jdact
1862 - 1866
Amor
Vivo
«Amar!
Mas dum amor que tenha vida…
Não
sejam sempre tímidos harpejos,
Não
sejam só delírios e desejos
Duma
doida cabeça escandecida…
Amor
que viva e brilhe! Luz fundida
Que
penetre o meu ser, e não só beijos
Dados
no ar, delírios e desejos
Meu
amor… dos amores que têm vida…
Sim,
vivo e quente! E já a luz do dia
Não
virá dissipá-lo nos meus braços
Como
névoa da vaga fantasia…
Nem murchará do Sol à chama erguida…
Pois
que podem os astros dos espaços
Contra
uns débeis amores… se têm vida?»
In
Antero de Quental, Sonetos Completos, Publicações Europa-América, 1998, ISBN
972-104-421-0.
Cortesia de PEAmérica/JDACT