sábado, 11 de fevereiro de 2023

O Símbolo Perdido. Dan Brown. «Adoraria saber se essa lenda já foi corroborada em algum momento da história. De toda a história? Katherine assentiu. Em qualquer lugar do mundo, em qualquer idioma, em qualquer momento da história»

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«(…) A directora do ES parecia estar com uma ideia totalmente diferente na cabeça. Anderson também parecia intrigado. Segurança nacional? Com todo o respeito, senhora... Até onde eu sei, interrompeu ela, o meu cargo é superior ao seu. Sugiro que faça exactamente o que eu disser, sem questionar nada. O chefe de polícia aquiesceu e engoliu em seco. Mas não deveríamos pelo menos tirar as digitais dos dedos para confirmar que a mão pertence a Peter Solomon? Eu confirmo, disse Langdon, sentindo uma certeza nauseante. Reconheço o anel... e a mão dele. Ele fez uma pausa. Mas as tatuagens são novas. Alguém fez isso com ele recentemente. Como disse? Pela primeira vez desde sua chegada, a directora pareceu perturbada. A mão está tatuada? Langdon assentiu. O polegar tem uma coroa. E o indicador, uma estrela. Sato sacou seus óculos e caminhou até à mão, rodeando-a feito um tubarão. Além disso, disse Langdon, embora não dê para ver os outros três dedos, tenho certeza de que eles também vão estar com as pontas tatuadas. Sato pareceu intrigada com a observação e gesticulou para Anderson se aproximar. Chefe, pode dar uma olhada nos outros dedos para nós, por favor? Anderson se agachou ao lado da mão, tomando cuidado para não tocar nela. Aproximou a bochecha do chão e examinou a parte de baixo dos dedos fechados. Ele tem razão, directora. Todos os dedos estão tatuados, mas não estou conseguindo ver muito bem o que os outros... Um sol, uma lamparina e uma chave, disse Langdon em tom neutro. Sato ficou de frente para Langdon, avaliando-o com os olhos miúdos.

E como é que o senhor pode saber isso? Langdon retribuiu seu olhar. A imagem da mão humana marcada dessa forma nas pontas dos dedos é um ícone muito antigo. É conhecida como a Mão dos Mistérios. Anderson se levantou abruptamente. Esta coisa tem nome? Langdon aquiesceu. É um dos ícones mais secretos do mundo antigo. Sato entortou a cabeça. Então posso perguntar que raios isso está fazendo no meio do Capitólio dos Estados Unidos? Langdon desejou poder acordar daquele pesadelo. Tradicionalmente, minha senhora, a mão era usada como um convite. Um convite... para quê?, quis saber ela. Ele baixou os olhos para os símbolos tatuados na mão cortada do amigo. Durante séculos, a Mão dos Mistérios representou uma convocação mística. Basicamente, ela é um convite para receber conhecimentos sagrados, um saber protegido a que apenas uma pequena elite tinha acesso. Sato cruzou os braços finos e ergueu para ele os olhos negros feito carvão. Bem, professor, para alguém que alega não ter a menor ideia do que está fazendo aqui... o senhor está se saindo muito bem até agora.

Katherine Solomon vestiu a bata branca e começou sua habitual rotina de chegada, sua ronda, como dizia o irmão. Como uma mãe nervosa conferindo o sono de um bebé, Katherine espichou a cabeça para dentro da sala de máquinas. O gerador de hidrogénio estava funcionando bem, com os tanques de reserva aninhados em segurança nos suportes. Katherine prosseguiu pelo corredor até à sala de armazenamento de dados. Como sempre, as duas unidades holográficas redundantes de backup emitiam um zumbido reconfortante dentro de seu compartimento com temperatura controlada. Toda a minha pesquisa, pensou ela, olhando através do vidro de segurança de 7,5 centímetros de espessura. Os dispositivos de armazenamento holográfico de dados, ao contrário de seus antepassados do tamanho de geladeiras, pareciam mais os elegantes componentes de um aparelho de som, cada qual empoleirado num pedestal em forma de coluna.

Os dois drives holográficos do laboratório eram sincronizados e idênticos, funcionavam como backups redundantes para salvar cópias iguais de seu trabalho. A maioria dos protocolos de armazenamento de dados recomendava um segundo sistema de backup que fosse externo ao local, para o caso de haver um terremoto, um incêndio ou um roubo, mas Katherine e o irmão haviam concordado que a confidencialidade era de suma importância; se aqueles dados saíssem dali para um servidor externo, eles não poderiam mais ter certeza de que continuariam secretos. Convencida de que tudo estava correndo bem ali, ela voltou pelo corredor. Ao fazer a curva, porém, viu algo inesperado do outro lado do laboratório. Mas o que é isso? Um brilho difuso emanava de todo o equipamento. Ela se apressou para examiná-lo, surpresa ao ver luz saindo de trás da divisória de plexiglas da sala de controle.

Ele está aqui. Katherine atravessou voando o laboratório, chegou à porta da sala de controle e a abriu. Peter!, disse, entrando às pressas. A moça gorducha diante do terminal da sala de controle se sobressaltou. Ai, meu Deus! Katherine! Que susto você me deu! Trish Dunne, a única outra pessoa na face da Terra com permissão para entrar al, era a analista de metassistemas de Katherine e raramente trabalhava nos fins de semana. A ruiva de 26 anos era um génio em elaboração de modelos de dados e havia assinado um contrato de confidencialidade digno da KGB.

Naquela noite, estava aparentemente analisando dados no telão de plasma que cobria a parede da sala de controle, um imenso monitor que parecia ter saído do centro de controle de missões da NASA. Desculpe, disse Trish. Eu não sabia que já tinha chegado. Estava tentando terminar antes de você e seu irmão se reunirem. Você falou com ele? Ele está atrasado e não atende o telefone móvel. Trish fez que não com a cabeça. Aposto que ele ainda está tentando descobrir como usar o iPhone novo que deu para ele. Katherine gostava do bom humor de Trish e a presença da ruiva ali acabara de lhe dar uma ideia. Na verdade, que bom que você está aqui hoje. Talvez possa ajudar-me com uma coisinha, se não se importar. Seja o que for, tenho certeza de que é melhor do que futebol. Katherine respirou fundo, acalmando a própria mente. Não sei muito bem como explicar isso, mas hoje mais cedo ouvi uma história estranha...

Trish Dunne não sabia que história Katherine Solomon tinha escutado, mas algo a deixara claramente nervosa. Os olhos cinzentos geralmente calmos de sua chefe pareciam ansiosos, e ela já havia ajeitado os cabelos atrás das orelhas três vezes desde que entrara na sala, um sinal de nervosismo, como Trish costumava dizer. Cientista brilhante. Péssima jogadora de pôquer. Para mim, disse Katherine, essa história parece inventada... tipo uma lenda antiga. Mas... Ela fez uma pausa, arrumando outra vez uma mecha atrás da orelha. Mas...? Katherine deu um suspiro. Mas hoje uma fonte segura me disse que a lenda é verdadeira. Certo... Aonde ela quer chegar com isso? Vou conversar com meu irmão a respeito, mas antes disso talvez você possa me ajudar a lançar alguma luz sobre a questão. Adoraria saber se essa lenda já foi corroborada em algum momento da história. De toda a história? Katherine assentiu. Em qualquer lugar do mundo, em qualquer idioma, em qualquer momento da história». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

Cortesia de BertrandE/JDACT

JDACT, Washington DC, Dan Brown, Literatura, Maçonaria,