sábado, 17 de julho de 2010

Maria Manuel Cid: A Poetisa da Chamusca. A Querida «Mimela» de voz terna e afável. Quando morrer rosas brancas para mim ninguém as corte, se não as tive na vida, para que as quero na morte?

Chamusca
Cortesia de antonioribeirotelles

Voar a dois
Amar é ser criança a vida inteira
Amar é ser assim como um cristal,
É ver abrir em flor uma roseira,
E ver a vida à luz de um ideal.

Sentir o coração batendo certo
Com outro coração ir a compasso,
Seguir na escuridão destino aberto,
Poder voar a dois no mesmo espaço.

Juntar partes iguais da mesma vida,
Dois corpos, num só corpo confundir,
Fechar com beijos loucos uma ferida,
As portas da coragem reabrir...

Deixar passar o vento no telhado
Sem nunca abandonar o mesmo ninho,
Sentir que se vai seguro e amparado,
Chegar ao fim sem desviar caminho...

A minha rosa
Minha rosa, meu raminho,
Minha boneca de corda,
Meu canto, meu passarinho
Saltitando à minha roda.

Mas que beleza trigueira,
Mas que veludo na face,
Mas que menina brejeira...
Um beijo pede-se e dá-se.

Nesse dia afortunado
Que te achei e te colhi,
O teu fato era bordado
E com ele me vesti.

Eras botão e agora
Cada vez és mais formosa...
E comigo, a toda a hora,
Trago no peito uma rosa.

Talvez que eu parta chorando
Da terra que me criou,
Ou então de quando em quando
Minh'alma volte cantando
Na voz de quem me cantou...

Cortesia de Poemas, Obra Completa de Maria Manuel Cid, Autoria de Maria Manuel Cid, MG Editores, Edição de Maio de 1999, ISBN 972-8471-19-X.
Obra adquirida em 1 de Junho de 2000.
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