sábado, 20 de novembro de 2010

A Fortaleza de Alandroal: uma típica fortificação gótica, de planta tendencialmente oval (integrando um pequeno bairro intra-muralhas), com torre de menagem adossada à cerca e porta principal (designada por Porta Legal) harmónica, protegida por duas torres quadrangulares, ligeiramente avançadas para permitir um maior raio de tiro vertical sobre a entrada

Cortesia de casepagam

O Alandroal foi elevado à categoria de vila em 1486, por uma Carta de Foral atribuída por D. João II.
É sede de um município subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Vila Viçosa, a leste por Espanha, a sul por Mourão e por Reguengos de Monsaraz e a oeste pelo Redondo. Ao concelho do Alandroal foram anexados, no século XIX, os territórios dos antigos municípios de Terena e Juromenha. A povoação de Villarreal, situada no município de Olivença (Espanha), era uma povoação do antigo concelho de Juromenha.

Cortesia de porterrasdoalentejo
A opinião do IGESPAR:
«O castelo gótico do Alandroal é uma das melhor datadas obras de arquitectura militar do período dionisino, graças a duas inscrições, comemorativas do arranque e da conclusão dos trabalhos de construção. A primeira data de 6 de Fevereiro de 1294 (BARROCA, 2000, vol. 2, t.1, pp.1108-1113) e encontra-se sobre uma das portas da fortaleza. Por ela sabemos que o promotor do projecto foi o Mestre da Ordem de Avis, D. João Afonso, que colocou a primeira pedra nessa data. A segunda corresponde ao dia 24 de Fevereiro de 1298, sendo mestre da Ordem D. Lourenço Afonso, e localiza-se no alçado ocidental da Torre de Menagem (actualmente integrado na Sala do Tesouro da igreja matriz) (IDEM, pp.1140-1144).

Cortesia de IGESPAR
No espaço de apenas 4 anos, procedeu-se, assim, à edificação do conjunto fortificado, informação que é preciosa para a caracterização da arquitectura militar ao tempo de D. Dinis, mas também para o reconhecimento do grande investimento que a Ordem de Avis efectuou, por esses anos, em castelos no Alentejo, de que são também exemplo os de Noudar e Veiros.

Mas esta fortaleza é ainda importante sob outros aspectos, nomeadamente quanto à identidade e formação cultural do seu arquitecto. Uma terceira inscrição, datada criticamente entre 1294 e 1298 (localizada no torreão direito da porta do castelo) refere expressamente o nome do responsável pela condução dos trabalhos, um homem oriundo da comunidade muçulmana e auto-intitulado «Eu, Mouro Galvo» (IDEM, pp.1114-1118).
Este letreiro tem sido considerado uma das mais importantes marcas mudéjares no nosso país e revela a existência de um albanil islâmico a comandar a edificação de um castelo, num tempo em que os inimigos não eram já, em primeira instância, as forças muçulmanas do Sul da península.

Cortesia de IGESPAR 
Independentemente do seu arquitecto, o castelo é uma típica fortificação gótica, de planta tendencialmente oval (integrando um pequeno bairro intra-muralhas), com torre de menagem adossada à cerca e porta principal (designada por Porta Legal) harmónica, protegida por duas torres quadrangulares, ligeiramente avançadas para permitir um maior raio de tiro vertical sobre a entrada.


 JDACT
A torre de menagem é uma estrutura pesada, de planta quadrangular e de três pisos, cujo acesso ao interior encontra-se, actualmente, entaipado. A ela adossou-se, algum tempo depois, a igreja matriz da localidade e, em 1744, o seu terraço foi aproveitado para implantar uma torre do relógio. Ao castelo associava-se a cerca da vila, cujo urbanismo é muito simples, com uma única via (Rua do Castelo) no sentido Oeste-Leste, flanqueada por duas portas, a Legal e a do Arrabalde, cujo pé-direito contém a «vara», célebre medida padrão seguida nas trocas comerciais.
À parte esta padronização estrutural (certamente orientada pela Ordem de Avis), o arquitecto deixou algumas marcas da sua formação cultural, de que se destaca a lápide com o seu nome. Uma outra é a janela de arco em ferradura localizada numa das torres e outros aspectos podem ainda atribuir-se a este mudéjar, assim se faça um estudo rigoroso e monográfico do castelo, como as pretensas semelhanças entre o sistema de torres entre esta fortificação e as muralhas almorávidas de Sevilha, sugeridas por Fernando Branco CORREIA, 1995-97, p.127.

JDACT
Não parece que Alandroal desempenhasse um papel de grande relevância na organização das linhas militares da região, pois cedo se iniciou a sua decadência. Em 1606, grande parte das construções no interior da cerca encontravam-se já arruinadas e, no século XVIII, o recinto foi objecto de algumas transformações importantes, como a destruição da barbacã para se edificarem os novos paços do concelho e a construção da cadeia comarca no interior das muralhas. Só na década de 40 do século XX se procedeu a obras de restauro, que incidiram preferencialmente na reconstrução de alguns troços e na desobstrução da estrutura de numerosas casas que, ao longo dos séculos, se haviam adossado às muralhas». In IGESPAR, PAF.

Cortesia de IGESPAR/wikipédia/JDACT