Cortesia CMMarvão
Festa em honra de S. Marcos. O data principal dos festejos centra-se no dia 25 de Abril. As festividades terminam no pf dia 1 de Maio.(S. António das Areias_Marvão, por Prof. Doutor Jorge de Oliveira)
Através das Memórias Paroquiais do Concelho de Marvão e suas freguesias, de 1758, mais propriamente na Memória Paroquial de Santo António das Areias, podemos verificar que já nessa data o então Pároco da Freguesia, Manuel Moratto Sanches, referia: «... Da Parrochial Igreja desta Freguesia he orago a Senhor Sancto Antonio, Cuja Imagem se acha feita com toda a perfeisam...». No entanto, em relação à freguesia de Santo António das Areias, é considerado Padroeiro S. Marcos, pois a maior parte das conhecidas referências bibliográficas referem-se a S. Marcos, sendo a mais antiga de 1878, ano em que D. João da Câmara escreve a famosa peça de teatro «Os Velhos».
Também em 1924, Possidónio Laranjo Coelho refere a grandiosidade da romaria de S. Marcos, realizada no dia 25 de Abril, romaria esta que costuma ter muita concorrência não só de portugueses das proximidades, como também de espanhóis de Valência de Alcântara e de outras povoações raianas. De referir que os espanhóis nossos vizinhos conhecem Santo António das Areias por S. Marcos.
Um pouco de história das Festas:
«Não é estranho a esta afluência de gente o velho costume de fazer entrar na Igreja o bezerro de S. Marcos, animal que é oferecido por um dos lavradores da aldeia ou redondezas, em cumprimento de uma promessa. O acto realiza-se antes de se celebrar a missa, quando o adro da Igreja se enche de multidão, que se aglomera e forma círculo em volta do animal, círculo que se vai estreitando até fazê-lo entrar na Igreja. À porta da Igreja o bezerro é aguardado pelo pároco empunhando firmemente o hissope pronunciando as seguintes palavras do ritual: "Entra, Marcos! Entra, Marcos!" O bezerro entra na Igreja seguindo pelo estreito caminho que o povo lhe forma. Normalmente, é um bezerro novo e pacífico que se limita apenas a cheirar o andor do Santo sem distúrbios de maior importância. Tem, porém, acontecido que algumas vezes o bezerro era de tão possante bravura, que transformava a Igreja numa verdadeira praça. No curto espaço que ficava sem gente no adro da Igreja, saía o bezerro onde era leiloado, revertendo a verba conseguida para os festeiros, a fim de cobrirem as despesas dos três dias de duração da festa, que consistia em Feira e Romaria. O lavrador que comprasse no leilão o bezerro de S. Marcos, auferia enorme prestígio, comprando-o muitas vezes o mesmo que o oferecia».
Esta cerimónia tem a sua origem no culto pagão do Touro, festa agrícola que o povo celebrava no começo do seu ano solar pelo signo zodiacal do Touro. A esta festa deu mais tarde a Igreja Católica uma adaptação alegórica ao Evangelho S. Marcos, cujo nome parece ser tomado de cavalgada ou marcha do touro. A festa coincidia com o tempo da Páscoa, da floração e da Primavera, em que as forças de rejuvenescimento, de virilidade (de que o touro é disso símbolo supremo), da Natureza, se encontram no auge do seu desenvolvimento. No livro sobre a génese da comédia «Os Velhos» de D. João da Câmara, Manuel Subtil refere que «... Como o S.Marcos é o advogado dos produtores de gado, estes, no cumprimento das suas promessas por o gado lhes não morrer ou por não terem sido atacados de moléstias, ofereciam o bezerro no dia da festa, em graças a S. Marcos...» O Pe. Jorge Cardoso, no Agiologio Lusitano, dá, porém, a entender que esta cerimónia da entrada do touro na Igreja teve princípio de uma notável vitória que, no ano de 1385, os portugueses tiveram sobre os castelhanos, nos campos da vila de Trancoso, em dia de S. Marcos (25 de Abril).
Actualmente, esta festa já não tem a grandiosidade que tinha antigamente, no entanto, continua a ser celebrada com a tradicional procissão evocando a imagem de S. Marcos.
Para além das festas em honra de S. Marcos, são igualmente celebradas outras festas apesar de serem somente de carácter religioso. É o caso da festa do Santo António, no dia 13 de Junho que se realiza desde sempre, segundo memórias das pessoas mais antigas desta freguesia.
No dia 2 de Fevereiro também é usual celebrar-se missa seguida de procissão em honra de Nossa Senhora das Candeias (ou dos Remédios), também designada por Festa dos Comerciantes pois era organizada por comerciantes da freguesia. O S. Miguel era também festejado nos fins de Setembro, altura em que eram feitas as colheitas. Esta festa era designada por Festa dos Ofícios, sendo realizadas missa e procissão com a imagem de S. Miguel, encerrando assim as festas de Verão. Esta festa já não se realiza há alguns anos.
Cortesia da Câmara Municipal de Marvão.JDACT
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