domingo, 22 de agosto de 2010

João de Barros: O Tito Lívio Português. Considerado o primeiro grande historiador português e o pioneiro da Gramática da Língua Portuguesa. Publicou as Décadas da Ásia

(1498-1570)
Viseu, ?
Cortesia debritannica
João de Barros, chamado o Tito Lívio Português, é geralmente considerado o primeiro grande historiador português e o pioneiro da gramática da língua portuguesa.
Foi educado na corte de D.Manuel I, no período de maior apogeu dos descobrimentos portugueses, tendo ainda na sua juventude concebido a idéia de escrever uma história dos portugueses no oriente. A sua prolífica carreira literária iniciou-se com pouco mais de vinte anos, ao escrever um romance de cavalaria, a Crónica do Emperador Clarimundo, donde os Reis de Portugal descendem, dedicado ao soberano e ao príncipe herdeiro D. João.
Este último, ao subir ao trono como D. João III em 1521, concedeu a João de Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina, para onde partiu no ano seguinte. Em 1525 foi nomeado tesoureiro da Casa da Índia, missão que desempenhou até 1528.

Cortesia de wikipédia
A peste negra de 1530 levou-o a refugiar-se na sua quinta da Ribeira de Alitém, próximo de Pombal, vila onde concluiu o seu diálogo moral, Rhopicapneuma, alegoria que mereceu louvores do catalão Juan Luis Vives. Regressado a Lisboa em 1532, o rei designou-o como feitor das casas da Índia e da Mina. João de Barros provou ser um administrador bom e desinteressado, algo raro para a época, como demonstra o surpreendente facto de ter amealhado pouco dinheiro com este cargo (quando os seus antecessores haviam adquirido grandes fortunas).
Durante estes anos prosseguiu seus estudos durante as horas vagas, e pouco após a desastrosa expedição ao Brasil publicou a Gramática da Língua Portuguesa e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da língua materna.

Cortesia da Biblioteca Nacional 
Anos depois, seguindo uma proposta de D. Manuel I, iniciou a escrita de uma história que narrasse os feitos dos portugueses na Índia, as Décadas da Ásia (Ásia de Ioam de Barros, dos feitos que os Portuguezes fizeram na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente), assim chamadas por, à semelhança da história liviana, agruparem os acontecimentos por livro em períodos de dez anos. A primeira década saiu em 1552, a segunda em 1553 e a terceira foi impressa em 1563. A quarta década, inacabada, foi completada por João Baptista Lavanha e publicada em Madrid em 1615.

Não obstante o seu estilo fluente e rico, as «Décadas» conheceram pouco interesse durante a sua vida. D. João III, entusiasmado com o conteúdo, pediu-lhe que redigisse uma crónica relativa aos acontecimentos do reinado de D. Manuel, (a crónica foi redigida por outro grande humanista português, Damião de Góis). Diogo do Couto foi encarregado mais tarde de continuar as «Décadas», adicionando-lhe mais nove. A primeira edição completa das 14 décadas surgiu em Lisboa, já no século XVIII (1778 — 1788).

Cortesia de Biblioteca Nacional Digital
Em Janeiro de 1568 sofreu um acidente vascular cerebral. Morreu na mais completa miséria. Enquanto historiador e linguista, João de Barros merece a fama que começou a correr logo após a sua morte. As suas «Décadas» são não só um precioso manancial de informações sobre a história dos portugueses na Ásia e são como que o início da historiografia moderna em Portugal e no Mundo.

Obras:
  • Crónica do Imperador Clarimundo (1522);
  • Rhopicapneuma ou Mercadoria Espiritual (1532);
  • Grammatica da Língua Portuguesa com os Mandamentos da Santa Madre Igreja (1540);
  • Diálogo da Viciosa Vergonha (1540);
  • Diálogo sobre Preceitos Morais (1540);
  • Diálogo Evangélico sobre os Artigos da Fé (1543);
  • Panegíricos de D. João III (1533) e da Infanta D. Maria (1555);
  • Décadas da Ásia. Volumes I (1552), II (1553), III (1563) e IV (1615).
«Moço do guarda-roupa do príncipe D. João, futuro D. João III, foi nomeado em 1525 tesoureiro das Casas da Índia, Mina e Ceuta, e em 1533 foi nomeado feitor das Casas da Guiné e Índias, cargo que exerceu até 1567. Na época que mediou as nomeações, viveu em Pombal, fugindo da peste que assolou Lisboa em 1530 e evitando as consequências do grande terramoto de 1531 que destruiu a capital.
Publicou em 1530 uma novela de cavalaria com o título Crónica do Imperador Clarimundo, contando a história de um antepassado legendário dos reis de Portugal. Mais tarde, em 1532, publicaria a Ropica Pnefma (Mercadoria Espiritual), obra declarando defender a pureza da fé cristã, mas que de facto está muito próximo das posições de Erasmo de Roterdão, criticando mas sem abandonar o catolicismo, o que fará com que fosse colocada no «Índex» em 1581, e no ano seguinte escreverá um Panegírico de D. João III.
Cortesia de Biblioteca Nacional Digital
Em 1535, quando foram criadas as capitanias brasileiras, D. João III doou-lhe uma das doze recentemente criadas. Decidiu equipar uma expedição para ocupar o território doado, com o apoio de Aires da Cunha e Álvares de Andrade. A frota saiu em fins de 1535, dirigindo-se para o norte do Brasil mas foi destruída na barra do Maranhão, tendo a maior parte dos participantes sido morta. Este desastre deixou João de Barros bastante empobrecido. Entretanto, publicou em 1539 uma cartilha conhecida como Cartinha de João de Barros, e em 1540 publicou O Diálogo de João de Barros e a Grammatica da Língua Portuguesa obra acompanhada do Diálogo em louvor da Nossa Linguagem.

Cortesia de Biblioteca Nacional Digital
A sua principal obra, As Décadas, escritas de acordo com uma sugestão do rei D. Manuel, após ter publicado o Clarimundo. As Décadas não lhe ocupavam todo o tempo, e em 1556 organizou nova expedição ao Maranhão, em que participaram dois dos seus filhos, que, se foi mais feliz, porque conseguiu regressar, depois de ter combatido com corsários franceses e índios., não conseguiu cumprir de novo o objectivos de criar condições para a colonização da capitania». In Dicionário Histórico, O Portal da História, Biografias.

Cortesia Biblioteca Nacional de Portugal/wikipédia/JDACT