Há nos teus olhos de oiro um tal fulgor
E no teu sorriso tanta claridade,
Que ao lembrar-me de ti é ter saudade
Duma roseira brava toda em flor.
Tuas mãos foram feitas para a dor,
Para os gestos de doçura e piedade;
E os teus beijos de sonho e de ansiedade
São como a alma a arder do próprio Amor!
Nasci envolta em trajes de mendiga;
E, ao dares-me o teu amor de maravilha,
Deste-me o manto de oiro de rainha!
Tua irmã... teu amor... e tua amiga...
E também, toda em flor, a tua filha,
Minha roseira brava que é só minha!...
A poetisa calipolense (Imagem 2, 3, 4, 5, 6), a Bela, nasceu em Dezembro de 1894 e viria a suicidar-se no dia em que completaria 36 anos de idade, a 8 de Dezembro de 1930 na cidade de Matosinhos. O período em que viveu Florbela Espanca foi conturbado em Portugal, pois entre o ano de 1894 no século XIX e 1930 quase só houve tempo para mudanças, tanto a nível histórico-político, quanto cultural.
Mulher-poetisa insaciável que ousou, contra a misogenia então reinante, proclamar na vida a poesia e mostrar-se em todas as suas contradições.
JDACT/Ângela Marques/Moderna Editorial Lavores.
Desenho de Apeles Espanca, seu irmão.
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