domingo, 17 de junho de 2012

Henrique VI. Rei Enfermo que sofreu Dramático Destino. «A normalidade da vida nacional fica assim perturbada, dividida em dois partidos, o da ‘Rosa Vermelha’, de apoio ao rei; e o da ‘Rosa Branca’, favorável ao duque de York. A guerra civil estala, devastando o país com todo o seu cortejo de horrores»



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«A atmosfera política não podia ser mais favorável aos seus desígnios. A perda sucessiva de todas as províncias das Inglaterra em França, neste reinado de Henrique VI, fizera extravasar o descontentamento da nação. Aproveitando, habilmente, a exaltação do povo inglês pelos penosos acontecimentos, não foi difícil a Ricardo (neto de Edmundo, 1º duque de York e filho de Ana Mortimer, herdeira da casa de Clarence, portanto de linhagem real) levantar o estandarte da revolta nesse ano de 1450 e congregar à sua volta um avultado número de adeptos.
A normalidade da vida nacional fica assim perturbada, dividida em dois partidos, o da ‘Rosa Vermelha’, de apoio ao rei; e o da ‘Rosa Branca’, favorável ao duque de York. A guerra civil estala, devastando o país com todo o seu cortejo de horrores.
Apaziguado o ambiente, em 1453, por intervenção do monarca, o nascimento d um herdeiro e a enfermidade do rei que começou a sofrer das faculdades mentais como seu avô, Carlos VI, faz aumentar o conflito, numa série de violências e intrigas, conseguindo o duque de Yorq, sem nessa altura ir mais longe nas suas pretensões, ser eleito Protector.

Não ficara, porém, satisfeita a rainha com tal nomeação, que outorgava a Ricardo poderes especiais. Desconfiada dos ocultos intentos do York, contrafeita pela sua proximidade da corte, ela espreita apenas a oportunidade melhor para se libertar do rival, sacudi-lo do poder. Não esperou muito, pois, dois anos decorridos, pôde satisfazer o seu desejo. O York era destituído das suas funções em 1455.
A guerra civil crepita de novo, envolvendo implacavelmente no fogo destruidor as duas facções em luta. Somerset tomba no campo de batalha, morto pelo York, e, este, sempre auxiliado pelo hábil Warwick, encorajado pelo desaire infligido ao inimigo, marcha contra as forças de Henrique VI, com estas travando a batalha de Saint-Albans em 1455. Aqui, o soberano recebe a afronta de ser aprisionado pelo rival.
Uma aparente trégua reconciliou, em princípio, os dois partidos, mas isso ,não passa dum fogo de vistas efémero e enganador. A luta entre ambos logo recomeçou, mais assanhada e brutal, procurando cada um dos contendores a vitória decisiva, que assegurasse a tranquilidade do reino. A situação tinha forçosamente de ser esclarecida, e um deles, o mais fraco, teria de dar lugar ao outro.

O país precisava de paz, todos o reconheciam, e a rainha mais do que todos. Mas, exactamente porque Margarida tinha agora um supremo fito na vida: a defesa dos interesses de seu filho, convinha-lhe resolver em definitivo o problema da guerra, batendo de vez o irrequieto rival do trono.
Ela, resolutamente, de ânimo íntegro e forte, reorganiza o seu exército e, em 1460, supondo-se apta para a luta, enfrenta a força do partido da “Rosa Branca”, em Northampton». In Américo Faria, Dez Monarcas Infelizes, Livraria Clássica Editora, colecção 10, Lisboa, s/d.

Cortesia de Livraria Clássica Editora/JDACT