quinta-feira, 10 de junho de 2021

O Símbolo Perdido. Dan Brown. « O homem fez uma pausa de vários segundos. Como o senhor talvez saiba, nesta cidade existe um antigo portal. Um antigo portal?»

 


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«(…) Onde? Langdon percebeu que estava apertando o telefone móvel com tanta força que os seus dedos estavam ficando dormentes. O Araf? O Hamistagan? Aquele lugar ao qual Dante dedicou o livro imediatamente posterior ao seu lendário Inferno? As referências religiosas e literárias do homem aumentavam as suspeitas de Langdon de que estava lidando com um louco. O segundo livro. Langdon o conhecia bem; ninguém consegue escapar da Academia Phillips Exeter sem ler os cantos de Dante. Está dizendo que acha que Peter Solomon está..., no purgatório? Vocês cristãos usam uma palavra rude, mas sim, o sr. Solomon está no mundo intermediário. As palavras do homem se demoraram nos ouvidos de Langdon. Está dizendo que Peter está..., morto? Não, não exactamente. Não exatamente?!, berrou Langdon, sua voz ecoando com força pelo salão. Uma família de turistas olhou para ele. Ele lhes virou as costas e baixou a voz. Em geral a morte é ou não é! O senhor me surpreende, professor. Imaginava que tivesse uma compreensão melhor dos mistérios da vida e da morte. Existe de facto um mundo intermediário..., um mundo no qual Peter Solomon está actualmente suspenso. Ele pode voltar para o seu mundo ou pode passar para o outro..., dependendo de como você haja neste momento. Langdon tentou processar o que ele dizia.

O que quer de mim? É simples. O senhor obteve acesso a algo muito antigo. E hoje à noite vai compartilhar isso comigo. Não faço ideia do que está falando. Não? O senhor finge não entender os antigos segredos que lhe foram confiados? Langdon teve uma súbita sensação de vertigem, suspeitando por fim do que aquilo provavelmente se tratava. Antigos segredos. Não havia mencionado a ninguém sequer uma palavra sobre as suas experiências de vários anos atrás em Paris. Contudo, os fanáticos do Graal haviam acompanhado de perto a cobertura da comunicação social, sendo que alguns conseguiram ligar os pontos e acreditavam que Langdon agora detinha informações secretas relacionadas ao Santo Graal, e talvez até a sua localização.

Olhe aqui, disse Langdon, se isso tiver a ver com o Santo Graal, posso lhe garantir que não sei nada mais do que... Não ofenda a minha inteligência, sr. Langdon, disparou o homem. Não tenho nenhum interesse em algo tão frívolo quanto o Santo Graal ou o patético debate da humanidade para saber qual versão da história está correcta. Discussões inúteis sobre a semântica da fé não me interessam nem um pouco. São perguntas que só se respondem com a morte. Aquelas palavras duras deixaram Langdon confuso. Então de que estão falando? O homem fez uma pausa de vários segundos. Como o senhor talvez saiba, nesta cidade existe um antigo portal.

Um antigo portal?

E hoje à noite o senhor vai destrancá-lo para mim. Deveria se sentir honrado por eu ter entrado em contacto... Professor, o senhor vai receber o convite da sua vida. O senhor foi o único escolhido. E você enlouqueceu. Desculpe, mas você escolheu mal, disse Langdon. Eu não sei nada sobre nenhum antigo portal. O senhor não está entendendo, professor. Não fui eu que o escolhi... foi Peter Solomon. O quê?, retrucou Langdon, sua voz pouco mais que um sussurro.

O sr. Solomon me disse como encontrar o portal e confessou que somente um homem no mundo seria capaz de destrancá-lo. Ele também falou que esse homem é o senhor. Se Peter disse isso, estava enganado..., ou mentindo. Acho que não. Ele estava fragilizado quando fez essa confissão, e tendo a acreditar nele. Langdon sentiu uma pontada de raiva. Estou avisando, se machucar Peter de alguma forma... É muito tarde para isso, disse o homem como se estivesse achando graça. Eu já tirei o que precisava de Peter Solomon. Mas, para o bem dele, sugiro que me dê o que necessito do senhor. O tempo urge..., para vocês os dois. Sugiro que o senhor encontre o portal e o destranque. Peter apontará o caminho. Peter? Pensei que tivesse dito que ele está no purgatório». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

Cortesia de BertrandE/JDACT

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