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«Sabemos muito pouco
sobre a biografia de Henrique Caiado e o que registamos da sua vida ou são
frutos que colhemos dos livros de alguns investigadores ou são alusões do
próprio poeta, patentes, nas suas poesias. O senhor Mustard, na sua
introdução, apresenta-nos um curriculum uitae, de Caiado, bem sucinto,
que assim nos serviu de alicerce. O poeta é português, originário de Lisboa. Começou
os seus estudos, nesta mesma cidade e foi discente destacado de Gonçalo Rombo e
Cataldo Parisio Siculo, mais tarde, completou a sua vida académica em algumas
cidades da Itália.
NOTA: Caiado nasceu, em
Lisboa, provavelmente, no terceiro quartel do séc. XV, pois, em 1489, depois de
se ter formado na Universidade de Bolonha, em Direito, foi à Universidade de Florença
começar a assistir às aulas do seu mestre predilecto Ângelo Policiano. Naquela
época como também nos dias de hoje, estudar fora do seu país natal dava ‘status’, além disso, outros dois
motivos levaram Caiado a sair de Portugal: primeiro foi o desejo de conhecer
mais a fundo a cultura da Itália e o segundo motivo foi para estudar e se
formar em Direito com o consentimento e apoio financeiro de seu pai. O rei João
também permitiu que Caiado saísse porque via nele um poeta promissor para os
fins políticos da realeza, em Portugal.
Chama-se Henrique e, em
sua edição mais recente, faz questão de afirmar que o seu nome é Henricus,
por outro lado, denomina-se, na poesia, Hermicus. Leiamos o início da
introdução do Mustard (1931):
- The author was Henrique Cayado, a young Portuguese scholar who came from Lisbon and studied in various cities of Italy. In some of the prose dedications of the earlier edition he calls himself “Henricus”, but in his poetry he is regularly “Hermicus”. [O autor era Henrique Caiado um jovem estudante que veio de Lisboa e estudou em várias cidades da Itália. Em algumas de suas dedicatórias, em prosa da edição mais recente, ele chama-se “Henricus”, contudo na sua poesia ele é regularmente Hermicus]
O pai de Henrique Caiado
chamava-se Álvaro Caiado, (um homem de muito prestígio e aceitação na corte
portuguesa, pelos seus feitos militares) que fez, ao longo de sua vida, bons
serviços ao seu país, por terra e por mar e de sua mãe não se sabe nada. Quanto
aos seus estudos, vale registrar que Caiado estudou Direito, em Bolonha,
obrigado pelo seu pai, visto que, na verdade, a sua paixão e apreço estavam
voltados às Letras, à Literatura e à Poesia. Mais uma passagem do texto de
Mustard (1931) sobre este assunto:
- “After studying at Lisbon under Gonçalo Rombo and Cataldo Parisio Siculo, he was sent to Italy to study law, but always found himself more interested in literature and poetry”. [Depois do estudo em Lisboa, sob a direção de Gonçalo Rombo e Cataldo Parísio Sículo, ele foi enviado à Itália para estudar Direito, mas sempre se achou mais interessado na literatura e na poesia]
Diz Tomás da Rosa, no livro
As Éclogas de Henrique Caiado, que Caiado amara, preferencialmente, as
Letras e desprezara a disciplina da oratória: “Caiado dedicara-se de
preferência às Letras, que o seduziam, pondo de parte a árida disciplina de
Direito”.
Todas as suas obras
estão reunidas, na edição do Corpus Illustrium Poetarum Lusitanorum ( cada vez mais rara) do séc. XVIII do
Pe. António dos Reis e Manuel Monteiro no vol. I. Assim afirmam Óscar Lopez e
António José Saraiva na História da Literatura Portuguesa:
- (...), todo um conjunto de poesias em latim, sobretudo bucólicas (Henrique Caiado, Jorge Coelho, as irmãs Sigeias, Joana Vaz, e outros incluídos no Corpus Illustrium Poetarum Lusitanorum qui latine scripserunt, editado pelos padres António dos Reis e Manuel Monteiro em 1745-48).
NOTA: Sabemos que há um
exemplar desta edição, na Universidade de Coimbra. Esta conceituada universidade
tem a colectânea do Pe. António dos Reis e Manuel Monteiro com toda a obra de Caiado
que foi reeditada por eles. Vale enfatizar que o professor Mustard, na sua
obra, The Eclogues of Henrique Cayado, indica, no prefácio, a edição que
lhe serviu de base, a de Bolonha, de 1501, intitulada Aeglogae et Syluae et
Epigrammata Hermici. Contudo, a primeira edição de Caiado saiu, em 1496,
incompleta, e há um exemplar dela, no Museu Britânico. Estas duas antigas
edições foram dedicadas ao Rei Emanuel I.
Feliciano Ramos (1967),
crítico literário, comenta que os poetas Diogo de Teive e Henrique Caiado foram
os dois que mais se destacaram em Portugal, na arte de poetar, no período do Renascimento.
Vejamos:
- De entre os escritores que poetaram em latim, merecem ser referenciados os nomes de Diogo de Teive, Henrique Caiado, cujas Éclogas têm sido objecto de certa atenção crítica no estrangeiro.
Concordamos com a
afirmação acima de Feliciano Ramos, visto que há alguns estrangeiros que se
interessaram em pesquisar não só a vida, como também a obra bucólica, de Caiado.
Citemos, por exemplo, o estudioso inglês, Mustard, que escreveu um livro
denominado The Eclogues of Henrique Cayado. Neste, encontramos um
prefácio, uma introdução, textos das nove éclogas, à frente dos quais figura
uma epístola dedicada ao rei Manuel I, outrossim, apresentam-se abundantes
notas nas quais há referências às fontes latinas em que Caiado se inspirou para
escrever seus versos, com um apêndice». In
Márcio Moitinha Ribeiro, Revista Philologus,
Círculo de Estudos Filológicos e Linguísticos, Ano 14, N° 41, Brasil, Rio de Janeiro,
CIFEFIL, Maio/Agosto 2008.
Cortesia
de Revista Philologus/JDACT