sábado, 13 de maio de 2023

O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincolin. «Seus paroquianos tampouco foram negligenciados. Saunière lhes presenteava com banquetes sumptuosos e outras generosidades, mantendo assim o estilo de vida de um potentado»

Cortesia de wikipedia e jdact

O Mistério. Rennes-le-Chateau e Berenger Saunière

«(…) Uma parte dessa inexplicada riqueza foi empregada em excelentes obras públicas, a construção de uma rodovia moderna até a cidade, por exemplo, e a introdução de facilidades para água corrente.

Outras despesas foram mais quixotescas. Uma torre foi levantada, a Torre Magdala, com vista para a montanha. Uma opulenta casa de campo foi construída, chamada Villa Bethania, que Saunière pessoalmente nunca ocupou. E a igreja não só foi decorada de novo, como o foi de um modo muito bizarro. No pórtico, acima da entrada, a seguinte inscrição foi gravada:

TERRIBILlS EST LOCUS ISTE. (Este local é terrível). No interior, logo na entrada, foi erigida uma estátua horrenda, uma representação do demónio Asmodeus, detentor de segredos, guardião de tesouros escondidos e, segundo antiga lenda judaica, construtor do Templo de Salomão. Nas paredes da igreja, placas ostensivamente pintadas representavam as estações da Via Sacra.

Cada uma delas era caracterizada por alguma estranha inconsistência, algum detalhe inexplicável, algum desvio, flagrante ou subtil, da narrativa oficial das Escrituras. Na estação VIII, por exemplo, havia uma criança envolta numa capa escocesa. Na estação XIV, que retrata o corpo de Jesus sendo levado à tumba, aparecia um fundo de céu nocturno, escuro, dominado por uma lua cheia. Como se Saunière estivesse tentando dizer algo. Mas o quê? Que o enterro de Jesus ocorreu após o início da noite, várias horas depois do que diz a Bíblia? Ou que o corpo estaria sendo levado para fora da tumba e não para dentro dela?

Enquanto realizava esses adornos curiosos, Saunière continuou a gastar de maneira extravagante, coleccionando porcelana rara, tecidos preciosos e mármores antigos, criando um jardim e um zoológico e reunindo uma biblioteca magnífica. Pouco antes de sua morte ele estava, supostamente, planeando a construção de uma torre como a de BabeI, forrada de livros, de onde pretendia pregar.

Seus paroquianos tampouco foram negligenciados. Saunière lhes presenteava com banquetes sumptuosos e outras generosidades, mantendo assim o estilo de vida de um potentado. No seu remoto e ao mesmo tempo próximo e inacessível ninho de águia, recebia inúmeros hóspedes ilustres. Um deles, é claro, era Emma Calvé.

Outro era o ministro da Cultura do governo francês. Talvez o mais augusto visitante do desconhecido padre provinciano tenha sido o arquiduque Johann Von Habsburgo, um primo de Franz Josef, imperador da Áustria. Extratos bancários revelaram depois que Saunière e o arquiduque haviam aberto contas no mesmo dia, e que este último havia transferido para a conta do primeiro uma soma substancial.

As autoridades eclesiásticas fizeram, no início, olhos de mercador sobre o assunto. Contudo, quando o superior de Saunière morreu, em Carcassonne, o novo bispo tentou chamar o padre à ordem. Saunière respondeu com uma desobediência inesperada e insolente. Recusou-se a explicar sua riqueza e a aceitar a transferência que o bispo ordenava. Na falta de uma acusação mais substancial, o bispo acusou-o de vender missas ilicitamente, e um tribunal local o suspendeu. Saunière apelou para o Vaticano, que o exonerou e depois o reinvestiu». In Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincolin, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Editora Nova Fronteira, 2015, ISBN 978-852-090-474-9.

Cortesia de ENFronteira/JDACT

 JDACT, Michael Baigent, Richard Leigh, Henry Lincolin, Literatura, Religião, Conhecimento,