sábado, 10 de julho de 2010

Matilde Rosa Araújo: «Eu devia ter uma pena de Luz para contar esta história. E não tenho. Mas os olhos dos meninos são luz e quem lê há-de emprestar luz às minhas palavras». «Ser delicado é uma maneira de ser bom. É como se déssemos flores»

(1921-2010)
Lisboa
Cortesia de areaprojecto6cjovim
Matilde Rosa Lopes de Araújo foi uma escritora portuguesa, especializada em literatura infantil. Matilde Rosa Araújo foi professora do Ensino Técnico-Profissional, e formadora de professores na Escola do Magistério Primário de Lisboa.
Autora de mais de 40 livros (contos e poesia para adultos) e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças. Dedicou-se à defesa dos direitos das crianças através da publicação de livros e de intervenções em organismos com actividade nesta área, como a UNICEF em Portugal.
Cortesia de publico
Em 1980, recebeu o Grande Prémio de Literatura para Crianças, da Fundação Calouste Gulbenkian, e o prémio para para o melhor livro infantil, pela mesma fundação. Em 1996, pelo seu trabalho Fadas Verdes (livro de poesias de 1994), Matilde Rosa Araújo recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em Maio de 2004, foi distinguida com o Prémio Carreira, da Sociedade Portuguesa de Autores.

A Obras:
  • Capuchinho cinzento;
  • A Garrana (ficção, 1943);
  • Estrada Sem Nome (ficção, 1947);
  • A Escola do Rio Verde (1950);
  • O Livro da Tila (literatura infantil, 1957);
  • O Palhaço Verde (literatura infantil, 1960), (considerado como o melhor livro estrangeiro, pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, em 1991);
  • Praia Nova (ficção, 1962);
  • História de um Rapaz (1963);
  • O Sol e o Menino dos Pés Frios (literatura infantil, 1972);
  • O Reino das Sete Pontas (1974);
  • Balada das Vinte Meninas (literatura infantil, 1977);
  • As Botas do Meu Pai (literatura infantil, 1977);
  • Camões Poeta, Mancebo e Pobre (literatura infantil, 1978);
  • Voz Nua (poesia, 1982);
  • A Velha do Bosque (literatura infantil, 1983);
  • O Passarinho de Maio (literatura infantil, 1990);
  • Fadas Verdes (1994);
  • O Chão e a Estrela (ficção, 1997);
  • O Gato Dourado (literatura infantil);
  • Lucilina e Antenor (2008);
«De Matilde que posso dizer mais? Mais do que as sua próprias palavras dizem? Nem me atrevo.
De Matilde, o nome, a escrita, a poesia, o Mundo das fadas, as crianças e os direitos delas, a escola e a escrita, as palavras e os textos. De Matilde, um Mundo encantado do aprender e saber olhar.
De Matilde, a eternidade. Para Matilde, as suas próprias palavras. "Eu devia ter uma pena de Luz para contar esta história. E não tenho. Mas os olhos dos meninos são luz e quem lê há-de emprestar luz às minhas palavras. «Ser delicado é uma maneira de ser bom. É como se déssemos flores. Os nossos gestos também são flores. (..) Vim pelo rio abaixo, passei as pontes douradas, passei outras pontes de pedra, fui ter ao mar e cheguei a uma praia:- era Portugal. Era uma vez...talvez em tempos muito antigos, talvez hoje ainda. (...) E viu o seu trabalho cheio de sombras, duro, sempre o mesmo. Talvez sonhasse com máquinas, sem saber mesmo que as havia. Com máquinas que lhe deixassem tempo para sorrir para o Sol. " Dona Balbina era uma velha. Que importa ser velha? Viveu é o que quer dizer ser velho. E a menina ri. Senta-se de novo debaixo de uma laranjeira. Tem ainda uma grinalda de flores brancas nos cabelos negros. E o livro está fechado sobre o avental de flores. O livro de poemas». «Escrevo à mão... gosto de fazer letra. Gosto de desenhar a letra. A letra tem uma beleza como a palavra tem uma música. Um dia na escola da Calçada do Combro fiz uma sessão na Biblioteca. Brincávamos com as palavras. Eu perguntava quais eram as palavras mais bonitas. E uma aluna, magrinha, com umas olheiras até aqui, voltou-se para mim e disse: A palavra mais linda é vosselência». In Adelina B. de Oliveira, Expresso, 10/07/2010
Cortesia de alcameh
Morreu aos 89 amos de idade.
(A fita Vermelha); (O Menino dos Pés Frios)
Cortesia de Adelina Oliveira/JDACT