O Bem Universal
«O Bem Universal é o bem que é comum
a todos, para todos. O bem que é considerado absolutamente bom por toda a Humanidade,
é também o bem que nos é natural à nascença, empírico, aquele do qual nascemos impregnados
na pureza do estado imaculado, o Bem Universal não só é o bem que devemos à Humanidade
como é o bem que nos é devido por ela, o Bem Universal é o bem irrefutável em estado
absoluto e completo. Quando nascemos, nascemos bons e assim permanecemos, puros
enquanto não somos mal influenciados ou contaminados por um mundo exterior
potencialmente corrupto. O que acabou de nascer não conhece nem o mal nem a maldade,
mas parece desde logo conhecer o bem e o amor pelos seus.
O bem, a força do seu impulso, surge
no Humano como algo de natural, espontâneo, muito mais forte do que o impulso
negativo do mal. Salvo raras excepções, especialmente aquelas em que as pessoas
sofrem de patologias do foro psicológico. Todos os Humanos iniciam as suas vidas
iguais entre si, como folhas em branco onde ainda nada foi escrito. A vida é estar
vivo e sempre uma excelente oportunidade para se ser bom. O Bem Universal faz parte
do senso comum, está embutido nele, se atentos notaremos que a grande maioria das
crianças, sobretudo os mais novos, os menos tocados pelo mundo, não raras vezes
são também os mais puros, naturalmente bons e inocentes, não conhecem ainda a maldade
e existe neles uma inclinação natural para o bem. O Bem Universal é empírico e
até naqueles que praticam o mal o Bem Universal está presente, gravado no fundo
de todas as consciências, escrito no nosso ADN. Demasiadas vezes escolhemos fazer
vista grossa e olhar para o lado, ignorando-o como se não estivesse lá,
rejeitando-o conscientemente e por livre-arbítrio. A capacidade de distinguir o
bem do mal é natural na maioria das pessoas, o problema é que muitos, apesar de
saberem o que é o mal, escolhem praticá-lo, gravando, guardando, acumulando
dentro de si e repercutindo nos outros cada má acção.
Optar por um mal e pelo mal é uma
escolha que, quando consciente, se faz com mediocridade, seja por que motivo for.
A acção boa ou má é sempre produto de uma decisão que se tomou. A responsabilidade
da acção individual é sempre de cada um, nunca de Deus ou de outros, com excepção
daqueles que são obrigados às más acções por coacção, obrigação, chantagem ou
falta de outra alternativa. Será sempre possível a todos, por decisão própria, recusarem-se
a fazer ou a praticar o mal mesmo na pior das circunstâncias e sob o risco das
penas mais duras e injustas. O Humano é capaz do melhor e do pior sendo que o pior
é de cariz absolutamente demoníaco e perverso. Parece existir uma ideia de justiça
divina, superior, metafísica e transcendente, presente em quase todas as
crenças, que quase sempre diz que aqueles que exercem o mal e a violência sobre
outros conhecerão a justiça de Deus, dos Deuses ou do Divino, nesta vida ou na próxima,
outros há que a essa justiça dão o nome de Karma e há ainda os que falam
em ironia do destino. Uma coisa sabemos com toda a certeza, é que nas entre linhas,
tanto a história das nossas vidas como da Humanidade está cheia de pequenas e grandes
ironias». In Ricardo Salgueiro Roque, Manifesto Universal, Sítio dos Livros,
2021, ISBN 978-989-902-820-3.
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