Cortesia de ediouro
Nascimento da Ordem
«Dois anos depois, em
1120, o rei de Jerusalém elaborou nova forma de combater a ameaça muçulmana; ou
seja, pela primeira vez a cidade de Jerusalém seria protegida pela construção,
de uma enorme muralha para fortalecer a sua defesa. Medidas tarifárias em
relação aos alimentos também foram tomadas, isentando-os de qualquer taxa com o
objectivo de povoá-la pelos cristãos. Torná-la mais atraente era o objectivo, e
a presença da Ordem do Templo era o meio de alcançá-lo. Não se obteve, contudo,
sucesso nessas medidas, pois tanto a presença dos cavaleiros Templários quanto
as políticas revelaram-se ineficazes.
Diante disso, e vendo os
anos se passarem sem qualquer alteração no rumo dos acontecimentos, o mestre da
Ordem, Hugo de Payns, decidiu deslocar-se para o Ocidente, em 1126, a fim de
recrutar cavaleiros europeus. Numa série de viagens e servindo-se de diversos
contactos estabelecidos através da personalidade de São Bernardo, Hugo obteve
resultados animadores. Os cronistas, com certo exagero, divulgaram que ele conseguira
mais adeptos do que o papa Urbano II para a Primeira Cruzada. Documentos
público comprovavam que muitos nobres ou venderam seus bens ou levantaram
empréstimos a fim de participarem de uma cruzada.
Numa carta de
encorajamento dirigida aos cavaleiros Templários em Jerusalém, Hugo tentou
incutir neles a ideia de uma espécie de renascimento da Ordem, através da
repetição da mensagem principal, ou seja, a de serem monges-guerreiros,
inspirados pelas Escrituras Sagradas.
Graças ao apoio bem-sucedido
de São Bernardo, em Janeiro de 1128, o Concílio de Troyes reuniu-se com o objectivo
de analisar as pretensões de Hugo de Payns e de André de Montbard. Entre os
membros do Concílio contavam-se, entre outros, Bernardo, o abade de Clairvaux,
o núncio do papa e os arcebispos de Reims e Sens. Precisamente pela decisão
dessas personalidades da Igreja por ordem do papa Honório e de Estêvão, patriarca
de Jerusalém, foi criada uma norma como diretriz de actuação para a Ordem,
sendo-lhes atribuído o hábito branco. Esse foi o melhor apoio que a Ordem
poderia receber, na Idade Média, porque ela deixou de ser uma organização
clandestina para ganhar notoriedade e reconhecimento pela Igreja Católica.
Plano da Jerusalém
latina; o Plano de Cambrai, 1150
jdact
Fundamentos teóricos
- "Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna à qual foste chamado, como o reconheceste numa bela profissão de fé em presença de numerosas testemunhas. Trava a luta excelente da fé, apega-te firmemente à vida eterna para a qual foste chamado e fizeste uma excelente declaração pública diante de muitas testemunhas". In 1 Timóteo, 6:12
A Regra era uma
norma de regimento interno da Ordem, com setenta e dois artigos, acrescidos de
mais quatro na tradução francesa, a qual foi essencialmente elaborada por São
Bernardo, o patrono dos Templários e também organizador da Ordem Cisterciense.
Através da obra de Henri de Curzon, podemos observar alguns excertos
fundamentais da também apelidada Regra Latina, apresentada e aprovada
pela Igreja no Concílio de Troyes, em 1128. No seu artigo 2.°, o prólogo da regra,
não tinha nada de bom, pois São Bernardo definiu o perfil do cavaleiro ao
criticar o estado em que se encontrava a cavalaria, por terem os cavaleiros
subvertido as suas verdadeiras atribuições:
- "Eles desprezavam o amor à justiça que era pertinente a seu papel, e não faziam o que deveriam. Em vez de defender os pobres, as viúvas, os órfãos e a Igreja, competiam para estuprar e matar".
Subentende-se que tenha
havido um ideal de Cavalaria que os Templários gostariam de restaurar. Ainda
nesse prólogo, esses valores perdidos eram enfatizados:
- "Acima de todas as coisas quem quer que sejais um cavaleiro de Cristo, que escolhais apenas assuntos sagrados, vós que fizestes o juramento deveríeis acrescentar puro zelo e firme perseverança que são valiosos e sagrados e reconhecidos como virtudes elevadas, de modo que, se cumprirdes isso em toda a vossa pureza e eternidade, sereis digno de fazer companhia aos mártires que deram suas almas por Jesus Cristo".
Todo o restante da Regra
seguiu a diretriz de seu prólogo, na qual expôs-se o novo conceito de
Cavalaria de Cristo». In Pedro Silva, História e Mistérios dos Templários, Rio
de Janeiro, Ediouro, 2001, Pdf, ISBN 85-00-00757-5.
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