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de wikipedia e jdact
Sismicidade
histórica
«(…)
Para uma melhor compreensão dos vários sismos, apresentam-se por ordem cronológica
algumas descrições da época: 309, 22 de Fevereiro, antes de amanhecer
ocorreu um espantoso terramoto em Portugal e em toda a Europa. (Rodriguez,
1932); 382, frei Bernardo
Brito, na Monarquia Lusitana, baseando-se em Amiano Marcelino e em Laymudo,
refere-se a um terramoto que causou grandes danos na Sicília, Grécia e
Palestina e também nas terras marítimas da Península Ibérica. Submergiram-se
ilhas situadas em frente do Cabo de S. Vicente, das quais actualmente ainda
existem vestígios, e esclarece Laymudo faz grande fundamento desta inundação
do mar, referindo-se quase as formais palavras do monge Eutrópio..., a
crescente do mar abriu algumas ilhas que antigamente se povoavam..., das quais
ficaram no meio do mar algumas rochas que o mar deixou descarnadas da terra, as
quais se vê..., principalmente no Cabo de S. Vicente, onde ficaram uns pequenos
sinais de certa ilha antiga..., podemos conjecturar que nesta ruína pereceria a antiga ilha Eritreia que, segundo Pomponio
Mella, esteve na costa da Lusitânia. (...) (...) A existência de ilhas ao
largo de S. Vicente é assinalada por Estrabão nos seguintes termos: o
litoral adjacente ao promontório sagrado (Cabo de S. Vicente) forma o começo do
lado ocidental da Ibéria até à boca do Tejo e o começo do lado meridional até à
foz de outro rio chamado Anas (Guadiana)... Este cabo (promontório Sagrado)
marca o extremo ocidente não só da Europa, mas de toda a terra habitada...
Artimidoro, que diz ter estado naquele sítio, compara-o na forma de um navio;
segundo ele, o que ainda mais faz lembrar um navio é a proximidade das três
ilhotas de tal modo colocadas, que uma figura o esporão, e as outras duas com o
duplo porto assaz considerável que formam, figuram epótides do navio. São
estas as ilhas que, segundo Eutrópio, desapareceram em consequência do sismo e maremoto.
No que se refere à ilha Eritreia que frei Bernardo Brito conjectura que tenha desaparecido por ocasião deste terramoto, não
pode ser localizada com precisão, pois parece ter havido mais do que uma com o
mesmo nome. (Moreira, 1991)
Moreira
Mendonça diz que neste ano houve um grande terramoto no qual padecerão muito
as terras marítimas de Portugal. Subverterão-se ilhas, de que ainda ao presente
apparecem algumas eminencias defronte ao cabo de S. Vicente. A zona
epicentral talvez fosse o afundiamento em oval lusitano-hispano-marroquino. No
ano 345,
antes da era cristã, o mesmo autor diz que houve grandes terramotos de terra em
Espanha, tendo-se submergido uma parte da ilha de Cadiz e, portanto, talvez a
zona epicentral tivesse sido no mesmo afundimento. (Sousa, 1919) Neste ano
houve terramotos por quase todo o mundo, sofrendo muito as costas marítimas de
Portugal. Apareceram e desapareceram ilhas, das quais ainda existem alguns vestígios
frente ao Cabo de S. Vicente. (Rodriguez, 1932); 1356, no dia 24 de Agosto, quarta-feira,
pouco antes do pôr do Sol houve um grande terramoto em toda a Península que
provocou o badalar dos sinos das igrejas e abriu de alto a baixo a capela-mor
da Sé de Lisboa que poucos dias antes se acabara de edificar por ordem de
el-rei Afonso IV. Esta capela já tinha sido destruída pelo terramoto de 1344.
(...) (...) Este terramoto provocou grande pânico e destruições em Espanha, especialmente
na Andaluzia. Em Sevilha houve estragos na torre da catedral (Giralda) e em Córdova
também houve destruições, tendo morrido muitas pessoas e arruinaram-se
bastantes igrejas. Ayala (1591) diz que houve um terramoto em dia de S.
Bartolomeu, caíram as manzanas que estavam na torre de Santa Maria de Sevilha,
e tremeu a terra em muitos lugares do reino e fez grande estremecimento no
reino de Portugal e do Algarve. (...) (...) Não se encontrou todavia
qualquer referência a maremoto provocado por este sismo. (Moreira, 1991); 1504
(...) No dia 5 de Abril um sismo com epicentro na região de Carmona (Espanha)
causou aí grandes destruições, arruinando a catedral e outras igrejas, além de
muitas casas, e causou a morte de muitas pessoas. Este sismo parece ter causado
destruição no Algarve. Navarro Neuman, Montandon (1953) e Ferreras (1724)
referem todavia que, em Portugal, os abalos ocorreram no fim do Outono. Alguns
autores referem-se ainda a réplicas durante o ano de 1505. (Moreira, 1991)» In
Luís Mendes Victor, A Sismologia e a Dinâmica Planetária, Seminário
Internacional sobre Prevenção e Protecção das Construções contra Riscos
Sísmicos, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Lisboa, 2004,
ISBN
972-865-414-6.
Luís
Alberto! Que estejas na paz!
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