junto a outros
discípulos, homens e mulheres, e inclusive financiando-o. Pela forma como é
nomeada, é possível inferir que possuía uma situação familiar incomum no seu tempo.
Diferentemente de outras mulheres das Escrituras, ela é identificada pelo seu
lugar de origem ao invés da referência a um homem, forma de designação mais
usada para as mulheres neste momento. Sendo Maria relacionada somente à sua
cidade, Magdala, aliás, de onde deriva o nome Madalena, é provável que ela
fosse uma mulher solteira e independente. Ainda que sejam escassas as
informações sobre Madalena, se comparadas às de outros personagens bíblicos,
não é isento de significado o facto de que ela é tratada mais vezes do que
qualquer outra mulher no Novo Testamento e, na maioria delas, em primeiro lugar.
Assim, sua figura despertou interesse e levou a exegese e à tradição posterior
a adicionar muitos outros elementos a esta personagem, tornando-a mais complexa.
Maria
Madalena nos Evangelhos Gnósticos
O
gnosticismo foi uma doutrina que inspirou a formação de um conjunto de seitas
cristãs, condenadas pela Igreja como heterodoxas, sobretudo nos três primeiros
séculos de nossa era. Embora as diversas seitas gnósticas possuíssem
divergências, tinham em comum o dualismo, que identificava o mal com a matéria,
e consideravam o bem como uma essência espiritual acessível apenas aos que
detinham a gnose (termo grego
que significa conhecimento superior das coisas divinas), do que
decorria a crença na salvação do homem justamente a partir da rejeição da carne».In A
Idade Média em Textos, Texto Anónimo, Século XIV, Andréia Frazão Silva, Carolina
Fortes, Fabrícia Carvalho, Maria Leandro Pereira, Shirlei Araújo Freitas, Vida
de Santa Maria Madalena, , Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa Estudos
Medievais, Edição Márcia Martins, 2002, ISBN 858-859-702-0.
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de UFRJaneiro/JDACT