Poema da «PENINHA»
Eu amo a névoa.
Eu amo esta estranha linguagem segredada...
Nasceram e desfizeram-se as distâncias...
Perderam-se contornos e arestas...
Transfigurou-se tudo,
Abstractamente...
E a minha alma descansa
Entre uma saudade calma
E um presente feliz...
Lá em baixo há manchas douradas,
Nuvens em fogo,
Ondas em fogo... cintilações... prata derretida...
(É mar ou céu?...)
-Deixa crescer este silêncio...
O silêncio e a névoa aproximam mais as nossas almas...
Deixa-te embalar em sonhos imprecisos...
Cristovam Pavia, in «Poesia», 35 Poemas
Cortesia de antoniomiranda
Cortesia de prosimetron
In Memoriam
(A Carlos Queiroz, José Carlos Queirós Nunes Ribeiro )
Poeta: a tua morte tocou-me fundo...
A tua morte terrível e bela,
A tua morte longínqua e outonal,
A tua morte quase lendária...
- Nem sei que diga:
Sei que lia os teus poemas e que eles me consolavam,
E me abriam a Vida,
E me inundavam de plenitude...;
- Sei que só agora os sinto completamente,
Pois só talvez a tua morte prematura tenha decifrado certas tonalidades,
Certas tonalidades vagas e angustiantes dos teus poemas...
(A boneca encheu subitamente a casa toda)...
- Sei que estou perturbado...
Poeta: quisera levar até. ti a minha alma
Num cântico profundo,
E apenas esboço gestos vãos
E me perco em palavras.
Poeta: podes descansar...
Porque te cumpriste,
E porque o teu corpo e a tua alma ficarão para sempre entre nós.
Cristovam Pavia, in «Poesia», 35 Poemas
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