Cortesia de Tese de Mestrado
Conceito de Biografia
«(…) A
biografia é um subgénero da narrativa que constitui a representação, em forma
de descrição, da vida de uma determinada personalidade. Os objectivos da
pesquisa biográfica incidem sobre os percursos dos biografados. Esta forma
textual é importante para o conhecimento histórico e para os historiadores. No Dicionário de Narratologia,
Carlos Reis apresenta o termo biografia da seguinte forma: Como o termo indica
e uma vasta tradição cultural tem evidenciado, a biografia constitui a
representação, muitas vezes em forma de relato, da vida de uma determinada
personalidade, no desenrolar da sua existência, no seu crescimento e maturação,
nos eventos que lhe deram peculiaridade e mesmo nos incidentes que conduziram
ao desaparecimento dessa personalidade. (Reis e Lopes, 1990).
A génese
da biografia é coexistente com o género histórico na Grécia do século V A.C.,
com Plutarco, estudioso grego, que exerceu grande influência sobre o ensaio e a
biografia na literatura Ocidental. O autor esclareceu as suas motivações para
apresentar as vidas dos grandes homens da Antiguidade. Para Ana Maria Guedes
Ferreira, da Universidade do Porto: Se dedicarmos algumas linhas à apresentação
do ponto de vista de um historiador de renome, foi precisamente porque
Plutarco, que pode ser considerado o pai da biografia (embora vários outros
autores tenham trabalhado este género antes), não se assume como tal. (Ferreira,
2004). Finalmente, segundo o E-Dicionário
de Termos literários, o termo biografia tem a seguinte definição: Termo
etimologicamente composto por bio-(indicativo da ideia de vida, com origem no
grego bíos) e grafia (de grafo [+sufixo-ia] elemento de composição culta, que
traduz as ideias de escrever e descrever, com origem no grego grápho-, escrever).
O género biografia é um ramo da literatura que se dedica à descrição ou
narração da vida de alguém que se notabilizou de alguma forma. (Rosado, 2009).
Conceito de Romance Histórico
Este
subgénero caracteriza-se como instrumento narrativo, em que o passado é
elemento referencial, sendo a ficcionalidade o ponto de partida para a
construção do mundo presente no Romance Histórico, um mundo ficcional,
verosímil, onde os elementos realistas produzem o efeito do real. Puga considera
o Romance como género e a História como fenómeno capaz de ser textualmente
reproduzido. (Puga, 2006). O romance histórico retrata os pontos de contacto e
as diferenças entre História e Literatura, sendo reconhecido como uma tipologia
de carácter híbrido. Ana Maria Santos Marques, na sua tese de Mestrado, O Anacronismo no Romance Histórico Português
Oitocentista, no capítulo II, intitulado O Romance Histórico:
contributo para uma definição, está também de acordo com o carácter híbrido do género,
salientando: A definição tradicional do romance histórico sublinha o carácter
híbrido do género, que associa romance e história na mesma composição. (Marques:
2012) A origem deste género literário terá sido no início do século XIX e teve
como expoente máximo Walter Scott, escritor britânico (1771-1832), coincidindo
com a queda de Napoleão, com as publicações Waverley em 1814 e Ivanhoe em 1819. Em Portugal, quem introduziu o
romance histórico foi Alexandre Herculano, o primeiro autor português a
cultivar uma forma de romance histórico, que tinha Walter Scott como modelo, e
que revolucionou a historiografia portuguesa. Herculano viu no romance
histórico a oportunidade de expressar os valores de patriotismo assentes nos
exemplos da fundação do país para elevar a moral, a ética e a fraternidade. Eurico, O Presbítero foi
um dos veículos para todas estas preocupações. Segundo Ana Marques: Na primeira
nota de Eurico, O Presbítero,
texto importante para a legitimação do género que introduz em Portugal,
Herculano preocupa-se em definir a época e o assunto mais adequados ao romance
histórico, tendo sempre em vista o modelo consagrado de Walter Scott. (Marques:
2012)». In Isabel Maria M. Costa, Isabel de Aragão, Rainha Santa, No Período
medieval e na actualidade, uma visão comparatista entre textos literárioa e
historiográficos, Dissertação Mestrado em Estudos Portugueses,
Multidisciplinares, www.uab.pt, 2019.
Cortesia de Mestre Isabel Maria Marques Costa
JDACT, Isabel Maria M. Costa, Literatura, Caso de Estudo, História,