quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Fortaleza de Moura: No recinto do castelo permanecem as ruínas do Convento de Freiras Dominicanas de Nossa Senhora da Assunção e igreja anexa, erguidos a partir de 1562 no local da primitiva Igreja Matriz, entretanto substituída pela igreja manuelina de São João Baptista

Cortesia de bmwcklt 
O Castelo de Moura, no Alentejo, localiza-se no Distrito de Beja. Erguido em posição dominante sobre a vila, na confluência da ribeira de Brenhas com a ribeira de Lavandeira, tributárias do rio Ardila, à margem esquerda do rio Guadiana, inscreve-se actualmente em área de Reserva Natural. A sua defesa era complementada, a partir do século XIII, pelas atalaias da Cabeça Gorda, da Cabeça Magra, de Porto Mourão e de Alvarinho. Na época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação foi inicialmente conquistada, em 1166, pelos irmãos Pedro e Álvaro Rodrigues, vindo a receber Carta de Foral outorgada por D. Afonso Henriques em 1171. O foral da vila seria confirmado, em 1217, por D. Afonso II. O definitivo domínio cristão da região, entretanto, só seria alcançado a partir de 1232.

Sob o reinado de D. Dinis, a povoação recebeu Carta de Foral (9 de Dezembro de 1295, privilégio estendido à comunidade moura em 1296 e renovado em 1315), procedendo-se a reconstrução do castelo, aproveitando-se as antigas muralhas muçulmanas. Para esse fim a Ordem de Avis fez doação de um terço das rendas das igrejas de Moura e Serpa para refazimento e mantimento dos alcáceres dos ditos castellos (1320). Para complemento das obras empreendidas nos castelos de Moura e de Serpa, foi erguida neste período uma linha de torres de vigilância cobrindo a raia, das quais sobrevive a Atalaia da Cabeça Magra.

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Na segunda metade do século XIV, sob o reinado de D. Fernando, iniciou-se uma segunda cerca amuralhada, envolvendo os novos limites da povoação. Pela sua morte «abriu-se» a crise de 1383-1385, a vila e o castelo tomaram partido por D. Beatriz e João I de Castela até à época da batalha de Aljubarrota.

Sob o reinado de D. Manuel I, a vila e o castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), com destaque para a Torre de Menagem rodeada por muralha torreada, onde se rasga o portão em arco apontado. Em 1512, o soberano outorgou o Foral Novo à vila. Por essa época seriam iniciadas obras de modernização das suas defesas com projecto de Francisco de Arruda. Mais tarde, ainda neste período, seria iniciado, por D. Ângela de Moura, em 1562, o convento feminino de São Domingos, no interior da cerca e sobre as fundações da antiga mesquita.

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No contexto da Guerra da Restauração da Independência Portuguesa, o Conselho de Guerra de D. João IV, determinou a modernização e reforço da antiga fortificação, dada a sua posição estratégica na fronteira com a Espanha. Desse modo, com projecto a cargo de Nicolau de Langres, foi erguida uma linha abaluartada, envolvente da povoação e reforçada por revelins. É deste período que surge o chamado Edifício dos Quartéis, originalmente um conjunto de casernas integrado pela Capela do Senhor Jesus dos Quartéis e situado numa das extremidades. Sofreu danos por ocasião do terramoto de 1755.

A Fortaleza ficou desguarnecida a partir de 1805. Os antigos muros de taipa do castelo foram usados como matéria prima para o fabrico de salitre. Posteriormente, em 1850, foi demolido o troço Oeste do muro da alcáçova para dar lugar a um lagar.

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O Castelo de Moura, incluindo as ruínas do Convento das freiras Dominicanas e Igreja anexa encontram-se classificados como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 27 de Março de 1944. No final da década de 1950 iniciou-se a intervenção do poder público, através da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), estendendo-se pelas duas décadas seguintes. Em 1981 foram procedidas sondagens arqueológicas no interior do perímetro do conjunto, tendo-se procedido a trabalhos de reparo e recuperação. Mais recentemente, em 2002, foram efectuados trabalhos de valorização paisagística da fortaleza.

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A alcáçova é acessada por uma porta em cotovelo, a sueste. O conjunto é dominado pela torre de menagem, dionisina, de planta quadrada. Ladeando-a, identificamos a base maciça de outra torre, menor, e ainda um cubelo circular, na junção com a muralha exterior. Tanto a torre de menagem, quanto o cubelo apresentam merlões prismáticos piramidais. Em alguns trechos da muralha ainda subsiste o adarve. A cerca externa é reforçada por torres de planta quadrangular e circular. No século XIX uma das torres foi adaptada a Torre do Relógio. A torre de menagem, em estilo gótico, maciça na parte inferior, tem no segundo pavimento uma sala de planta octogonal (Sala dos Alcaides) coberta por abóbada em cruzaria de ogivas, assente em oito colunas de fuste delgado. A linha abaluartada do século XVII apresenta planta no formato estrelado, cercada por fosso, hoje quase totalmente encoberto.

A opinião do IGESPAR
«O Castelo de Moura foi erguido no cimo de uma colina cuja ocupação remontará à Idade do Ferro, elevando-se hoje em pleno centro da cidade. Das primeiras fortificações da povoação, alegadamente romanas, não existem indícios. Está no entanto traçada a presença árabe no local, onde se situava uma capital de província de nome Al-Manijah, dominada por uma grande fortificação, palco de diversos combates entre cristãos e muçulmanos em pleno movimento da Reconquista peninsular. Da construção original restam ainda alguns vestígios, que incluem a Torre de Taipa ou da Salúquia, uma das atalaias do baluarte muçulmano. O domínio cristão de toda a região efectivou-se a partir de 1232, e a partir de 1295, mais provavelmente no início do século XIV, o castelo, então definitivamente conquistado, foi remodelado por ordem de D. Dinis, em obras que terão provavelmente corrido a par de intervenções semelhantes em Serpa, e da construção de uma linha defensiva articulada com a própria fortificação de Moura, da qual faziam parte diversas torres de vigia. A única torre que resta, deste conjunto, é a da Atalaia Magra, erguida sobre uma colina visível a partir de Moura. Do castelo quatrocentista, de planta ovalada tipicamente medieval, existe ainda a alta Torre de Menagem, com uma sala octogonal coberta por abóbada de cruzaria de ogivas no piso nobre. Novas reformas foram realizadas na segunda metade do século por ordem de D. Fernando, quando o crescimento da vila exigiu a ampliação dos limites da cerca e se construiu uma segunda linha muralhada. Seguiu-se a intervenção de Francisco de Arruda, já no reinado de D. Manuel, no início do século XVI (1510), quando a vila recebeu o foral novo. O castelo renovado foi então retratado por Duarte d' Armas no seu Livro das Fortalezas, onde se destingue a poderosa silhueta da Torre de Menagem, dominando o terreiro rodeado pela muralha torreada na qual se rasga um portal quinhentista, ligeiramente apontado, enquadrado por alfiz simples e por heráldica. Já no século XVII, no decurso da Guerra da Restauração, e por iniciativa de D. João IV, os limites da fortificação foram reforçados ao modo de baluarte, num fenómeno que percorreu tantas outras praças na época, marcando uma diferença fundamental entre os castelos medievais e as fortificações da época moderna, mais eficiente do ponto de vista militar. Construiu-se então um muro exterior em estrela, com paredes rampantes (em alambor) e fosso, hoje quse totalmente coberto. Ainda na sequência deste confronto, o castelo, incluindo as muralhas de finais do século XVII e parte da Torre de Taipa, foi destruído durante a ocupação espanhola de 1707, quando o Duque de Ossuna invadiu a vila. O terremoto de 1755 e a desmilitarização do baluarte, a partir de 1805, aceleraram a ruína do monumento, de cuja cerca seiscentista restam apenas alguns elementos, tal como parte da torre barbacã, e pequenos troços, com destaque para aquele sobre o qual segue a Rua da Muralha Nova, no limite da Mouraria. Existe ainda a Porta da Alcáçova e a entrada principal, quinhentista.
No recinto do castelo permanecem as ruínas do Convento de Freiras Dominicanas de Nossa Senhora da Assunção e igreja anexa, erguidos a partir de 1562 no local da primitiva Igreja Matriz, entretanto substituída pela igreja manuelina de São João Baptista. O convento, abandonado deste 1875, situa-se junto à entrada da Alcáçova, para onde deita a fachada da igreja. Esta é de planta rectangular e nave única, e nela destaca-se o túmulo, em estilo manuelino, de Pedro e Álvaro Rodrigues, supostos conquistadores de Moura aos muçulmanos em 1166, e protagonistas da famosa lenda de fundação da vila». In IGESPAR, SML

Cortesia de lifecooler 

Cortesia de wikipédia/IGESPAR/Biblioteca da CMPortalegre/JDACT