Juromenha
«(…) A história
pode ser madrasta, mesmo no vale do Guadiana. O rio e seus afluentes convidam o
Homem a instalar-se nas suas margens, ou próximo delas. Com bons resultados,
quase sempre. Mas..., acontecimentos diversos podem influir no desenvolvimento
normal e no progresso dos aglomerados humanos.
Até ao século XVI
A fortaleza
abandonada de Juromenha, sobre o Guadiana, 18 km a nordeste do Alandroal, 16 km
a sudoeste de Elvas, 17 km a leste de Vila Viçosa, e 11 km a noroeste de
Olivença, impressiona pela sua dignidade fantasmagórica. A sua origem perde-se
na noite dos tempos. Sem provas, quer-se que tenha sido fundada por
galo-celtas, por volta de 400 a.C. Embora existam vestígios romanos, é muito
improvável que tenha sido fundada por Júlio César em 50 a.C., com o nome de Julii
Moenia (Muralhas de Júlio). Outra lenda dá-a como fundada pelos
visigodos, onde estaria a origem do seu nome, numa princesa de nome Menha a
quem um irmão queria arrancar um juramento indecoroso ( Jura, Menha, que não!).
Tal lenda não é digna de crédito, independentemente da sua beleza, pois surge
muito depois da fixação do topónimo.
Nos tempos
muçulmanos, foi uma cidade importante, cujo nome seria, segundo alguns, Chel-Mena.
Mas o topónimo árabe mais provável terá sido o de Yulumaniya ou Julumaniya,
uma, repete-se, cidade moura importante, e nele se deverá ver a origem mais
provável do termo JUROMENHA, que conheceu algumas variantes, como Jeremenha,
Gerumenha, ou Jorumenha. Não se pode pôr de lado a hipótese de a forma árabe
Yulumaniya derivar de Julli Moenia (Muralhas de Júlio)..., se acaso tal lenda
(a da origem romana) já existia no século VIII! Dom Afonso Henriques terá
conquistado a povoação em 1167. Gonçalo Viegas, filho ou sobrinho de Egas
Moniz, talvez já no tempo de Sancho I, tê-la-á recebido em doação, atravessando
então o Guadiana e ocupando o lugar de Vila Real, embora pouco se saiba sobre a
veracidade destes factos.
Os muçulmanos
reocuparam a região, decerto entre 1169 e 1189, já que a data de 1242 referida
em algumas enciclopédias como de conquista moura, estará decerto errada,
pois sabe-se com razoável certeza ter o fidalgo Paio Peres Correia ocupado
definitivamente a região por volta de 1220, 1230 o mais tardar. Em 1242, já os
mouros estavam muito, muito longe.
Após a pacificação da fronteira em 1297 (Tratado de Alcañices),
dom Dinis mandou reedificar as muralhas e o castelo de Juromenha, dando-lhe foral
em 1312. As suas terra ficaram dentro da área atribuída à Ordem de Avis. Sem
dúvida que no século XIV teve assinalável importância, nela se efectuando três
casamentos reais: o de dom Afonso IV com dona Beatriz de Castela, ainda no
século XIII e a rematar o já citado Tratado de Alcañices; o de dona Maria de
Portugal com Afonso XI de Castela em, 1328; e o de Pedro I com dona Constança
de Castela em 1340. Durante a crise de 1383-1385, Juromenha não parece ter
desempenhado nenhum papel de realce, pois raramente é referida, o mesmo
ocorrendo no século XV». In Carlos E. Cruz Luna, História e Declínio de Três
Povoações na Fronteira, RV000831, dip-badajoz.es, LXII, 2006.
JDACT, Carlos E. Cruz Luna, Ouguela, História, Conhecimento, Alentejo,