segunda-feira, 15 de maio de 2023

O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincolin. «.Nos anos que se seguiram o rei procurou obstinadamente obter o original de Les Bergers d'Arcadie, de Poussin. Quando finalmente conseguiu, guardou o quadro em seus apartamentos privados, em Versalhes»

 

Cortesia de wikipedia e jdact

O Mistério. A Intriga

«(…) Como talvez fosse de se esperar, após a exibição do filme recebemos um dilúvio de cartas, elogiosas ou excêntricas. Algumas ofereciam  intrigantes sugestões. Uma delas, que o autor não desejava ver publicada, parecia merecer especial atenção. O missivista era um padre anglicano aposentado que parecia ser um curioso e provocador non sequitur. Escreveu com certeza e autoridade categóricas, com asserções claras e objectivas, sem titubeios, e com aparente descaso por acreditarmos ou não no que dizia. O tesouro, declarou sem escândalo, não envolvia ouro ou pedras preciosas. Era, ao contrário, uma prova irrefutável de que a crucificação havia sido uma fraude e que Jesus vivera até 45 d.C.

Isso soou, evidentemente, absurdo. O que seria, mesmo para um ateu convicto, uma  prova irrefutável da sobrevivência de Cristo à crucificação? Éramos incapazes de imaginar algo crível que pudesse constituir não somente prova, mas, além disso, fosse irrefutável. Ao mesmo tempo, a abrupta extravagância da afirmação pedia esclarecimentos.

Como o autor da carta havia fornecido endereço para retorno, na primeira oportunidade fomos vê-lo para tentar uma entrevista. Ele foi muito mais reticente no contacto pessoal. Aparentou arrependimento por nos haver escrito. Recusou-se a desenvolver sua referência à prova irrefutável e só ofereceu um fragmento adicional de informação. A prova, ou sua existência, havia sido revelada a ele por outro clérigo anglicano, Alfred Leslie Lilley.

Lilley, que morreu em 1940, havia publicado muito e não era desconhecido. Durante a maior parte de sua vida, mantivera contatos com  o Movimento Modernista Católico, baseado principalmente em Saint Sulpice, em Paris, e conhecia Emile Hoffet.

A trilha tornou-se circular, mas a conexão entre Lilley e Hoffet nos impedia de rejeitar sumariamente as afirmações do nosso missivista. Evidências similares de um segredo monumental haviam surgido durante nossa pesquisa sobre a vida de Nicolas Poussin, o grande pintor do século XVII, cujo nome reaparecia ao longo da história de Saunière. Em 1656, Poussin, que vivia em Roma, teria recebido uma visita do abade Louis Fouquet, irmão de Nicolas Fouquet, superintendente de finanças de Luís XIV da França. De Roma, o abade despachara uma carta a seu irmão, descrevendo sua visita a Poussin. Parte desta carta merece menção. Nós discutimos certas coisas que devo sem óbice ser capaz de explicar-lhe em detalhes,  coisas que lhe darão, através do Senhor Poussin, vantagens que mesmo reis teriam dificuldades em obter e que, segundo ele, é possível que ninguém mais venha a redescobrir nos próximos séculos. São coisas tão difíceis de descobrir que nada sobre a Terra, hoje, pode significar melhor ou igual fortuna.

Nenhum historiador ou biógrafo de Poussin ou Fouquet explica esta carta, que se refere claramente a um assunto misterioso de imensa importância. Logo depois de recebê-la, Nicolas Fouquet foi detido e encarcerado por toda a vida. Segundo alguns relatos, foi mantido incomunicável,  alguns historiadores o vêem como o provável Homem da Máscara de Ferro. Toda sua correspondência foi confiscada por Luís XIV, que a  inspecionou pessoalmente. Nos anos que se seguiram o rei procurou obstinadamente obter o original de Les Bergers d'Arcadie, de Poussin. Quando finalmente conseguiu, guardou o quadro em seus apartamentos privados, em Versalhes.

Embora de grande qualidade artística, o quadro é aparentemente ingénuo. Três pastores e uma pastora, em primeiro plano, estão reunidos em volta de uma grande e antiga tumba, contemplando a inscrição na pedra envelhecida: ET IN ARCADlA EGO. No fundo vislumbra-se uma paisagem montanhosa, irregular, do tipo geralmente associado com Poussin. Segundo Anthony Blunt e outros especialistas em Poussin, essa paisagem é totalmente mística, produto da imaginação do pintor. Entretanto, no início dos anos 70, uma tumba real foi localizada, idêntica àquela do quadro,  idêntica em cenário, dimensões, proporções, forma, vegetação e até mesmo» In Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincolin, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Editora Nova Fronteira, 2015, ISBN 978-852-090-474-9.

Cortesia de ENFronteira/JDACT

JDACT, Michael Baigent, Richard Leigh, Henry Lincolin, Literatura, Religião, Conhecimento,