domingo, 18 de abril de 2010

Duarte Pacheco Pereira: Cosmógrafo. Um génio comparável a Leonardo da Vinci

Duarte Pacheco Pereira (1460-1533) foi um navegador, militar e cosmógrafo português. Nasceu em Lisboa (afirma-se ainda que em Santarém) e um dos seus antepassados de nome Diogo Lopes Pacheco, foi  um dos executores de Inês de Castro.
Duarte Pacheco foi cavaleiro da casa de D. João II. Contrariamente à tradição é pouco provável que tenha ido em 1482 a São Jorge da Mina, onde Diogo de Azambuja iniciava a construção do Feitoria de São Jorge da Mina. De acordo com a obra Décadas da Ásia, do cronista João de Barros, na viagem de retorno do cabo da Boa Esperança, em 1488, Bartolomeu Dias, encontrou-o gravemente doente na ilha do Príncipe.
Reconhecido geógrafo e cosmógrafo, em 7 de junho de 1494 assinou, na «qualidade de contínuo da casa do senhor rei de Portugal», o Tratado de Tordesilhas.
Em 1498, D. Manuel I encarregou-o de uma expedição secreta, organizada com o objectivo de reconhecer as zonas situadas para além da linha de demarcação de Tordesilhas, expedição que, partindo do Arquipélago de Cabo Verde, se acredita teria culminado com o descobrimento do Brasil, em algum ponto da costa entre o Maranhão e o Pará, entre os meses de Novembro e Dezembro desse mesmo ano. Dali, teria acompanhado a costa Norte, alcançando a foz do rio Amazonas e a ilha do Marajó.
Em relação ao descobrimento do Brasil ou da eventual exploração das Antilhas e parte da América do Norte, tendo em conta as revelações cartográficas contidas no Planisfério de Cantino, o autor apresenta informações no segundo capítulo da primeira parte. Resumidamente, o trecho relata:
«Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados». .«...que se estende a setenta graus de latitude contra o pólo árctico (...) e do mesmo círculo equinocial outra vez em vinte e oito graus de latitude contra o pólo antárctico».  
Esta é a famosa afirmação que fundamenta a opinião de muitos historiadores quando defendem que Duarte Pacheco Pereira teria sido precursor de Pedro Álvares Cabral, pois teria percorrido muitas léguas da costa americana, incluindo a brasileira.
Trata-se do primeiro roteiro de navegação português a mencionar a costa do Brasil e a abundância de pau-brasil (Caesalpinia echinata), nela existente. No Atlântico Sul, entre as ilhas oceânicas, apresenta, com suas «ladezas» (latitudes) conhecidas à época:
  • A ilha de Sam Lourenço (ilha de Fernando de Noronha);
  • A ilha d'Acensam (ilha da Trindade);
  • A ilha de S. Crara (ilha de Santana, ao largo de Macaé);
  • O cabo Frio.
Em 1503, comandou a nau Espírito Santo, integrante da esquadra de Afonso de Albuquerque à Índia. Ali guarneceu a Fortaleza de Cochim com 150 homens e onde sustentou vitorioso o cerco do Samorim de Calecute. Retornou a Lisboa em 1505. Nesta cidade e em todo o lado os seus feitos da Índia foram divulgados, sendo enviados ao Papa e a outros reis da cristandade. Foi como uma espécie de herói internacional que, nesse ano iniciou a redacção do Esmeraldo de situ orbis, obra que ele interrompeu para procurar e aniquilar o corsário francês Mondragon que actuava entre os Açores e a costa portuguesa, atacando as naus vindas da Índia. Duarte Pacheco localiza-o, em 1509, ao largo do cabo Finisterra, onde o derrotou e capturou.
Cortesia twcenter
«A experiência é a madre de todas as cousas, per ela soubemos redicalmente a verdade...». In Esmeraldo de Situ Orbis, p. 196

Em 1519 foi nomeado capitão e governador de São Jorge da Mina, onde serviu até 1522. A lenda de Duarte Pacheco Pereira desenvolveu-se após a sua morte. Luís de Camões, n'Os Lusíadas chama-lhe fortíssimo e Grão Pacheco Aquiles Lusitano. Mais tarde, no século XVII, Jacinto Cordeiro consagrou-lhe duas comédias bastante longas em castelhano e, Vicente Cerqueira Doce, um poema em dez cantos, de que se perdeu o rasto.
Principio do Esmeraldo «de situ orbis»
De acordo com um de seus mais importantes biógrafos, o historiador português Joaquim Barradas de CarvalhoDuarte Pacheco foi um génio comparável a Leonardo da Vinci. Com a antecipação de mais de dois séculos, o cosmógrafo foi o responsável pelo cálculo do valor do grau de meridiano com uma margem de erro de apenas 4%.
Wikipédia/JDACT

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