terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vladimir Mayakovsky: Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo. Frequentemente citado como um dos maiores poetas do século XX bem como «o maior poeta do futurismo»

(1893-1930)
Bagdadi, Geórgia, Rússia
Cortesia de candidoneto

Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky foi um poeta, dramaturgo e teórico russo, frequentemente citado como um dos maiores poetas do século XX, ao lado de Ezra Pound e T.S. Eliot, bem como «o maior poeta do futurismo».
Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos 15 anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo.
Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou 11 meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlebnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes.
Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou a sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Mayakovsky dedicou-se a desenhos e legendas para cartazes de propaganda. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a «esquerda das artes», isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.

Cortesia de unisinos
Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo.

Aproximando-se de David Burliuk na década de 1910, passa a escrever num estilo aproximado do Cubismo e do Futurismo, influenciado pelo primitivismo eslavista e pela linguagem transracional de Velimir Khlebnikov e outros, repleto de imagística urbana e surpreendente, com um certo ar impressionista e simbolista. Esta fase da sua poesia é apreciada por poetas como Boris Pasternak, em função de manter alguns recursos simbolistas e métrica rigorosa nalguns poemas.

Cortesia de unisinos
Oficialmente, suicidou-se com um tiro em 1930, sem que isto tivesse relação com a actividade literárira e social. Mas o facto é que o poeta estava a ser pressionado pelos programas oficiais que desejavam instaurar uma literatura simplista e dita realista, dirigidos por Molotov, perseguindo antigos poetas revolucionários como o próprio Maiakovski. Deste modo, aponta-se a possibilidade real de um suicídio forjado por motivos políticos.

http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1930/mes/maiakovsky.htm

Cortesia de dasideiasdecaioruda
Cortesia de wikipédia/JDACT

José Pinto Peixoto: Um génio. Capítulo IX

Cortesia de wikipédia 

O Professor Doutor José Pinto Peixoto nasceu na Beira Interior a 8 de Novembro de 1922 e faleceu em Lisboa em 6 de Dezembro de 1996. Foi um dos mais destacados geofísicos e meteorologistas portugueses. Dos seus trabalhos destacam-se os estudos da circulação global da atmosfera e em particular do ciclo global da água na atmosfera. Em 1946 ingressou no Serviço Meteorológico Nacional, actualmente com a designação de Instituto de Meteorologia, I. P..


Centro de Documentação, IM
Cortesia de meteo
No Massachussets Institute of Technology (MIT) trabalhou com Victor Staar, Edward Lorenz, Barry Saltzman e Abraham Oort, cientistas de mérito reconhecido no estudo da circulação global da atmosfera. Esta colaboração com a equipa do MIT manteve-se desde 1956 e até ao momento da sua morte.
Os seus ensinamentos foram «aroma» para toda a minha vida profissional. Como homenagem para o amigo Professor JPP publico algumas «sebentas».

Cortesia de flipkart

A colaboração com Abraham Oort está na origem do livro «Physics of Climate» (1992), considerado uma obra notável, sendo JPP aclamado como o mestre dos mestres da climatologia nacional. Foi um Professor convidado de universidades estrangeiras de mérito indiscutível e publicou uma vasta obra científica em revistas nacionais e estrangeiras. Foi Presidente da Academia das Ciências de Lisboa.

(Meteorologistas. Capítulo IX)
JDACT/com a colaboração de AA.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Temática, O Budismo: As Grutas de Yungang. Embora árduo e com imenso sacrifício humano, os escultores dos budas das grutas de Yungang transmitem-nos uma «outra» maneira de viver, onde se extrai os mais altos benefícios da vida

Cortesia de portuguesecri

Ao afirmar que na proximidade de uma das cidades produtoras de carvão da China há 51 mil budas esculpidos na pedra, pode parecer algo estranho. No entanto, em anterior conversa já me tinha debruçado sobre a  cidade de Datong e outras grutas envolventes. 
A temática do budismo é deslumbrante e assume uma prática de vida, melhor, uma filosofia de vida que revela a sabedoria onde a ciência do conhecimento e a inteligência predominam.
Ao pesquisar uma colecção de grutas que se estendem por 1 km, onde o trabalho árduo de milhares de pessoas num período longo de anos, é um encantamento para os olhos e para uma paz interior. Trata-se de uma felicidade e harmonia  que o budismo trouxe a milhões de pessoas ao longo da sua história de mais de 2500 anos.

Por tudo isto, afirmo, que o Budismo é uma religião prática, virada para condicionar a mente inserida no nossso cenário quotidiano, de modo simples a levá-la à paz e serenidade, à alegria e sabedoria, à liberdade e humanismo na «quase perfeição». Deste modo, embora árduo e com imenso sacrifício humano, os escultores dos budas das grutas de Yungang transmitem-nos uma «outra» maneira de viver, onde se extrai os mais altos benefícios da vida.



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wikipédia/JDACT

Irene Lisboa: Poesia. «E neste movimento, neste balouço, adormeço, Cá, lá... morte, vida... morte, vida... Todas as ausências, todas as negações»


Cortesia de wook

PEQUENOS POEMAS MENTAIS
Mental: nada, ou quase nada sentimental.
I
Quem não sai de sua casa,
não atravessa montes nem vales,
não vê eiras
nem mulheres de infusa,
nem homens de mangual em riste, suados,
quem vive como a aranha no seu redondel
cria mil olhos para nada.
Mil olhos!
Implacáveis.
E hoje diz: odeio.
Ontem diria: amo.
Mas odeia, odeia com indômitos ódios.
E se se aplaca, como acha o tempo pobre!
E a liberdade inútil,
inútil e vã,
riqueza de miseráveis.
II
Como sempres, há-de-chegar, desde os tempos!
Vozes, cumprimentos, ofegantes entradas.
Mas que vos reunirá, pensamentos?
Chegais a existir, pensamentos?
É provável, mas desconfiados e inválidos,
Rosnando estúpidos, com cães.
Ó inúteis, aquietai-vos!
Voltai como os cães das quintas
ao ponto da partida, decepcionados.
E enrolai-vos tristonhos, rabugentos, desinteressados.
III
Esse gesto...
Esse desânimo e essa vaidade...
A vaidade ferida comove-me,
comove-me o ser ferido!
A vaidade não é generosa, é egoísta,
Mas chega a ser bela, e curiosa!
E então assim acabrunhada...
Com franqueza, enternece-me.
Subtil
A minha mão o que, julgo, ridiicularizas,
de que desconheces a suavidade,
cerra-te pacificamente os olhos
e aquieta benignamente o ar.
Paira sobre a tua cabeça, móbil, branda,
na prática de um velho rito,
feminil, piedoso, desconhecido e inconfesso.
IV
Ó luxúria brutal, perversa e felina,
dos outros, alheia,
sem pensamentos nem repouso!
retira-me da frente o venenoso cálice,
a tua peçonha adocicada.
Que a morte, o nirvana, a indiferença
dos longuíssimos anos sem sobressaltos, me retome.
Abro os braços e meço: cá, lá... cá, lá...
solidão, infinita solidão!
E neste movimento, neste balouço, adormeço,
Cá, lá... morte, vida... morte, vida...
Todas as ausências, todas as negações.
V
Os poetas cumprimentam-se, delicados.
Cada um como seu metro, o seu espírito, a sua forma;
as suas credenciais...
Mas são simpáticos os poetas!
Sensíveis, femininos, curiosos.
Envolve-os um mistério.
Não! Esta é a linguagem de toda gente: o mistério...
Que mistério?
Os poetas são apenas reservados, são apenas...
perturbados e capciosos.
VI
Cai um pássaro do ar, devagar, muito devagar.
E as árvores soturnas não se mexem.
Estio!
Não se vêem bulir as árvores, em bloco, ou aos arcos, estampadas...
Elegante Lapa! Sol fosco, paisagem de manhã.
A gente do sítio, pobreza e riqueza, ainda recolhida.
Aqui, uma janela discreta que se abre, preta, cega.
Ali outra fechada.
E esta alternância, bastante irregular, vai-se repetindo, repete-se...
E eu, ai eu! Prisioneira, sempre prisioneira; tão enfadada!

(In Revista de Portugal, n. 3, 1938)

Cortesia de antologiadoesquecimento
Cortesia de Revista de Portugal/JDACT

TEMÁTICA, o FADO: Manuel de Almeida. «Sapateiro de profissão, começou a cantar o fado com 10 anos de idade, mas a sua timidez jogou contra o seu talento natural. Considerado um dos últimos grandes fadistas castiços»

(1922-1995)
Cortesia de macua




Cortesia de cidadefmvc


JDACT

domingo, 28 de novembro de 2010

O Moliceiro. Aveiro: Considerado o mais elegante. São pintados com cores fortes e desenhos, representrando os mais diversos temas, desde cenas românticas ou religiosas, a motivos humorísticos, é um barco de trabalho para a apanha do moliço. Um concurso «brejeiro» para a proa e popa

Cortesia de ruimendesfoto

Moliceiro é o nome dado aos barcos que circulam na Ria de Aveiro, região lagunar do Rio Vouga. Esta embarcação era originalmente utilizada para a apanha do moliço, mas actualmente mais usados para fins turísticos.
É um dos ex-libris de Aveiro, em conjunto com os Ovos Moles e a Universidade. De entre os barcos típicos da região, o moliceiro é considerado o mais elegante, apesar da decoração colorida e humorística, é um barco de trabalho para a apanha do moliço, o qual era a principal fonte de adubagem nas terras agrícolas de Aveiro.

Cortesia de ideotario
São barcos de borda baixa para facilitar o carregamento do moliço. São pintados com cores fortes e desenhos, representrando os mais diversos temas, desde cenas românticas ou religiosas, a motivos humorísticos. Os moliceiros têm uma proa e uma popa muito elegantes que normalmente estão decorados com pinturas que ridicularizam situações do dia a dia. Nesta base, houve um concurso, direi melhor, um concurso brejeiro relacionado com a colorida decoração.

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Nota: No tocante à palavra caralhoz é uma espécie de bivalve de forma tubular alongada, muito comum na Ria de Aveiro.

O comprimento total é cerca de 50 metros, a largura de boca 2,50 metros. Navega em pouca altura de água. O castelo da proa é coberto. Como meios de propulsão usa uma vela, a vara e a sirga. A sirga é um cabo que se utiliza na passagem dos canais mais estreitos ou junto às margens, quando navega contra a corrente ou contra o vento. É construído em madeira de pinheiro.

A amizade de JRC/TC
Cortesia de wikipédia/CMAveiro/JDACT

Miguel Torga: «O sorriso das pedras, e a candura do instinto. És aquele alimento de quem, farto de pão, anda faminto»

Cortesia de reflexoesexteriores

À Beleza
Não tens corpo, nem pátria, nem família,
Não te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.

És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.

És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.

És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.

És a beleza, enfim. És o teu nome.
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço...
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço.
Miguel Torga

Cortesia de mardepedra 
Poema Melancólico a não sei que Mulher
Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
Miguel Torga

JDACT

sábado, 27 de novembro de 2010

Terramoto de 1755. Lisboa: Uma nova recriação virtual mostra como era Lisboa antes do sismo. Ruas e edifícios que ruíram, como a Casa da Ópera ou a Rua Nova dos Ferros, ergueram-se agora da destruição. A viagem a essa Lisboa antiga pode fazer-se até ao pf dia 31 de Dezembro no Museu da Cidade

Cortesia de SWD Agency

Com a devida vénia a Teresa Firmino.

Uma nova recriação virtual mostra como era Lisboa antes do sismo de 1755. Ruas e edifícios que ruíram, como a Casa da Ópera ou a Rua Nova dos Ferros, ergueram-se agora da destruição.
A viagem a essa Lisboa antiga pode fazer-se até ao pf dia 31 de Dezembro no Museu da Cidade.

«Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto, Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina. O Museu da Cidade, em conjunto com a empresa portuguesa SWD Agency, recriou virtualmente ruas, praças e edifícios emblemáticos da capital antes da destruição provocada pelo sismo de 1755. Como era a capital no dia 31 de Outubro de 1755, véspera do dia fatídico que arrasou Lisboa? Uma nova recriação virtual mostra como eram as ruas, os edifícios que ruíram, a Casa da Ópera ou a Rua Nova dos Ferros. Os visitantes do Museu da Cidade poderão agora ver como era a capital, em vídeos em 3D e reconstituições com a possibilidade de rotação a 360 graus de uma determinada parte da cidade pré-pombalina». In Jornal PÚBLICO


Cortesia DN Artes
Recuemos até 31 de Outubro de 1755, véspera do sismo que arrasou Lisboa. Deambulemos pelo emaranhado de ruas sujas e nauseabundas, de traça medieval, e depois continuemos a pé até à beira do Tejo. Entre o labirinto de casas e ruelas desordenadas, abre-se o Terreiro do Paço, praça ampla com uma fonte no meio: de um dos lados, sobressai o torreão do Paço da Ribeira, onde vivem o rei e a corte. Não muito longe, encontramos a Igreja da Patriarcal, a recém-construída Ópera do Tejo ou a Ribeira das Naus, onde ficam estaleiros de construção naval. Maqueta de Lisboa antes do terramoto de 1755 (Foto: DR)

No dia seguinte, 1 de Novembro, pelas 9h30min da manhã, a crosta terrestre rompeu-se no mar, ao largo de Portugal, e a terra tremeu com uma tal violência que grande parte da cidade ficou reduzida a escombros. Com magnitude de 8,5 graus, um dos maiores sismos de que há memória, o terramoto de 1755 é considerado a primeira grande catástrofe natural da história.

Cortesia de aguaeterra
Uma hora e meia depois chegou o maremoto, gerado pela deformação no fundo do mar quando se deu o sismo, e inundou a zona ribeirinha da capital. Por último, os incêndios. Os fogões no casario denso, sempre acesos, atearam fogos que cobriram Lisboa de negro.
Terão morrido 10 mil pessoas, nas estimativas recentes, entre as 200 mil que habitavam a cidade. Umas terão ficado debaixo dos escombros. Aquelas que fugiram para as margens do Tejo, sobretudo o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, foram apanhadas pela onda, que chegou com 5 metros de altura e avançou 250 metros terra adentro.




Cortesia de memoriavirtual
Foi em cima destas ruínas que renasceu uma Lisboa de ruas largas e geométricas na Baixa, tal como conhecemos agora. A cidade erguida da catástrofe, cujos trabalhos de reconstrução foram dirigidos por Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro Marquês de Pombal, sepultava assim muitos vestígios da antiga, descrita nos textos da época como caótica, cujas ruas e becos não obedeciam a qualquer plano prévio. Descreviam-na ainda como nojenta, as bacias com dejectos eram despejadas no Tejo, e contava-se que estava sempre a ser fustigada por incêndios.

Cortesia de SWD Agency  


Cortesia de SWD Agency

Cortesia de SWD Agency/Museu da Cidade/DN Artes/Teresa Firmino/JDACT

Fascínios da Matemática: A Anatomia e a Secção de Ouro

Cortesia de apuestasruleta

Com a devida vénia a Theoni Pappas, The Joy of Mathematics, Fascínios da Matemática, Editora Replicação, Lda, 1ª edição, Junho de 1998, ISBN 972-570-204-2.

A Anatomia e a Secção de Ouro

Leonardo da Vinci estudou exaustivamente as proporções do corpo humano. O desenho abaixo apresentado foi analisado detalhadamente, tendo-se constatado que ilustra a utilização da secção de ouro (1). Pertence ao livro que ele ilustrou Para o matemático Luca Pacioli, intitulado De Divina Proportione e publicado em 1509.


Cortesia de Theoni Pappas


A secção de ouro encontra-se igualmente presente num trabalho inacabado de Leonardo da Vinci, S. Jerónimo, pintado por volta de 1483.
A figura de S. Jerónimo inscreve-se perfeitamente num rectângulo de ouro que pode ser sobreposto ao desenho. Admite-se que tal não tenha sucedido por acaso mas porque Leonardo construiu a figura deliberadamente de acordo com a secção de ouro, devido ao seu grande interesse pela matemática e pela utilização desta em muitos dos seus trabalhos e ideias. Segundo as palavras do próprio Leonardo, « … nenhuma investigação humana pode ser considerada ciência se não abrir o seu caminho por meio da exposição e da demonstração matemáticas».


S. Jerónimo, de Leonardo da Vinci, cerca de 1483
Cortesia de Theoni Pappas
Cortesia de Theoni Pappas/JDACT

O Oboé: As notas graves são densas e ricas; as mais agudas, rarefeitas e penetrantes. O som é nasalado e mais áspero quando comparado com o timbre claro e aberto da flauta. Considerado por muitos como um instrumento de difícil execução, que é compensada pela beleza do seu som

Cortesia de oboe





Cortesia de archivesbthesite



JDACT

Oliveira Martins: Os Filhos de D. João I. Parte II, ... Daqui resultou a cruel tragédia de Fernando Affonso, amante de uma dama da corte, e dos validos mais queridos de D. João I, que às escondidas lhe recommendou juizo. Mas fê-lo, provavelmente, como estas coisas se passam entre amigos: rindo

Cortesia de pnsintraimc-ip

Com a devida vénia a Paulo Campos.
Os Filhos de D. João I de Joaquim Pedro Oliveira Martins, 3 1761 042963371, Casa Editora, ANTIGA LIVRARIA CHARDRON, Lugan & Genelioux, Successores, Porto. Lisboa, Imprensa Nacional, MDCCCXCI, Library University of Toronto, Oct 6 1967

Cortesia de Paulo Campos

A CORTE E O CONSELHO (continuação)
«Foi o seu último filho. D. Filippa acabou por gerar um santo, ela em cujo ventre se formara a semente de tão grandes homens. Quinze annos (1387 a 1402) de um procrear incessante: abençoadas entranhas! E durante este período, no vigor da vida, entre os trinta e os quarenta e cinco, o rei não teve um bastardo. Que singular mudança houvera nos costumes da corte: dessa corte que vinte anos antes aclamára Leonor Telles?

Diz-nos D. Duarte que o rei e a rainha fizeram casar mais de um cento de mulheres, entrando na conta as que ele próprio casou também, seguindo tão bons exemplos. Não havia uma ligação ilícita, nem um adultério conhecido. A corte era uma escola. D. Filippa, pregando ao peito o seu véu de esposa casta, com os olhos levantados ao céu, não perdoava. Terrível, na sua mansidão, trazia o marido sobre espinhos. De uma vez, segundo reza a lenda, em Sintra, o rei esqueceu-se, e furtivamente pregava um beijo na nuca, ou na face, de uma das aias, quando surgiu logo, acusadora e grave, sem uma palavra, mas com um ar medonho, a rainha
casta e loura. D. João, enfiado, titubeando, disse-lhe uma tolice: «Foi por bem!» Ela, partiu solenemente. Eram ciúmes? Não; só tem ciúmes quem tem paixão. Era aquele sentimento exclusivamente saxónio, para o qual também só há palavra na língua inglesa: era o cant, essa mistura inconsciente de orgulho e convenção que, ficando abaixo da religião do dever, está muito por cima da hipocrisia, isto é, da simulação consciente dele.

Cortesia de almapaixonada

Não há sentimentos mais despóticos e absorventes do que estes sentimentos quasi artificiais, em que a ingenuidade aparece enleiada pela convenção. A rainha não perdoava; mas que diferença, entre a sua intolerância hirta, e a virtude humana e espontânea, a virtude quente e alegre do condestável! O rei passara das mãos dele para as da esposa, que fazia empalidecer esse valente quando o fitava com os seus olhos azuis impassíveis. Por fortuna, a rainha era tão virtuosa e boa, quanto sincera.
No propósito firme de lhe obedecer, D. João, porém, excedia os limites da humanidade. Com a lembrança da casa em que nascera presente sempre, a rainha exigira o casamento imediato de toda a corte. Nem requebros, nem amores, nada! o casamento cru e direito, como ordena a santa madre igreja. Combinavam os enlaces, qual devia convir para fulana, ou vice-versa, de forma que um dia um, outro dia outro, recebia a ordem terminante concebida nestes termos: «Manda-vos el-rei dizer que vos façaes prestes para desposar de manhã». —Quem? — «Não importa; lá o sabereis». E assim se casou toda a corte, sendo este um exemplo para convencer os românticos do que a disciplina pode sobre os homens; pois a geração desse tempo, que por tais processos deveria produzir o cúmulo da desordem, foi um perfeito modelo de força e virtude.
E ai daquelle que, por folia ou por paixão, não tomava a sério as regras prescritas. O cant é descaroável, e ao serviço da preocupação da rainha punha o rei o seu temperamento violento de homem de guerra. Daqui resultou a cruel tragédia de Fernando Affonso, amante de uma dama da corte, e dos validos mais queridos de D. João I, que às escondidas lhe recommendou juizo. Mas fê-lo, provavelmente, como estas coisas se passam entre amigos: rindo. Ele, pelo menos, não tomou o caso a sério, e, simulando uma viagem a Santa Maria de Guadalupe, devoção muito em moda no tempo, meteu-se na alcova da aia para rezar. O rei, que o soube, talvez ainda risse, mas demitiu-o. O rapaz aceitou a demissão, para o quarto da dona onde se foi aninhar, e onde el-rei o mandou prender. Começava a ser grave. No caminho da prisão, Fernando Affonso, á cautela, fugiu para Santo Eloy. Na corte ia um borborinho enorme com o caso, que a rainha devia considerar uma abominação. Foi ela que obrigou o marido a sair? Não se sabe; mas o facto é que D. João I largou do paço (de apar S. Martinho, junto ao Limoeiro) numa fúria. Deixara em meio a sesta, e saiu mal vestido, coberto com um mantéu, em ceroulas, correndo a pé para a igreja onde o desgraçado se asilara, subindo ao altar e abraçando-se à imagem da Virgem. Pois aí mesmo o mandou o rei prender, sem atenção ao direito sagrado de asilo, que era uma das válvulas de segurança inventadas pela crença ingénua para moderar as explosões da violência dos tempos. Para o prenderem, os homens do rei tiveram de despedaçar a Virgem, que veio do altar abaixo com ele. Adúltero, ficava sacrílego.
No dia seguinte, logo, sem processo, o rei mandou queimar vivo o desgraçado no Rossio.

Cortesia de forumpatria

Hoje, o cant não dá lugar a tragédias desta ordem. Os costumes são outros, outros os nervos; mas o cant é, como sempre foi, o despotismo mais desapiedado, o mais absorvente e o mais tirano. D. João I obedeceu-lhe tanto, que se transformou; acabando por dar o tom e ser o tipo que serviu de grave exemplo a seus filhos. Devoto, empregava os ócios na tradução das Horas Marianas; literato, escrevia o livro da Monteria: por isso os filhos todos, mais ou menos, mas principalmente D. Duarte e D. Pedro, se criaram com a devoção das letras e em particular das letras místicas. Lançada esta semente no torrão fecundo da alma nacional, entusiasticamente afirmativa, desabrochou, três ou quatro gerações depois, nessa poderosa vegetação do fervor católico, delirante na época de D. João III.
Agora, na alvorada dos dias de fogo e sangue, a luz aparecia difusamente suave; o mundo apresentava-se como uma doce e atraente harmonia; e as paixões transcendentes, ainda em botão, serviam apenas para corroborar, com a sua autoridade superior, os preceitos da vida prática. Encarada a essa luz, a existência propunha-se como um dever sagrado, e o reinar como um ofício duro. D. João I, conta seu filho, sentindo os cargos do rei, em uma roupa fez bordar um camelo, por ser besta de maior carga, com quatro sacos, em que eram postos sobre cada um estas letras:
  • no primeiro, temor de mal reger;
  • no segundo, justiça com amor e temperança;
  • no terceiro, contentar corações desvairados;
  • no quarto, acabar grandes feitos com pouca riqueza.
Estavam em moda as divisas e motos simbólicos. Nestas quatro expressões sintéticas se resumiam com efeito as ideias públicas do tempo. Via-se o génio do bastardo de D. Pedro I, herdando do pai o instinto da economia: obter grandes resultados com pequeno gasto; via-se o desejo de ser bom e amorável, tomando a realeza como um patriarcado, qual fora também o do rei justiceiro; via-se, porém, finalmente, um sentimento que é novo: o medo de mal reger, o escrúpulo, o receio de errar, que faz do ofício dos reis um peso capaz de carregar um camelo.

Cortesia de tugasco

Este aparecimento do escrúpulo, exprimindo a noção do dever, traduz a nova face transcendente que a vida adquiria. Viver é uma coisa séria; reinar, a mais séria das ocupações. O rei começa a sentir-se o órgão da nação e a chave da abóbada do estado, que surge como uma construção ideal, ou por outra, uma obra de arte. Foram-se os tempos ingénuos do instinto bárbaro, que fazia dos príncipes instrumentos cegos da valentia e da cobiça próprias, governando os povos como rebanhos. Foi-se também o fetichismo antigo, que prostrava os reis de rastos diante da cleresia, trementes com medo do inferno. A filosofia entra na corte: uma filosofia moralmente infantil, misturada com superstições astrológicas; mas filosofia em todo o caso, isto é, amor do saber e obediência aos ditames da reflexão. Foram-se os tempos antigos, e estão distantes ainda as idades vindouras, em que a amarga lição das coisas ensinará o cepticismo, e em que o duro ofício de reinar parecerá o ócio cómodo que Deus dá aos príncipes para seu regalo.
A moda das divisas e motos, introduzida, com outros inglesismos, pelo casamento de D. João I: moda feudal que nos chegou em francês por serem normandos que a tinham levado com o feudalismo para Inglaterra: essa moda importa pouco em si, mas significa muito, porque as divisas da família de Aviz exprimem todas a nova ordem de ideias que a corte respirava e de que vivia. Facto é, porém, que o formalismo ritual da cavalaria veio dar corpo, e portanto consciência e consistência, aos sentimentos de galhardia e lealdade portuguesas, expressos em numerosas lendas históricas, e encarnados no vulto épico do condestável, que
não era menos nobre, nem menos bravo, do que foram depois os homens educados pela leitura dos Amadis. O mestre de Aviz, todavia, primeiro rei estrangeiro que entrou na «santa confraria da Garrotea», abriu um lugar à fidalguia nacional nas legiões da cavalaria europeia». In Os Filhos de D. João I de Joaquim Pedro Oliveira Martins, 3 1761 042963371, Casa Editora, ANTIGA LIVRARIA CHARDRON, Lugan & Genelioux, Successores, Porto. Lisboa, Imprensa Nacional, MDCCCXCI, Library University of Toronto, Oct 6 1967.

Cortesia de feriasparatodos

Cortesia de J P Oliveira Martins/Paulo Campos/Universidade de Toronto/JDACT

Rodrigo Leão: Um digno representante deste «rectângulo continental europeu», onde quer que seja

Cortesia de bonequinhatrapos





Cortesia de tribodaluz



JDACT

Luís de Freitas Branco: Um compositor português e uma das mais importantes figuras da cultura portuguesa do século XX. A mais elevada personalidade musical da sua geração

Cortesia de naoutramargemeuropacds





Cortesia de mmpcm-cascais

JDACT

Haendel: Periodo Barroco, Ópera Teseo.

Cortesia de musicwebinternational








Cortesia de americanas

JDACT