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Escadório das Três Virtudes
O Escadório das Virtudes, que são as Virtudes Teólogas e não as Cardeais, que aqui não figuram, reforçando desta feita o alcance católico do programa, executado já no tempo do arcebispo D. Gaspar de Bragança, na segunda metade do século XVIII, acrescentado portanto ao Escadório dos Sentidos, e já da provável traça de Carlos Amarante. O esquema geral é idêntico ao anterior, uma imagem central ladeada por outras duas, pese embora as fontes encontrarem-se instaladas em grandes nichos, no meio do espaldar das escadas. As figuras complementares são, neste caso, alegóricas e não remetem para a Bíblia ou para a mitologia. A fonte comporta um símbolo relativo à virtude teóloga correspondente.
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3ª Fonte das Virtudes: A Caridade
Símbolos: Coração
Caridade no vocabulário cristão é o amor que move a vontade à busca efectiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus. Caridade é a acção de ajudar ao próximo através de gestos e palavras sem a necessidade de reconhecimento público. Este sentimento pode ser representado pelo amor ao próximo incondicional. "... Que a mão direita não saiba o que a esquerda faz ...."
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Aqui, a Caridade é representada por duas crianças de pé, tendo nas mãos um coração com uma bica de água.
Duas crianças, gémeos: todas as culturas e mitologias testemunham um interesse particular pelo fenómeno dos gémeos. Quaisquer que sejam as formas pelas quais são eles imaginados:
- perfeitamente simétricos;
- ou um escuro e o outro luminoso;
- um voltado para o céu, o outro para terra;
- um negro, o outro branco, azul ou vermelho;
- um com cabeça de touro;
- o outro com cabeça de escorpião.
Exprimem, ao mesmo tempo, uma intervenção do além e a dualidade de todo ser ou o dualismo de suas tendências, espirituais e materiais, diurnas e nocturnas. Os gémeos simbolizam o estado de ambivalência do universo mítico.
Segundo Lurker, o coração que aparece muitas vezes associado à árvore e também à maçã, trata-se do órgão central do corpo humano e simbolicamente centro do homem e do mundo. Para Santo Agostinho o coração é o recipiente do amor divino e os homens devem procurar o conhecimento através do amor. O coração é o rei do corpo, pois sem ele não há vida. Pode-se por isso fazer uma analogia entre o coração e o monarca.
«A criança é o símbolo do renascer do homem, do regresso a um estado puro, da conquista da paz interior. São duas as crianças, uma feminina e a outra masculina, unidas num coração que ambas seguram. Esta dualidade espiritual designa nomeadamente a dádiva e a receptividade, o espírito e a alma que se unem graças ao coração, sendo este o centro onde reside a Vida do homem. É interessante referir que, para os Egípcios, o coração era simbolizado por um vaso, já que este último permite não só conter as águas da vida, mas também verter. Um vaso que não se esvazia vai transbordando sem que possa regenerar as suas águas e, dessa forma, ganhará no fundo os limos e impurezas do egoísmo. A Caridade é o acto de dar e, acima de tudo, de se dar para que seja possível receber, naturalmente, um novo alento no coração».
Ao centro e no plano superior está uma estátua de mulher com duas crianças nos braços e a inscrição:
- Caridade. Tria haec...major auten horum est charitas. Ad Corint. I C. 13, 13. - «São três estas virtudes... a maior delas, porém, é a caridade.
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No cimo da fonte está a estátua da Caridade:
- uma mulher de alegre semblante sustenta duas crianças nos braços. Trata-se de Ísis, a Virgem, a Natureza fecunda: é a caridade suprema, a dadora de Vida».
À esquerda a estátua da Benignidade. Uma figura feminina com diadema coroado pelo sol, encostada a um elefante, com os braços abertos e um ramo de pinheiro na mão direita. A inscrição diz:
- Benignidade. Charithas...benigna est. I Cor. 13, 4. - «A caridade é benigna».
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À direita a estátua da Paz, com um ramo de oliveira na mão direita e a inscrição:
- Paz. Pax fratribus, et charitas cum fide. Eph. 6, 23. - «Paz seja aos irmãos e caridade com fé».
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In Peregrinar/Maria
Continua
Cortesia de Gabriel/Peregrinar/Maria/JDACT