Cortesia de alternativasttverde
O Castelo de Noudar, no Alentejo, localiza-se na antiga vila de mesmo nome, freguesia e concelho de Barrancos e Distrito de Beja.
Sentinela da raia com Espanha, ergue-se isolado numa elevação escarpada dominando a planície circundante e a ribeira de Múrtega e de Ardila, na margem esquerda do rio Guadiana. Testemunhou, juntamente com os castelos de Alandroal, Moura, Serpa e Veiros, a ação da Ordem de Avis na região. De acordo com os testemunhos arqueológicos as primeiras incursões humanas no local remontam à pré-história, sendo um território depois sucessivamente ocupado por Romanos, Visigodos e Muçulmanos.
Foram estes últimos os responsáveis pela primitiva fortificação no local, por volta do século X ou XI, quando terá sido edificada uma pequena torre ou castelo em taipa, com a função de controlar o caminho que fazia ligação a Beja.
Cortesia de beja
Na época da Reconquista cristã da Península Ibérica, nomeadamente desde 1167, a região foi conquistada pelas forças comandadas por Gonçalo Mendes da Maia, «O Lidador». Posteriormente, em 1253, a povoação recebeu foral do rei Afonso X de Castela, juntamente com outras localidades da margem esquerda do rio Guadiana, entre as quais Moura e Serpa, integrando o dote de sua filha, D. Brites, aquando do seu casamento com D. Afonso III nesse mesmo ano.
Cortesia da BMPortalegre
A povoação passaria definitivamente para a Coroa Portuguesa pelo Tratado da Guarda (1295), que estabelecia a paz entre D. Dinis e Fernando IV de Castela. Em Dezembro desse mesmo ano, o soberano passou nova Carta de Foral à vila, cujos domínios foram doados posteriormente em 1303, à Ordem de Avis, com a condição de reconstruir o castelo, obras que ficariam concluídas em 1308, conforme duas inscrições epigráficas:
- A primeira, datada de 1 de Abril de 1308, atualmente de paradeiro incerto, registra a actuação do Mestre de Avis, D. Lourenço Afonso, na fundação do castelo e no povoamento da vila;
- A segunda, com bastantes dúvidas se terá sido redigida nesse mesmo ano, noticía a acção do comendador Aires Afonso na edificação da torre de menagem.
Na época de D. Manuel I, encontra-se figurada por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), onde se registra a existência de barbacãs circundando o castelo, ou seja, uma estrutura característica da arquitectura militar do século XV. A vila viria a receber do soberano, neste mesmo período, o seu Foral Novo (1513).
Cortesia de milhasnauticas
Sem que tivesse recebido obras de modernização, a povoação e seu antigo castelo estiveram na posse de tropas espanholas desde a Guerra da Restauração da Independência Portuguesa, 1644, até à Guerra de Sucessão da Espanha (1707).
Cortesia de BMPortalegre
O Castelo de Noudar seria restituído a Portugal pelo Artigo V do II Tratado de Utrecht em 6 de Fevereiro de 1715. A vila de Noudar, seria extinta em 1825, iniciando-se então um lento processo de despovoamento, o que implicaria a mudança da sede municipal para Barrancos. No final do século, a edificação do castelo foi arrematada em hasta pública por um particular, importante proprietário de Barrancos, em 1893.
As suas ruínas encontram-se classificadas como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.
A intervenção do poder público fez-se sentir na década de 1980 por trabalhos de prospecção arqueológica sob a direção de Cláudio Torres, quando se procedeu à reconstrução da Igreja e de duas edificações, empregando-se as técnicas primitivas de construção, tendo sido apenas em 1997 que a autarquia conseguiria adquirir o monumento, desenvolvendo-se a partir de então, um novo projecto de investigação arqueológica que revelou testemunhos da presença islâmica no local.
Cortesia de sitioseestados
O castelo apresenta uma planta hexagonal, de eixo longitudinal Noroeste-Sueste, onde se definem dois espaços:
- o da alcáçova;
- o da cerca da vila.
O primeiro é dominado pela torre de menagem, de planta quadrangular, com cerca de 18 metros de altura, coroada por ameias, defendendo a entrada do recinto. Possui duas portas de acesso a pavimentos distintos e, em seu interior, no segundo pavimento acessível através de uma escadaria de pedra, abre-se uma cisterna. De acordo com a iconografia de Duarte de Armas (c. 1509), o seu interior era abobadado e provido de mais um aposento superior. Ainda na Alcáçova, junto à torre de menagem, uma segunda cisterna, esta quatrocentista, apresenta arcos sustentando a abóbada.
A cerca amuralhada é reforçada por uma dezena de torres e cubelos adossados, o principal dos quais protegendo a Porta da Vila. Em seu interior destacam-se a Igreja da Nossa Senhora do Desterro, reconstruída na década de 1980 e a Casa do Governador.
Lembrando antigas técnicas construtivas levantam-se, circundando o castelo, uma série de construções, de planta circular, muros em aparelho de pedra solta e cobertura de falsa cúpula, ligadas à pastorícia.
Cortesia de sitioseestados
A opinião do IGESPAR
«Ao contrário do que tem sido sucessivamente repetido, a história do castelo de Noudar não tem início na época da reconquista, mas algum tempo antes, muito provavelmente nos séculos X ou XI, altura em que se terá edificado uma torre ou um pequeno castelo, que tinha como missão o controlo sobre a via que ligava a Beja (REGO, 2003, p.74). Desse reduto primitivo, as escavações arqueológicas ainda não revelaram qualquer vestígio, mas conserva-se parte da muralha Sul, em taipa revestida por alvenaria da fase construtiva gótica, o que aponta para uma pré-existência islâmica (com grande probabilidade já do século XII e devida aos almóadas), à qual se subordinou, ao menos parcialmente, o castelo que D. Dinis posteriormente promoveu (IDEM). A actual configuração da fortaleza deve-se à nova ordem cristã implantada nesta região ao longo do século XIII. No entanto, não é certo que imediatamente após a reconquista do território se tenham realizado obras no reduto militar, não obstante a sua óbvia posição de fronteira.
Cortesia de BMPortalegre
Em 1253, a povoação recebeu foral de Afonso X de Castela, juntamente com outras localidades do Além-Guadiana, entre as quais Moura e Serpa. Ela haveria de passar para a posse portuguesa cerca de meio século depois, pelo tratado de paz entre D. Dinis e Fernando IV, celebrado em 1295. É só a partir dessa data que encontramos as primeiras referências à vontade régia de erguer aqui um reduto militar relevante. Em Dezembro desse mesmo ano, D. Dinis passou carta de foral à vila e, oito anos depois, o monarca entregou-a à Ordem de Avis, ficando esta instituição obrigada a lavrar "esse castello de boo muro e" fazer "y huum boom Alcaçar forte" (BARROCA, 2000, p.1339). Do castelo então mandado erguer pelo Mestre D. Lourenço Afonso chegaram duas importantes inscrições, ambas atribuídas a 1308. A primeira, datada de 1 de Abril de 1308, comemora a acção do mestre de Avis na fundação do castelo e no povoamento da vila. A segunda, criticamente atribuída ao ano de 1308 (IDEM, pp.1359-1360), noticia o empenho do comendador Aires Afonso na edificação da torre de menagem. Por estas duas informações, é fácil perceber como a definição do sistema defensivo de Noudar foi uma prioridade para a Ordem de Avis nesses primeiros anos do século XIV. A estrutura gótica então erguida conserva-se genericamente e dela fazem parte dois espaços essenciais: a alcáçova e a cerca da vila. Aquela ocupa o sector meridional do conjunto e é de planta quadrangular irregular, onde sobressai a torre de menagem, poderosa estrutura elevada a c. 18 metros de altura e que protege activamente a entrada no recinto. De planta quadrangular, e construção cuidada, possui cisterna interior e duas portas de acesso a pisos distintos. A cerca é bastante maior que a alcáçova e possui 10 torreões adossados, o principal protegendo a porta da vila. Como fortaleza de fronteira, foram muitas as ocasiões em que passou de Portugal a Castela, e vice-versa, tendo sido o século XIV particularmente fértil. Quando Duarte d'Armas a desenhou, em 1509, não parece que tivessem existido assinaláveis obras de reconfiguração, à excepção, talvez, das barbacãs que circundavam o castelo, estruturas defensivas mais características do século XV. De novo na posse de espanhóis em 1644 e em 1707, a sua vulnerabilidade não foi suficiente para que se empreendessem obras de abaluartamento, ao contrário do que sucedeu, por exemplo, em Elvas, facto que consolidou a imagem medieval do conjunto. A partir do século XVIII, a história deste castelo é a de um abandono progressivo, consumado em 1893 com a sua venda a um privado, João Barroso Domingues, importante proprietário de Barrancos. Só em 1997, mais de um século depois, a autarquia conseguiu adquirir o conjunto, desenvolvendo-se, a partir de então, um projecto de investigação arqueológica sistemática que, para já, revelou alguns níveis da presença islâmica no local». In IGESPAR, PAF
Cortesia de geocaching
Cortesia de wikipédia/IGESPAR/JDACT