segunda-feira, 5 de julho de 2010

Adolfo Norberto Lopes: No Diário de Lisboa desenvolveu a sua mais demorada actividade como escritor, cronista, repórter e jornalista, de estilo muito apreciado, pela clareza, objectividade e imparcialidade

(1900-1989)
Vimioso
Cortesia de Aida Sofia Lima
Adolfo Norberto Lopes, jornalista e escritor. Obteve a licenciatura em Direito na Universidade de Lisboa, mas nunca exerceu a profissão, por ter enveredado pelo jornalismo no qual se iniciou em 1919 no diário lisboeta O Século. Pouco depois, 1921, fundou com Pinto Quartim, o jornal Última Hora, de curta vida, e logo a seguir entrou para a redacção do Diário de Lisboa, dirigido por Joaquim Manso. Neste jornal desenvolveu a sua mais demorada actividade como escritor, cronista, repórter e jornalista, de estilo muito apreciado, pela clareza, objectividade e imparcialidade. Assumiu a direcção do jornal em 1956 e nessa qualidade ali se manteve até 1967, ano em que abandonou o cargo para fundar em 1968 o diário A Capital, a que deu o carácter de um jornal moderno, e que dirigiu até 1970.
Cortesia de acpc.bn
Escreveu livros em colaboração com outros jornalistas, por ex. Morais Carvalho e publicou variadíssimas reportagens de acontecimentos e de viagens que efectuou um pouco por todo o mundo. A memória registou a que fez da viagem aérea de Gago Coutinho e de Sacadura Cabra.
Participou na fundação do Sindicato dos Jornalistas e da Caixa de Reformas e de Pensões dos mesmos. Pelos seus méritos recebeu a insígnia de ouro do Sindicato dos Jornalistas ( 1968) e o Prémio de Imprensa Artur Portela ( 1986). Agraciado com a Ordem da Liberdade (1981), foi sócio correspondente da Academia das Ciências (desde 1977) e membro eleito, pela Assembleia da República, do Conselho de Comunicação Social.
O Sindicato dos Jornalistas instituiu um Prémio de Reportagem com o seu nome. Obra de referência da sua vasta bibliografia (muito ampliada depois de abandonar a direcção de A Capital, em conferências, artigos regulares no Diário de Notícias, ele.) é o estudo dedicado à vida do antigo Presidente da República e escritor Teixeira Gomes.
As suas obras principais:
  • A Filha de Lázaro. Lx.ª, 1922;
  • O Crime de Augusto Gomes. Lx.ª, 1924 (de col. com Artur Portela);
  • A Cruz de Brilhantes. LX.ª, 1923;
  • O Cruzeiro do Sul, Porto, 1923;
  • O Exilado de Bougie. Lx.ª, 1942;
  • Perfil de Teixeira Gomes. Lx.ª, 1942;
  • Emigrantes, Lx.ª, 1964;
  • Visado pela Censura (A Imprensa, Figuras, Evocações da Ditadura à Democracia. Lx.ª, 1975;
  • Sarmento Pimentel ou uma Geração Traída. Diálogos com o Capitão Sarmento Pimentel. Lx.ª, 1976;
  • Alexandre Ferreira, no centenário do seu nascimento, Lx.ª, 1977;
  • A Magnífica Aventura de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Lx.ª, 1978;
  • Perfil do Jornalista Joaquim Manso. Lxª., 1979;
  • A Posição Espiritual de Guerra Junqueiro. Lx.ª, 1980;
  • A Crise do Livro em Portugal. Lx.ª, 1982.
«... dado a uma vida ao ar livre, dedicando os meses de temperaturas amenas à natação, conversava longas horas com os sobrinhos netos sobre desporto. Mas também contava as aventuras vividas durante a Guerra Civil de Espanha, que acompanhou de perto, durante a travessia aérea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, e muitas outras aventuras e peripécias que os anos dedicados ao jornalismo imprimiram na sua vida. Mais tarde, conta Domingos Jerónimo, «criou-se entre mim e o meu tio Norberto uma relação muito próxima, porque partilhávamos os dois por Trás-os-Montes, e Vimioso em particular, uma obsessão de bom fundo. Era um transmontano de gema, que sempre estudou a região». Detentor de uma biblioteca notável, Norberto Lopes, antes de morrer, legou todo o seu espólio à Câmara Municipal de Vimioso, o que permitiu constituir a actual Biblioteca Municipal Adolfo Norberto Lopes. «Norberto Lopes, com subtil sentido da impersonalidade, do não levantar a voz, que precisamente o assinalou em meio século de imprensa portuguesa como um dos nossos maiores comentadores e mais finos analistas. Um homem que nunca ambicionou o poder, mas que não consentia que ele fosse a presa dos leões de fáceis Césares ou dos lobos de falsos democratas negaceando no povoado com samarras de cordeiro, Vitorino Nemésio». In Aida Sofia Lima, Mensageiro Notícias. 
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